Estados Unidos - LBI-QI - Com a
restauração capitalista da URSS e o fim da chamada "Guerra Fria", a
partir da queda do Muro de Berlim, ou seja, o desaparecimento do Pacto de
Varsóvia que fazia um contraponto político e militar ao imperialismo ianque,
ganhou força uma campanha ideológica movida por intelectuais a soldo das
potências ocidentais e da grande mídia burguesa, afirmando que o mundo de forma
homogênea caminhava para a "democracia" - entenda-se um regime de
aparente liberdade civil tendo por base a economia de mercado.
A pequena-burguesia acomodada foi
vanguarda em "incorporar" esses valores em nome da sua
"liberdade individual", enquanto o proletariado, carente de
referência programática e ideológica comunista, foi arrastado para tal
armadilha ao mesmo tempo em que era atacado em suas mais elementares conquistas
sociais. Passados quase 25 anos do fim da chamada "cortina de ferro",
uma referência aos Estados operários do Leste Europeu, vemos que o imperialismo
ianque incrementou seu controle político, militar e ideológico sobre o planeta.
Neste marco, não causou qualquer surpresa os recentes "escândalos"
sobre o monitoramento em massa da vida dos cidadãos estadunidenses pelos órgãos
de vigilância internos.
Veio à tona o que já se sabia: o Estado burguês nos EUA,
que assume o papel de polícia planetária, é uma verdadeira máquina de guerra
para manter sua dominação sobre os povos e nações oprimidas, enquanto vigia
seus próprios cidadãos para que nada "saia do controle" em casa. A
classe média, fã do Facebook, uma ferramenta de monitoramento controlada pela
CIA, crente na falsa "liberdade de expressão" na internet e na
comunicação via celular, é que se "chocou" com as informações que
vieram a público com as denúncias de Edward Snowden, antigo membro da Agência
Central de Inteligência dos Estados Unidos e atual funcionário de uma empresa
subcontratada pela Agência de Segurança Nacional ianque (NSA). Tais
"vazamentos", que deixam o governo Obama fragilizado frente a sua
base social "progressista" no interior dos EUA enquanto o desmoralizam
diante da direita que o acusa de incompetente em zelar pela "segurança
nacional", pavimentam o caminho para a transição da atual gestão democrata
fragilizada para um futuro mandato republicano de corte fascistizante a ser
comandado pelo Tea Party.
O vazamento de documentos sobre a
espionagem feita pelo governo Obama por meio do programa PRISM revelou detalhes
do consórcio existente entre as agências de informação ianque (CIA, NSA...) com
as operadoras de telefonia e empresas de tecnologia como a Verizon, a Apple, o
Yahoo, o Google e o Facebook, que fornecem dados tidos como sigilosos sobre
seus usuários. Na verdade, a questão é bem mais profunda. Essas empresas
imperialistas utilizam a tecnologia militar que o Pentágono disponibiliza para
seus "sócios" comerciais e para Israel, responsáveis por monitorar o
planeta inteiro.
Tanto que o programa foi iniciado em 2007, ainda na
administração de George W. Bush e incrementado pelo governo Obama, demonstrando
que esta é uma política de Estado do imperialismo ianque. Segundo o próprio
governo dos EUA, o PRISM é responsável por filtrar comunicações e dados
"sensíveis ou perigosos" transmitidos por servidores localizados no
país. Mas, como a maioria das empresas de tecnologia e de Internet está baseada
em território norte-americano (já sob o controle da CIA e outras agências), o
alcance do PRISM é muito maior. Segundo matéria do jornal Washington Post, um
em cada sete relatórios da inteligência dos EUA é elaborado com dados obtidos
pelo PRISM. Ainda segundo o jornal, 98% dos dados do PRISM provêm de Yahoo,
Google e Microsoft. Os dados obtidos nos servidores das empresas de tecnologia
eram retrabalhados pela Unidade de Interceptação de Dados do FBI e, então,
reenviados para a NSA. Conversas via Skype usando um telefone convencional, mas
também áudios, vídeos e chats feitos no programa de telefonia recém-adquirido
pela Microsoft também eram colhidos.
Já o Google entregava os e-mails, chats,
documentos armazenados no Google Drive e até mesmo as buscas feitas em tempo
real. Em suma, o governo ianque tem acesso a quase toda atividade online dos
usuários das grandes empresas de tecnologia. Cinicamente, o Facebook diz nunca
ter ouvido falar da iniciativa do governo em coletar dados pessoais dos
cidadãos. Pela legislação ianque, não há nada de ilegal na execução do PRISM.
Após os ataques de 11 de
setembro, ainda no primeiro mandato de George W. Bush, foi promulgado o Patriot
Act. Assinado por Bush em 26 de outubro de 2001. O dispositivo permite a
invasão de lares, espionagem, interrogatórios e torturas de cidadãos em caso de
ameaça real ou hipotética de terrorismo contra os Estados Unidos. A legislação
foi renovada por Obama em dezembro de 2012. Agora, esse modelo irá se
aprofundar com a chegada em 2016 de uma possível gestão do Tea Party na Casa
Branca. O governo do "Partido Democrata", após a reeleição, atravessa
seu pior momento político, acossado pelo reacionário Tea Party que o acusa de
ter sido negligente no ataque da embaixada da Líbia e de incompetente em
manipular dados de "segurança nacional". Na verdade, o "sinal
verde" dado por Obama para a CIA, NSA e o FBI realizarem os monitoramentos
em massa são a aceitação das reivindicações da extrema-direita Republicana, que
exige uma mudança mais profunda no próprio regime institucional
norte-americano. Obama deve sua reeleição ao fato ter sabido conduzir a suposta
"revolução árabe" na direção da derrubada dos governos nacionalistas
burgueses adversários dos interesses ianques na região, mas agora se encontra empantanado
na guerra civil na Síria e com a falta de perspectiva militar e política na
preparação da invasão ao Irã.
Estamos vendo a volta com força
do neonazismo ianque em escala interna e planetária. Para se opor à essa
escalada arquirreacionária deve-se ter claro que ela é uma expressão da dura
etapa de contrarrevolução e profunda ofensiva imperialista em curso, onde ao
lado dos mortos de massacres internos estão os cadáveres de mais de 200 mil
líbios trucidados pelos bombardeios da OTAN ou as vítimas dos mercenários
"rebeldes" na Síria, ao melhor estilo dos jogos de guerra vendidos às
crianças estadunidenses. Somente a ação revolucionária do proletariado mundial
poderá reverter estas tendências nefastas, se valendo da luta pela liquidação
do modo de produção capitalista e tendo como estratégia a imposição de seu
próprio projeto de poder socialista. Os marxistas revolucionários devem
compreender com muita clareza que a completa supressão das liberdades
democráticas no país mais poderoso do planeta não é uma questão menor. O
proletariado norte-americano pela sua importância política mundial deve estar
bastante atento a esta nova conjuntura nacional pré-contrarrevolucionária que
se abriu com o 11 de setembro na gestão Bush e que, todavia, ainda não foi
encerrada com os Democratas no comando estatal. A burguesia ianque acionou a
"válvula de escape" com Obama logo após o crash financeiro de 2008 e
agora prepara a nova transição para uma ofensiva imperial ainda mais agressiva
e violenta contra o seu próprio povo e a classe operária mundial!
Fonte: site: -
LBI-QI e Diario Liberdade
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