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quarta-feira, 4 de março de 2015

EACH: A Chernobil uspiana

Jornal da Usp- A USP Leste, mais conhecida como EACH, sempre foi um mistério para seus próprios alunos. Desde sua fundação, em 2005, a contaminação do solo era conhecida pela instituição e foi agravado com o depósito de terras ilegais tiradas do Templo do Rei Salomão, do pastor televisivo Edir Macedo.

Assim como Chernobil, a EACH desde o início do ano passado se transformou em uma cidade fantasma, ou nesse caso, em um campus fantasma. A unidade que foi interditada foi fracionada e funcionou em diversas unidades da USP e em dois prédios alugados.

Sem estabelecer um local adequado os cursos começaram com mais de um mês de atraso. Além do mais como “campus fantasma” não foi garantido a seus estudantes uma estrutura mínima para a realização dos cursos, como laboratório, bibliotecas, bandejões e banheiros.

A direção da USP tentou isolar o campus, a fim de isolar o material radioativo que ali se concentra. Sem resolver nenhum dos problemas ordenou que os estudantes voltassem às aulas no campus contaminado mesmo correndo o risco de se contaminarem ou do campus explodir.

Mesmo assim não foi possível a reocupação de todas as áreas que foram contaminadas. Até hoje os tapumes “enfeitam” o campus e quase se confundem com as plantas naturais.

Mas o pior de Chernobil-EACH estava por vir. Depois de tanta negligência e de tratar os estudantes como ratos de laboratório uma estudante, de Gestão Ambiental, foi diagnosticada com contaminação química.

Essa história radioativa, no entanto, não é tão animada quanto a dos quadrinhos que contam as peripécias de quem sofre uma mutação e ganha super poderes. O Ascarel, substância química geralmente utilizada como isolante em equipamentos elétricos abolida do Brasil desde 1981, não dá super poderes, no máximo fez com que nossa personagem perdesse 40% de seus cabelos e as duas sobrancelhas.

Agora se essa história não tem propriamente heróis, certamente tem vilões. E não poderia ser outro que não o ex-diretor da EACH, José Jorge Boueri, que em 2011, permitiu conscientemente que a área de Proteção Ambiental do Parque Ecológico do Tietê, onde fica a USP Leste se transformasse em um aterro ilegal.


Mas Boueri não fez o trabalho sujo sozinho. Alckmin, que consegue ser mais destrutivo que muitas nuvens radioativas, determinou, em 2007, que 6 mil caminhões de terra com entulho oriundo da demolição do Presídio do Carandiru e a com calha do rio Tietê fossem jogadas na área onde hoje é a USP Leste.

Chernobil-EACH foi um acidente nuclear catastrófico que estava sob a jurisdição direta das autoridades da USP e do governo do estado. Esses procuraram esconder o ocorrido da comunidade, até que os estudantes os desmascararam. Até hoje, no entanto, aguardamos a responsabilização dos culpado.


Fonte : site Usp livre

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