Miguel Urbano Rodrigues
O imperialismo norte- americano
(com o apoio dos governos do Reino Unido e da França) está na ofensiva em duas
frentes. Obrigado pela Rússia a recuar na Síria ataca na Ucrânia e na
Venezuela.
Na Ucrânia, o apoio de Washington
às forças empenhadas em derrubar o presidente Iakunovitch foi ostensivo (ver
artigo de Paul Craig Roberts (http://www.odiario.info/?p=3187).
Na Venezuela, a estratégia dos
EUA é mais subtil. Nela a Embaixada em Caracas e a CIA têm desempenhado um
importante papel.
O projeto inicial de implantar no
país uma situação caótica fracassou. Os apelos à violência de Leopoldo Lopez
que assumiram caracter insurrecional na jornada de 12 de Fevereiro tiveram a
resposta que mereciam das Forças Armadas e das massas populares solidarias com
a revolução bolivariana. Os crimes cometidos pelos grupos de extrema-direita
suscitaram tamanha repulsa popular que até Capriles Radonski – o candidato
derrotado à Presidência da Republica -optou por se distanciar de Lopez e sua
gente, mas convoca novas manifestações «pacíficas».
Inviabilizada a tentativa de
golpe com recurso à força, o esforço para desestabilizar o país prosseguiu, mas
o projeto de tomada do poder foi alterado. O governo define-o agora como «um
golpe de estado suave».
Uma campanha de desinformação,
que envolve os grandes media dos EUA e da União Europeia, transmite diariamente
a imagem de uma Venezuela onde a violência se tornou endémica, manifestações
pacíficas seriam reprimidas, a escassez de produtos essenciais aumenta, a
inflação disparou e a crise económica se aprofunda.
Ocultam a realidade. Quem promove
a violência é a extrema direita , quem incendiou lojas da Mision Mercal que
vende ao povo mercadorias a preços reduzidos,quem saqueia supermercados é essa
oposição neofascista que se apresenta como democrática», é ela que sabota a
economia e organiza o açambarcamento de produtos essenciais.
No Estado de Táchira, grupos
terroristas paramilitares vindos da Colômbia semeiam o terror, forçando o
presidente Maduro a decretar ali o estado de exceção.
É significativo que o embaixador
da Venezuela em Lisboa, general Lucas Rincón Romero, tenha sentido a
necessidade de emitir um comunicado ( http://www.odiario.info/?p=3186) para
esclarecer que os media internacionais publicam quase exclusivamente
declarações da oposição que deturpam grosseiramente os acontecimentos do seu
pais.
A Revolução Bolivariana enfrenta
hoje uma guerra económica- a expressão é de Maduro- que é simultaneamente uma
guerra psicológica, política e social.
Nesse contexto, o Presidente da
Venezuela ao alertar o seu povo para a cumplicidade de Washington na montagem
de «um golpe de estado» denunciou o envolvimento em atividades conspirativas da
oposição de três funcionários consulares dos Estados Unidos, e ordenou a sua
imediata expulsão. Reagindo também à campanha anti venezuelana da CNN, acusou
aquele canal de TV de uma «programação de guerra».
Como reage Barack Obama? Com
hipocrisia e arrogância. Não citou o episódio da expulsão dos diplomatas, mas
pediu a Maduro que liberte os dirigentes da oposição presos. Como nele é
habitual invocou no seu apelo retorico princípios humanitários, o respeito
pelos direitos humanos, o diálogo democrático, enfim, aquilo os EUA violam com
a sua política de terrorismo de estado.
Somente faltou mencionar
explicitamente Leopoldo Lopez, o líder das jornadas de violência que provocaram
mortes e destruições em Caracas e noutras cidades.
O senador republicano John Mac
Cain, ex candidato à Casa Branca, foi mais longe do que Obama. Numa entrevista
à BBC sugeriu com despudor uma intervenção militar direta na Venezuela para
«estabelecer a paz e a democracia».
A escalada golpista assumiu tais
proporções que desencadeou a nível mundial um poderoso movimento de apoio à
Revolução Bolivariana, ameaçada pelo imperialismo e o fascismo caseiro.
Um manifesto de solidariedade ao
governo de Maduro, iniciado na Argentina, já foi assinado em muitos países por
milhares de intelectuais, artistas, dirigentes políticos, parlamentares e
sindicalistas.
A solidariedade com o povo de
Bolívar corre mundo como torrente caudalosa.
Vila Nova de Gaia,22 de Fevereiro
de 2014
Fonte: PCB
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