A entrevista que segue abaixo com André Sarmento, realizada
pela Causa Operária, denota o grau de truculência do governador tucano Geraldo
Alckmin o grande responsável pelos atos de violência típicas do nazifascismo-
ideologia maldita e anti-democrática- que norteou as ações de muitos ditadores
pelo mundo e que tem, e isto é certo, delineado vários atos e medidas do governador tucano
O conluio entre os invasores- Polícia, mídia, jornais e governo tucano-
ficou assaz nítida a medida que os acontecimentos eram narrados pelo PIG e seus colaboradores e difusores mais assíduos, através daquela medonha e vergonhosa perspectiva única. Realmente foi algo extremamente hediondo a
violência desferida pelos policiais com uma arsenal que lembrou uma verdadeira guerra. Mais uma mancha no já famigerado ,
deletério, e anti-democrático governo do
PSDB paulista.
Todo o nosso apoio aos jovens que lutam por um mundo melhor. Não abandonem essa bandeira,. Façam como a juventude estudantil chilena: gritem, lutem, lutem (... ) e avancem! O Brasil precisa de vocês!
Todo o nosso apoio aos jovens que lutam por um mundo melhor. Não abandonem essa bandeira,. Façam como a juventude estudantil chilena: gritem, lutem, lutem (... ) e avancem! O Brasil precisa de vocês!
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PCO - André Sarmento é militante da AJR e do PCO e
acompanhou todo o processo de luta na USP, desde o confronto entre os
estudantes e a polícia no dia 27 de outubro até a ocupação do prédio da FFLCH
(Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da USP) e da reitoria da
universidade.
Estava no prédio da reitoria quando este foi invadido pela
polícia que, a mando do governo do Estado e da reitoria da USP, reprimiu o
movimento de luta dos estudantes
Causa Operária: Como foi a ação da polícia para desocupar a
reitoria?
André Sarmento: A ação da reitoria foi completamente
desproporcional em relação à ação do movimento estudantil. A ação contou com
cerca de 400 policiais e por isso a reitoria foi cercada e completamente
sitiada. Havia no local batalhões da Cavalaria, GATE, Tropa de Choque, entre
outros. Foi uma verdadeira operação de guerra contra os estudantes.
Eles chegaram por volta das 5 horas da manhã e todos os
policiais, sem exceção, estavam sem identificação. Só conseguimos identificar
de qual grupo os policiais eram pelas suas fardas. E, ao contrário do que diz a
imprensa capitalista, estavam armados com armas letais. Avistei soldados com
submetralhadoras, revolveres e pistolas calibre 12. Sem falar nos escudos,
bombas de gás lacrimogênio, balas de borracha etc.
Naquele momento, a reitoria estava sem luz, pois havia sido
cortada há alguns dias por decisão da burocracia universitária.
Nós fomos surpreendidos, pois a maioria estava dormindo no
momento da desocupação. Acordamos com o barulho da PM que batia o cassetete
contra os escudos para fazer terrorismo. Parecia cena de filme de terror quando
se escuta os tambores ao ser levado para a forca.
Quando perceberam do que se tratava, os companheiros
começaram a acordar uns aos outros.
Algumas pessoas que estavam na portaria da reitoria fazendo
guarda foram detidas e sequer conseguiram avisar os que estavam dentro do
prédio da chegada da polícia.
A ação foi muito violenta. Nós conseguimos sair do prédio
por uma rota de fuga, mas havia tantos policiais que fomos surpreendidos do
lado de fora. Através da violência, eles juntaram todos em um canto e fomos
colocados de costas para eles, sem poder olhar para os lados e nem conversar
entre nós.
Durante todo o tempo ficavam com os cassetetes e escudos nas
nossas costas para intimidar.
Nos levaram novamente para dentro da reitoria. E lá dentro,
com todos já rendidos, a repressão continuou. Nos obrigaram a sentar em cacos
de vidro, pois eles quebraram muitos vidros para entrar no local. Fomos todos
revistados e o tempo todo os policiais se dirigiram a nós fazendo ameaças.
O mais aterrorizante foi quando eles separaram os homens das
mulheres. Elas foram trancadas em um cômodo e cercadas pelos policiais. Ouvíamos
gritos desesperados daquelas companheiras.
Neste instante, alguns estudantes homens se dirigiram aos
policiais perguntando quem eram os responsáveis pela operação, no entanto, eles
não apenas não responderam como tentaram nos intimidar mais uma vez. Diziam
coisas como: "Cala a boca, você não sabe que as mulheres são
histéricas?"; "Aqui quem manda é a gente". E outros insultos e
ameaças.
