Modelão dos golpes da “CIA”, da Guerra Fria, de volta à cena
por Wayne Madsen, Strategic C
Traduzido pelo pessoal da Vila
Vudu
A maior quantidade de entusiastas
do status quo pode ser encontrada na sede da Agência Central de Inteligência
dos EUA [tão secreta que o nome jamais é traduzido], a conhecida CIA, em
Langley, Virginia. Com muitas nações em todo o mundo tentando livrar-se das
garras políticas, militares e financeiras de Washington, a CIA está voltando a
recorrer ao velho manual, para lidar com governo recalcitrantes.
Depois de ter ajudado a fomentar
uma rebelião na Ucrânia, contra o governo democraticamente eleito do presidente
Viktor Yanukovych, o aparelho de propaganda de Washington – centralizado na
organização National Endowment for Democracy (NED), na Agency for International
Development (USAID) e no Instituto Sociedade Aberta [Open Society, OSI] de
George Soros – está focado na Venezuela.
A Venezuela identificou três
funcionários da embaixada dos EUA em Caracas, que estavam em contato com
manifestantes da oposição e ajudando a planejar tumultos antigoverno por todo o
país. Os três “funcionários consulares” dos EUA – Breann Marie McCusker,
Jeffrey Gordon Elsen e Kristopher Lee Clark – foram expulsos do país, pelo
governo da Venezuela. Em outubro passado, o país expulsou outros três
diplomatas dos EUA − chargés d’affaires Kelly Keiderling, David Moo e Elizabeth
Hoffman – também por estarem ajudando a promover agitação interna no país. Os
seis supostos diplomatas trabalhavam em atividades frequentemente associadas
aos agentes da CIA, como “serviço clandestino oficial”.
Diplomatas dos EUA expulsos da
Venezuela em 30/9/2013 por promoverem
baderna
Exatamente como no caso do
Embaixador dos EUA em Kiev, Geoffrey Pyatt, e da Secretária de Estado
assistente para Assuntos Europeus e notória visitante boca-suja Victoria
Nuland, que se encontraram com líderes da oposição ucraniana para ajudar a
planejar os protestos antigoverno, os diplomatas norte-americanos em Caracas
foram acusados de estar trabalhando ao lado do grupo de oposição reunido em
torno de Leopoldo Lopez, o agente de interesses de empresas norte-americanas
treinado em Harvard. O governo venezuelano descobriu que Lopez, como outro
líder da oposição venezuelana, Henrique Capriles Radonski, recebem apoio
financeiro clandestino da CIA, que lhes chega através de NED e USAID, para
planejar protestos e ações de sabotagem contra o governo eleito da Venezuela.
Já se conhecem os laços que unem
o partido Voluntad Popular de López e organizações associadas ao ex-presidente
da Colômbia, Alvaro Uribe, da direita pró-Israel, com pegadas óbvias da CIA e
de narcoterroristas; nesse caso, o dinheiro chega ao partido de Lopez por ONGs
colombianas mantidas por George Soros e Uribe, como a Fundación Centro de
Pensamiento Primero Colômbia[Fundação Centro de Pensamento Primeiro Colômbia] e
Fundación Internacionalismo Democrático [Fundação Internacionalismo
Democrático].
Edifício-sede da Embaixada dos
EUA em Caracas, Venezuela
A embaixada dos EUA em Caracas,
como no caso de Kiev e Moscou, sempre serviu como espaço virtual para
planejamento de protestos pela oposição financiada pelos EUA na Venezuela. A
única coisa que os cabeças da oposição ucraniana, Arseniy Yatsenyuk, Vitali
Klitschko e Oleh Tyahnybok; da oposição russa Alexei Navalny e Garry Kasparov;
e da oposição venezuelana Lopez, Capriles e Maria Corina Machado têm em comum é
passe livre para entrar nas embaixadas dos EUA em suas respectivas capitais
quando bem entendam, e sair, levando a maior quantidade de dinheiro que
consigam transportar.
Traço que une as campanhas de
desestabilização organizadas e promovidas pelaCIA na Ucrânia e na Venezuela é,
nos dois casos, a arregimentação de fascistas locais, para as forças
antigoverno. Na Venezuela, apoiadores reacionários de antigos regimes
oligárquicos fascistas são aliados espontâneos dos EUA; e na Ucrânia, os
fascistas reunidos em torno de Tyahnybok garantem a conexão continuada entre a
oposição ucraniana e EUA-Israel.
Um relatório da CIA recentemente
tornado público, datado de 4/4/1973, anotava que já durante o tempo da
República Socialista Soviética Ucraniana o Partido Comunista recomendava
“vigilância estrita sobre o nacionalismo e o sionismo na Ucrânia” –
apresentados como ameaças gêmeas já então, na Ucrânia. Como se vê hoje, pouca
coisa mudou na natureza e na orientação da oposição ucraniana.
Além de abastecer os cabeças da
oposição venezuelana com dólares, os EUA e seus banqueiros nunca cessaram de
atacar a economia e a moeda venezuelanas, usando a imprensa-empresa privada
para espalhar notícias falsas sobre “desabastecimento” e carência de produtos
básicos (itens sempre citados são papel higiênico, sal e açúcar) na Venezuela.
Esse é um velho truque da CIA, que sempre o usou contra o governo de Cuba e de
outras nações cujos governos opõem-se ao imperialismo norte-americano.
A mesma tática de usar a
imprensa-empresa privada para disseminar “notícias” sobre carência de produtos
está sendo usada pela CIA contra o governo da Primeira-Ministra Yingluck
Shinawatra apoiada pelos Camisas Vermelhas na Tailândia; lá o que estaria
faltando nas prateleiras seria arroz; e a carência estaria acontecendo por que
a Primeira-Ministra insiste em vender arroz à China.
