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sábado, 28 de fevereiro de 2015

Mussa Ibrahim: magnífico resumo da realidade Líbia


Leonor Massanet Arbona.

Mussa Ibrahim foi último porta-voz da Jamahiriyah líbia. Em conferência de imprensa, falando em nome de 622 políticos líbios, fez um resumo sintético e claro do que sucedeu na Líbia e das posições políticas do Movimento Nacional Popular líbio.


Em Junho de 2011 fui observadora estrangeira em Trípoli, Líbia. Fui testemunha da maioria das coisas que explica e de muitas outras que não explica, fui testemunha de que se encontravam jornalistas de todos os media internacionais do mundo inteiro e de que NÃO informavam o que sucedia. Eram testemunhas diretas, fotografaram, filmaram e viram a realidade mas nunca a publicaram.

Fui testemunha de como cada dia os aviões da OTAN  entravam na Líbia, lançavam as bombas sobre as cidades e se iam embora. Não recebiam resposta Líbia e não sei se podeis imaginar o que implica lançar bombas sobre uma cidade populosa como Trípoli, os mortos, a onda expansiva, a destruição,…cada dia os aviões entravam em Trípoli de madrugada e repetiam depois à primeira hora da manhã. Era impossível que qualquer líbio pudesse descansar mais de quatro horas seguidas.

Muitas associações e grupos internacionais, como a associação de advogados do Mediterrâneo, acorreram à Líbia para serem testemunhas diretas do que estava a suceder. Depois de ter vivido uma agressão como aquela de que fui testemunha na Líbia, nunca mais poderei confiar nos meios de comunicação nem nos políticos e governos que apoiaram e encobriram algo tão desumano, cruel, aberrante… a RT e TeleSur estavam ali e fui testemunha de que informavam efetivamente e, tanto quanto sei, disseram sempre a verdade.

Conferência de Imprensa 2014

Palavras de Mussa Ibrahim, último porta-voz da Jamahiriyah líbia, pertencente ao Movimento Nacional Popular Líbio que trabalha juntamente com o Conselho de todas as tribos e cidades líbias tentando resolver a situação Líbia depois do ataque da NATO e das suas consequências. Fala em nome de 622 políticos líbios que se encontram no interior da Líbia e no exilio, que representam a resistência verde. Defendem a reconciliação de todos os líbios, o desenvolvimento, os direitos humanos.

Pertencemos a toda a Líbia e apoiamos todos os líbios que não apoiem a NATO nem os criminosos, fundamentalistas, assassinos, os que estão torturando, marginalizando, mudando as leis para exilar os líbios…


Procuramos vosso apoio para divulgar a nossa realidade. Em 2011 fui o responsável de comunicação com os meios de comunicação internacionais, tentei fazê-lo o melhor possível, Mas os verdadeiros heróis são os que perderam a vida debaixo das bombas da NATO, ou nos cárceres da Al-Qaeda. O sofrimento da Líbia começou com o ataque estrangeiro, depois da resolução da ONU que se fundamentou em cinco pontos:
1. Segundo os documentos oficiais da ONU 10.000 manifestantes foram nos primeiros dias assassinados em Benghazi. Entretanto, o Conselho Nacional de Transição encabeçado por Abdul Jalil admitiu publicamente - e as suas palavras podem inclusivamente ser ouvidas na internet - que mentiram. Eles sabiam que havia ordem do governo líbio da Jamahiriyah para não intervir nas manifestações.

2. Segundo os documentos oficiais da OTAN Kadhafi tinha arrasado com bombardeamentos várias zonas de Trípoli como Suk al Juma, Fashlum, e outras. Mais de 1000 jornalistas e observadores internacionais visitaram e viram com os seus próprios olhos, puderam filmar e falar com as pessoas e portanto  comprovar que não era verdade, que aquelas áreas estavam totalmente normais.

3. Segundo os documentos oficiais da ONU, mais de 8000 mulheres líbias tinham sido violadas pelo exército líbio nas três primeiras semanas do conflito. Quando tentaram demonstrá-lo não conseguiram encontrar nem uma mulher.

4. Segundo os documentos oficiais da ONU a Jamahiriyah líbia contava com 35.000 mercenários de África. Não era verdade e nunca o puderam demonstrar. Contudo, isso foi usado pela OTAN para matar milhares e milhares de líbios negros e, obviamente, uma vez mortos nada podiam declarar. O massacre mais terrível que levaram a cabo foi na cidade líbia de Tawerga cujos cidadãos que não foram assassinados não puderam ainda regressar aos seus lares.