Alguns companheiros chegaram a ser algemados. Outro colega
foi jogado no chão e teve outro que após um golpe de um policial teve o
supercílio cortado.
Para impedir que registrássemos estas cenas e que pudéssemos
manter contato com pessoas de fora mandaram que todos desligassem os celulares.
Fora isso, confiscaram o material de alguns estudantes que
conseguiram filmar a ação da PM ou tiveram que apagar os registros.
Uma ação típica da ditadura militar.
Além disso, a polícia quebrou muitas coisas para incriminar
o movimento estudantil. Inclusive, locais que ficaram fechados e inacessíveis
para os estudantes durante a ocupação foram arrombados pelos policiais.
Causa Operária: Como os estudantes reagiram à invasão
policial?
André Sarmento: Como a maior parte foi pega de surpresa não
conseguíimos ter nenhuma grande reação. Seria uma luta desproporcional. Seriam
pouco mais de 70 pessoas contra centenas armados até os dentes. Alguns
companheiros conseguiram fugir.
Nossa principal atitude foi nos agruparmos para impedir que
não ocorresse algo como alguém isolado ser vítima de uma violência policial
ainda maior.
A gente se agrupar para evitar uma ação mais violenta por
parte da polícia foi uma atitude espontânea.
Causa Operária: A imprensa capitalista fez uma ampla
campanha atacando a ocupação, alegando que os estudantes depredaram a reitoria,
no entanto, as imagens das próprias emissoras mostram que a polícia entrou no
prédio quebrando diversas coisas. Você presenciou isto?
André Sarmento: Presenciei isso, sim. Vi cenas deste tipo
quando estava dentro do prédio da reitoria. E quando estávamos lá fora dava
para escutar o som de portas sendo quebradas.
Presenciei portas sendo quebradas, arrombadas; vidros sendo
quebrados.
Inclusive, esta cena que a polícia está mostrando de
cadeiras viradas e outros móveis quebrados foi resultado da sua própria ação.
A única coisa que fizemos dentro da reitoria foi pintar as
paredes com palavras de ordem, algo que pode até ser considerado uma
intervenção artística. Pintamos dizeres contra a PM, contra a privatização da
USP, contra a repressão etc.
Causa Operária: Estudantes denunciaram que mesmo pessoas que
não participavam da ocupação foram detidas e que o CRUSP (Conjunto Residencial
da USP) foi cercado pela PM. O que você sabe a respeito?
André Sarmento: Quando estávamos dentro da reitoria sendo
presos pela polícia fui surpreendido com a presença de companheiros que eu
sabia que não estavam dormindo na reitoria naquela noite. Foi o caso do
companheiro Rafael, morador do CRUSP. Ele era membro da comissão de negociação
com a reitoria e se apresentou para servir de intermediador entre os estudantes
e a PM. No entanto, acabou preso.
Estas denúncias são verdadeiras e podemos ver que isso foi
feito de caso pensado. Pessoas que se aproximaram da ocupação, a maioria delas
para protestar contra a violência policial, foram presas.
Teve uma companheira que foi presa e não estava participando
da ocupação. Ela foi arrastada para dentro da reitoria e acho que de todos nós
ela foi a mais torturada.
Teve outro rapaz que estava do lado de fora e também foi
preso. Ele estava filmando a ação da polícia e foi reprimido por isso.
A ação não foi apenas contra os ocupantes, mas contra todos
os estudantes. Fizeram isso para impedir a reação por parte dos estudantes
contra a invasão.
Existia uma forte tendência dos estudantes do CRUSP a descer
para protestar. Para impedir, a polícia jogou bomba de gás lacrimogêneo contra
as pessoas e prendeu quem estava participando de forma mais ativa da
mobilização, mesmo não estando dentro do prédio da reitoria naquela noite.
Causa Operária: Depois de detidos os estudantes continuaram
a ser ameaçados?
André Sarmento: Sim. Esta companheira que citei
anteriormente estava questionando a ação da polícia e foi trazida para dentro
da reitoria por isso. Eu vi ela sendo jogada no chão e amordaçada. Colocaram um
pano na boca dela para força-la a parar de gritar, assim como faziam durante a
ditadura militar.
Isso causou uma comoção em todos nós e acabou unificando
todos para que nos mantivéssemos firmes durante a ação da polícia.
Outro companheiro foi algemado por não aceitar o tratamento
dado pela PM.
