Jornal da Usp- A USP Leste, mais conhecida
como EACH, sempre foi um mistério para seus próprios alunos. Desde sua
fundação, em 2005, a contaminação do solo era conhecida pela instituição e foi
agravado com o depósito de terras ilegais tiradas do Templo do Rei Salomão, do
pastor televisivo Edir Macedo.
Assim como Chernobil, a EACH
desde o início do ano passado se transformou em uma cidade fantasma, ou nesse
caso, em um campus fantasma. A unidade que foi interditada foi fracionada e
funcionou em diversas unidades da USP e em dois prédios alugados.
Sem estabelecer um local adequado
os cursos começaram com mais de um mês de atraso. Além do mais como “campus
fantasma” não foi garantido a seus estudantes uma estrutura mínima para a
realização dos cursos, como laboratório, bibliotecas, bandejões e banheiros.
A direção da USP tentou isolar o
campus, a fim de isolar o material radioativo que ali se concentra. Sem
resolver nenhum dos problemas ordenou que os estudantes voltassem às aulas no
campus contaminado mesmo correndo o risco de se contaminarem ou do campus
explodir.
Mesmo assim não foi possível a
reocupação de todas as áreas que foram contaminadas. Até hoje os tapumes
“enfeitam” o campus e quase se confundem com as plantas naturais.
Mas o pior de Chernobil-EACH
estava por vir. Depois de tanta negligência e de tratar os estudantes como
ratos de laboratório uma estudante, de Gestão Ambiental, foi diagnosticada com
contaminação química.
Essa história radioativa, no
entanto, não é tão animada quanto a dos quadrinhos que contam as peripécias de
quem sofre uma mutação e ganha super poderes. O Ascarel, substância química
geralmente utilizada como isolante em equipamentos elétricos abolida do Brasil
desde 1981, não dá super poderes, no máximo fez com que nossa personagem
perdesse 40% de seus cabelos e as duas sobrancelhas.
Agora se essa história não tem
propriamente heróis, certamente tem vilões. E não poderia ser outro que não o
ex-diretor da EACH, José Jorge Boueri, que em 2011, permitiu conscientemente
que a área de Proteção Ambiental do Parque Ecológico do Tietê, onde fica a USP
Leste se transformasse em um aterro ilegal.
Mas Boueri não fez o trabalho
sujo sozinho. Alckmin, que consegue ser mais destrutivo que muitas nuvens
radioativas, determinou, em 2007, que 6 mil caminhões de terra com entulho
oriundo da demolição do Presídio do Carandiru e a com calha do rio Tietê fossem
jogadas na área onde hoje é a USP Leste.
Chernobil-EACH foi um acidente
nuclear catastrófico que estava sob a jurisdição direta das autoridades da USP
e do governo do estado. Esses procuraram esconder o ocorrido da comunidade, até
que os estudantes os desmascararam. Até hoje, no entanto, aguardamos a responsabilização
dos culpado.
Fonte : site Usp livre
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