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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

“ A afirmação que vai além das provas é mais do que um erro: é um crime.” Thomas Huxley.


A  Ação Penal 470, processo  que investiga o “ mensalão”, caminha para os seus derradeiros embates, ao menos nesta fase.

A coincidência com as eleições municipais   e os insistentes manifestos  da “grande” Imprensa  no sentido de  tentar pautar agendas diversas e  distante de suas prerrogativas, não há como negar tal fenômeno, é axiomática.  Isto poderá   estar  contribuindo  para a  criação de precedentes gravíssimos   que tentem estabelecer e sugerir, por conseguinte,  interpretações  preocupantes que aludem  a preservação do livre estado de direito e coloca em   risco as liberdades democráticas e individuais.

 Neste episódio está  em foco os chamados  direitos fundamentais da pessoa humana, cujas expectativas futuras  sugerem preocupações após a proclamação das sentenças que foram pronunciadas  e outras que  estão por vir.

Recentemente em resposta a questionamentos feitos pela imprensa  José Genoíno e José  Dirceu foram  bastante claros. “Vou passar cada dia, cada hora, cada minuto da minha vida provando minha inocência. (…) Enquanto eu tiver vida e voz, vou lutar”, disse Genoíno ao se referir ao julgamento do STF.

José Dirceu, em nota, foi bastante claro ao se referir a condenação com base, e isso é público,  em indícios e sem provas.

 Segundo ele, tanto o MPF  quanto o STF usaram sua atribuição no governo -então chefe da Casa Civil- para ligá-lo ao suposto esquema.      “Fui condenado por ser ministro”, aponta.

“O que está em jogo são as liberdades e garantias individuais. Temo que as premissas usadas neste julgamento, criando uma nova jurisprudência na Suprema Corte brasileira, sirvam de norte para a condenação de outros réus inocentes país afora”, observa mais uma vez  demonstrando  clareza e segurança diante  dos fatos.

José Dirceu    sabe que enfrentará uma batalha difícil  que exigirá, dele,  mais um trabalho de Hércules, senão que se faça preciso uma fé robusta , grandiosa em si mesmo, para fazer frente ao sarcasmo. E ele, pela sua história, sempre foi um homem de fé: não, por certo, dessa fé  que vai de encontro aos fatos  ( aquela que letargia e anestesia grande parte da humanidade  )  mas daquela que busca a verdade sem medir as consequências.

Aqui, as palavras  austeras  de Huxley, nos dão a medida correta  do que está em jogo. “ A afirmação que vai além das provas é mais do que um erro: é um crime.”      Vamos a íntegra de sua nota.

Nunca fiz parte nem chefiei quadrilha

Mais uma vez, a decisão da maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal em me condenar, agora por formação de quadrilha, mostra total desconsideração às provas contidas nos autos e que atestam minha inocência. Nunca fiz parte nem chefiei quadrilha.



Assim como ocorreu há duas semanas, repete-se a condenação com base em indícios, uma vez que apenas o corréu Roberto Jefferson sustenta a acusação contra mim em juízo. Todas as suspeitas lançadas à época da CPI dos Correios foram rebatidas de maneira robusta pela defesa, que fez registrar no processo centenas de depoimentos que desmentem as ilações de Jefferson.

Como mostra minha defesa, as reuniões na Casa Civil com representantes de bancos e empresários são compatíveis com a função de ministro e em momento algum, como atestam os testemunhos, foram o fórum para discutir empréstimos. Todos os depoimentos confirmam a legalidade dos encontros e também são uníssonos em comprovar que, até fevereiro de 2004, eu acumulava a função de ministro da articulação política. Portanto, por dever do ofício, me reunia com as lideranças parlamentares e partidárias para discutir exclusivamente temas de importância do governo tanto na Câmara quanto no Senado, além da relação com os estados e municípios.

Sem provas, o que o Ministério Público fez e a maioria do Supremo acatou foi recorrer às atribuições do cargo para me acusar e me condenar como mentor do esquema financeiro. Fui condenado por ser ministro.

Fica provado ainda que nunca tive qualquer relação com o senhor Marcos Valério. As quebras de meus sigilos fiscal, bancário e telefônico apontam que não há qualquer relação com o publicitário.

Teorias e decisões que se curvam à sede por condenações, sem garantir a presunção da inocência ou a análise mais rigorosa das provas produzidas pela defesa, violam o Estado Democrático de Direito.

O que está em jogo são as liberdades e garantias individuais. Temo que as premissas usadas neste julgamento, criando uma nova jurisprudência na Suprema Corte brasileira, sirvam de norte para a condenação de outros réus inocentes país afora. A minha geração, que lutou pela democracia e foi vítima dos tribunais de exceção, especialmente após o Ato Institucional número 5, sabe o valor da luta travada para se erguer os pilares da nossa atual democracia. Condenar sem provas não cabe em uma democracia soberana.

Vou continuar minha luta para provar minha inocência, mas sobretudo para assegurar que garantias tão valiosas ao Estado Democrático de Direito não se percam em nosso país. Os autos falam por si mesmo. Qualquer consulta às suas milhares de páginas, hoje ou amanhã, irá comprovar a inocência que me foi negada neste julgamento.

São Paulo, 22 de outubro de 2012
José Dirceu



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