A todo momento os policiais falavam que não existia Lei,
pois a Lei eram eles e que não adiantaria a gente reclamar. Ficavam nos
agredindo com cassetete o tempo todo.
No trajeto para a delegacia eles falavam que a polícia
deveria entrar no campus mesmo e que eles gostariam de agir na USP como eles
fazem em Paraisópolis.
As ameaças psicológicas eram deste tipo.
Causa Operária: Os estudantes presos fizeram várias
denúncias sobre a ação policial. O que você ouviu enquanto estava com eles na
delegacia?
André Sarmento: Tomei conhecimento de uma companheira que
foi presa grávida e que foi submetida a esta situação.
Foi negada assistência médica a um companheiro que teve o
supercílio cortado por um golpe dado por um policial. Na delegacia, ele pediu
para ir no médico e a escrivã disse para ele o seguinte: "O mais próximo
que temos daqui é o IML (Instituto Médico Legal) e você não está morto. Pelo
menos por enquanto."
Causa Operária: Quanto tempo vocês ficaram detidos? O que
aconteceu na Delegacia e por que demoraram para liberar os estudantes?
André Sarmento: Nós ficamos detidos por quase 24 horas.
Fomos presos a 5 horas da manhã e saíamos depois das 4 horas da manhã do dia
seguinte.
Não recebíamos informações na delegacia. As pessoas que
deveriam nos informar se negavam a falar. Ainda por cima nos intimidavam.
Repetiam o tempo todo que não existia Lei, que se não nos
"comportássemos" seriamos agredidos.
Em boa parte do tempo, nossa cela foi o ônibus. Ficamos sem
água e comida por horas. Nos negaram até o direito de nos comunicarmos com as
pessoas de fora pelo celular e os jornalistas não podiam chegar perto do local.
Em um primeiro momento, fomos informados que assinaríamos
apenas um termo circunstancial e que depois seríamos liberados. Mas isso mudou
e nos dividiram em grupos de cinco pessoas para poder nos isolar e impedir que
tomássemos ciência do que ocorria.
Só ficamos sabendo que seríamos processados por danos ao
patrimônio público e desacato à ordem judicial quando um escrivão, sem querer,
deixou escapar a informação. Chegaram a nos enquadrar nos crimes de formação de
quadrilha e crime ambiental.
Sobre isso aconteceu algo importante. Os próprios
funcionários da delegacia, e até mesmo um delegado, começaram a afirmar que a
ordem para nos processar por este motivo vinha "de cima", ou seja, do
governo do estado.
O que é mais absurdo é que tentaram alegar que nós fomos
pegos em flagrante. Como, se estávamos dormindo? Seria a primeira vez que mais
de setenta pessoas são pegas em flagrante dormindo.
Durante os depoimentos, fomos instigados a produzir provas
contra nós mesmos. Por isso, todos os 73 presos políticos falaram que
responderiam apenas em juízo. O tratamento dado aos estudantes foi algo
inadmissível.
Além disso, as perguntas eram feitas para nos incriminar.
Por exemplo, nos questionaram sobre coquetéis molotovs que supostamente teriam
sido achados na reitoria. Eu estive na ocupação e vi que não havia nada disso
lá. Nos perguntaram por que a gente tinha feito aquilo. Se agimos sobre
influência de entorpecentes, se já tínhamos participado de outros movimentos
etc.
Demorou muito porque fizeram um esquema para tentar ao
máximo incriminar os estudantes e, através destas artimanhas, produzir provas.
O interessante é que em diversos momentos nós fazíamos
reuniões no ônibus e discutíamos a situação.
Em uma destas discussões produzimos uma nota política
intitulada de "Nota dos 73 presos políticos da USP" que denunciava
esta situação. Depois desta nota o tratamento da polícia dado a nós foi
modificado. Passamos a receber informações e ter contato com a imprensa.
Gostaria de salientar que não foi encontrado drogas na
ocupação, o que mostra o grau de mentiras da imprensa capitalista.
Causa Operária: O que dizia esta nota?
André Sarmento: Em primeiro lugar, dizia que estava sendo
realizada uma prisão arbitrária.
Em segundo lugar, que aquele fato fazia parte de um processo
de repressão geral dentro da universidade e que era resultado da luta contra a
privatização.
Denunciava toda a situação a que os estudantes foram
submetidos e fazia um chamado a todos para lutarem contra a PM, Rodas e o
processo de privatização da USP. Deixando claro que aqueles 73 estudantes e
trabalhadores que estavam presos faziam parte de um movimento que lutaria até
as últimas consequências por estas questões.
fonte: Diario Liberdade.
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