5. Segundo os documentos oficiais da ONU o exército líbio da Jamahiriyah deslocava-se para Benghazi para reprimir com as armas e arrasar a cidade. Segundo o documento oficial da ONU, a NATO devia intervir para deter o exército e salvar a vida dos líbios. A realidade, entretanto, é que o governo da Jamahiriyah líbia teve conversações diretas com representantes da França e dos EUA para mostrar e prometer que o exército líbio não ia entrar em Benghazi. O governo da Jamahiriyah tinha dado ordem ao exército para não intervir em nenhuma circunstância nas manifestações, sucedesse o que sucedesse. A Líbia cometeu o erro de confiar na palavra da França, EUA e Inglaterra, de que não interviriam. A OTAN mentiu, entrou na Líbia e a primeira coisa que fez foi atacar e matar o exército que estava acampado nos arredores de Benghazi.

A OTAN interveio com base nestas cinco mentiras

A Jamahiriyah Líbia tentou constituir uma “Fact Finding Mission” (Comissão de estudo dos fatos), e para isso convocou todos os grandes meios de comunicação do mundo inteiro, como a BBC, o New York times, RT, TeleSur,…meios de comunicação do mundo inteiro. Para além disso convidou observadores internacionais de todo o mundo a virem verificar a realidade.

Os Meios de Comunicação Internacionais responderam que não podiam realizar um estudo de campo (’fact finding mission’) porque:
1. Não tinham orçamento para isso.

2. Não tinham o material adequado para o poderem realizar.

A União Africana pretendeu criar uma Comissão de ‘Fact Finding Mission’ mas não lhe permitiram.

Todos estes fatos foram ignorados pelos meios de comunicação Internacionais e pelos políticos.

Sabemos agora porque é que fomos agredidos: Pela posição que a Líbia assumia em África apoiando a União Africana, trabalhando para concretizar o Mercado Comum Africano, trabalhando para a União Árabe, apoiando os povos oprimidos,…
Tudo isto fez com que o ocidente atacasse a Líbia porque não querem uma África independente.

Neste momento os maiores problemas dos líbios são:

1. Os exiliados: segundo o governo tunisino há 1,5 milhões de líbios refugiados em Túnis, segundo o  governo egípcio existem ali 1,25 milhões de líbios refugiados, para além de todos os refugiados líbios na Argélia, Níger, e muitos outros países.
Contudo, segundo os nossos cálculos, há aproximadamente dois milhões de líbios refugiados no estrangeiro. Recordemos que a Líbia tinha uma população de seis milhões de habitantes, o que significa que 30% dos líbios se viram obrigados a fugir do seu próprio país e estão sofrendo.

2. Controlo da Líbia pelos extremistas como Al-Qaeda porque têm o dinheiro, têm as armas e o apoio estrangeiro e milhares e milhares de mercenários. Neste momento os piores terroristas do mundo, ou seja os superstars do terrorismo do mundo estão na Líbia.

O mais importante e internacional terrorista é Abdul Hakim Bilhaj que esteve na Somália, Iraque, Afeganistão, que esteve em prisões como Guantánamo, e na Líbia. Em Setembro de 2011, quando a OTAN  entrou em Trípoli, colocaram BilHaj como responsável da segurança de Trípoli. Pelo seu trabalho foi pago pelo ocidente com empresas e tornou-se milionário. Passou a vestir fato e agora é recebido pelos governos ocidentais. Além de Abdul Hakim Bilhaj, está na Líbia a elite do terrorismo.

3. Há neste momento 35.000 prisioneiros políticos, em prisões ilegais desconhecidas. Foram torturados, maltratados, violando todos os direitos humanos. Há inclusivamente famílias inteiras detidas. A cada semana saem corpos sem vida destas prisões, alguns são enterrados diretamente e outros são devolvidos às famílias.

4. Balcanização da Líbia: Estão tentando dividir a Líbia em três partes. Os fundamentalistas não querem um país forte, querem países pequenos e débeis para poderem operar melhor.

Nós, os líbios, choramos pela Líbia, mas procuramos também soluções para não sermos “colonizados”, baseando-nos no diálogo no qual incluímos todos os líbios à exceção dos fundamentalistas e mercenários da OTAN.

O diálogo prossegue, trabalhamos duramente para isso. Seria muito más fácil se não existisse a intervenção ocidental.

A maior parte dos líbios sonha com o regresso destes últimos 42 anos da Jamahiriyah Líbia. Isto não quer dizer que tudo fosse perfeito, havia muitos problemas, mas nós os líbios podíamos resolvê-los e estávamos trabalhando para os resolver.

Ver conferência de imprensa em inglês: https://www.youtube.com/watch?v=KdwJcqA-AhI
La Haine


Fonte: Diario info

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