A campanha conduzida pela CIA
contra Yingluck resultou em denúncias já formalizadas contra o
Primeiro-Ministro por uma das ONGs da “sociedade civil” típicas do modelo que
Soros promove, a Comissão Nacional Contra a Corrupção – criação dileta dos
monarquistas Camisas Amarelas e falsos “reformadores” constitucionais, como o
octogenário Amorn Chantarasomboon.
Exatamente como a CIA já fizera
antes, quando tentou golpe fracassado contra o presidente Hugo Chávez em abril
de 2002, a Agência e seus prepostos locais lançaram ataques de propaganda
contra a PDVSA – a empresa estatal venezuelana de petróleo – proprietária da
CITGO nos EUA. Os veículos de propaganda da CIA estão divulgando o meme de que
a PDVSA seria tão corrompida e moribunda, que a Venezuela já estaria sendo
forçada a importar gasolina dos EUA. É história absolutamente falsa, mas a
imprensa-empresa privada, inclusive os veículos e “fontes” que constituem a
rede global de propagandistas mantida por Soros, dedicam-se a repetir
incansavelmente sempre a mesma mentira, como se fosse fato.
A imprensa-empresa privada,
principalmente The Miami Herald, porta-voz das perversões e fantasias dos
oligarcas venezuelanos exilados no sul da Florida, exatamente como faz também
com os cubanos de direita e com os sionistas nacionalistas que vivem em
comunidades fechadas de leitores, também não se cansa de repetir que a Venezuela
está sofrendo massiva onda de crimes, porque o presidente Nicolás Maduro é
incapaz de prover segurança aos cidadãos. Esse é outro dos velhos truques da
CIA, sempre usado para minar governos estáveis em todo o mundo, Iraque,
Paquistão e Afeganistão, por exemplo: oferecer ajuda e meios a terroristas e ao
crime organizado locais, para que ataquem a população civil.
A CIA já usou esse mesmo jogo
para fazer sabotagem econômica contra o governo socialista do presidente
Salvador Allende no Chile. Na Venezuela, a CIAataca a indústria do petróleo. No
Chile, a CIA usou ataques contra a indústria do cobre, para sabotar a base da
economia chilena, antes de lançar o sangrento ataque do dia 11/9/1973, quando o
presidente Allende foi assassinado, e começou o massacre de seus apoiadores,
por esquadrões da morte treinados pelos EUA.
Outros países latino-americanos
estão atentos aos ataques clandestinos dos EUA contra a Venezuela. Os EUA
suspenderam formalmente a ajuda econômica que davam à Bolívia, depois que o
governo de Evo Morales expulsou do país os representantes da USAID, acusados de
fomentar a rebelião no país. O Presidente do Equador, Rafael Correa, anunciou
formalmente que seu país está-se retirando do Tratado Interamericano de Mútua
Assistência – fachada inventada pelo Pentágono para “legalizar” a implantação
de bases militares dos EUA em países latino-americanos.
Vista aérea do Complexo-sede da
CIA - Central Intelligence Agency em Langley, Virgínia
Mas, para a CIA, a difícil
situação que os EUA enfrentam na América Latina ainda pode ser revertida.
Derrubar o governo da Venezuela, por golpe da direita, é ação que, segundo a
Agência, pode conter e fazer reverter as tendências de esquerda em outros
países.
Memorando de Inteligência da CIA,
datado de 29/12/1975, intitulado “Relações Externas em mutação na América
Latina” [orig. Latin America’s Changing Foreign Relations], registra a
esperança de que o sangrento golpe contra Allende em 1973 tenha tido resultados
benéficos para os EUAI. Para a CIA, o fim do governo de Allende e de seu
“Terceiro Mundismo” ajudaria a pôr fim à “demagogia” do presidente Luis
Echeverria do México, e às políticas para o petróleo de líderes do Equador e
Venezuela na OPEP. A CIA errou, como sempre, em sua avaliação da América
Latina.
Não só o México, Equador e
Venezuela resistiram à pressão norte-americana (os dois últimos foram punidos
com a exclusão do Tratado de 1974 de redução de tarifas, sob a lei de Reforma
do Comércio dos EUA), mas o Chile votou na Assembleia Geral da ONU contra os
EUA e a favor de uma resolução que definiu o sionismo como racismo.
Dado que pressões sutis pela CIA
em meados dos anos 1970s não levaram ao resultado esperado na América Latina, a
CIA está agora recorrendo a velhos métodos bem testados, para calar seus
opositores na América Latina. Os assassinatos do panamenho Omar Torrijos e de
Jaime Roldos presidente do Equador – ambos conhecidos por suas políticas
anti-EUA, mostraram ao mundo que os EUA não pensam duas vezes ante nenhum tipo
de crime.
Hoje, o presidente Obama já
mostrou que nada mudou: Obama autoriza semanalmente os “assassinatos
premeditados” – operações clandestinas para eliminar pessoas (também civis) que
se oponham à dominação norte-americana.
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[*] Wayne Madsen é jornalista
investigativo, autor e colunista. Tem cerca de vinte anos de experiência em
questões de segurança. Como oficial da ativa projetou um dos primeiros
programas de segurança de computadores para a Marinha dos EUA. Tem sido
comentarista frequente da política de segurança nacional na Fox News e também
nas redes ABC, NBC, CBS, PBS, CNN, BBC, Al Jazeera,Strategic Culture e MS-NBC.
Foi convidado a depor como testemunha perante a Câmara dos Deputados dos EUA, o
Tribunal Penal da ONU para Ruanda, e num painel de investigação de terrorismo
do governo francês. É membro da Sociedade de Jornalistas Profissionais (SPJ) e
do National Press Club. Reside em Washington, DC.
fonte: Somos todos Palestinos
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