Leonor Massanet Arbona.
Mussa Ibrahim foi último
porta-voz da Jamahiriyah líbia. Em conferência de imprensa, falando em nome de
622 políticos líbios, fez um resumo sintético e claro do que sucedeu na Líbia e
das posições políticas do Movimento Nacional Popular líbio.
Em Junho de 2011 fui observadora
estrangeira em Trípoli, Líbia. Fui testemunha da maioria das coisas que explica
e de muitas outras que não explica, fui testemunha de que se encontravam
jornalistas de todos os media internacionais do mundo inteiro e de que NÃO
informavam o que sucedia. Eram testemunhas diretas, fotografaram, filmaram e
viram a realidade mas nunca a publicaram.
Fui testemunha de como cada dia
os aviões da OTAN entravam na Líbia,
lançavam as bombas sobre as cidades e se iam embora. Não recebiam resposta Líbia
e não sei se podeis imaginar o que implica lançar bombas sobre uma cidade
populosa como Trípoli, os mortos, a onda expansiva, a destruição,…cada dia os
aviões entravam em Trípoli de madrugada e repetiam depois à primeira hora da
manhã. Era impossível que qualquer líbio pudesse descansar mais de quatro horas
seguidas.
Muitas associações e grupos
internacionais, como a associação de advogados do Mediterrâneo, acorreram à Líbia
para serem testemunhas diretas do que estava a suceder. Depois de ter vivido
uma agressão como aquela de que fui testemunha na Líbia, nunca mais poderei
confiar nos meios de comunicação nem nos políticos e governos que apoiaram e
encobriram algo tão desumano, cruel, aberrante… a RT e TeleSur estavam ali e
fui testemunha de que informavam efetivamente e, tanto quanto sei, disseram
sempre a verdade.
Conferência de Imprensa 2014
Palavras de Mussa Ibrahim, último
porta-voz da Jamahiriyah líbia, pertencente ao Movimento Nacional Popular Líbio
que trabalha juntamente com o Conselho de todas as tribos e cidades líbias
tentando resolver a situação Líbia depois do ataque da NATO e das suas
consequências. Fala em nome de 622 políticos líbios que se encontram no
interior da Líbia e no exilio, que representam a resistência verde. Defendem a
reconciliação de todos os líbios, o desenvolvimento, os direitos humanos.
Pertencemos a toda a Líbia e
apoiamos todos os líbios que não apoiem a NATO nem os criminosos,
fundamentalistas, assassinos, os que estão torturando, marginalizando, mudando
as leis para exilar os líbios…
Procuramos vosso apoio para
divulgar a nossa realidade. Em 2011 fui o responsável de comunicação com os
meios de comunicação internacionais, tentei fazê-lo o melhor possível, Mas os
verdadeiros heróis são os que perderam a vida debaixo das bombas da NATO, ou
nos cárceres da Al-Qaeda. O sofrimento da Líbia começou com o ataque estrangeiro,
depois da resolução da ONU que se fundamentou em cinco pontos:
1. Segundo os documentos oficiais
da ONU 10.000 manifestantes foram nos primeiros dias assassinados em Benghazi.
Entretanto, o Conselho Nacional de Transição encabeçado por Abdul Jalil admitiu
publicamente - e as suas palavras podem inclusivamente ser ouvidas na internet
- que mentiram. Eles sabiam que havia ordem do governo líbio da Jamahiriyah
para não intervir nas manifestações.
2. Segundo os documentos oficiais
da OTAN Kadhafi tinha arrasado com bombardeamentos várias zonas de Trípoli como
Suk al Juma, Fashlum, e outras. Mais de 1000 jornalistas e observadores
internacionais visitaram e viram com os seus próprios olhos, puderam filmar e
falar com as pessoas e portanto comprovar que não era verdade, que aquelas
áreas estavam totalmente normais.
3. Segundo os documentos oficiais
da ONU, mais de 8000 mulheres líbias tinham sido violadas pelo exército líbio
nas três primeiras semanas do conflito. Quando tentaram demonstrá-lo não
conseguiram encontrar nem uma mulher.
4. Segundo os documentos oficiais
da ONU a Jamahiriyah líbia contava com 35.000 mercenários de África. Não era
verdade e nunca o puderam demonstrar. Contudo, isso foi usado pela OTAN para
matar milhares e milhares de líbios negros e, obviamente, uma vez mortos nada
podiam declarar. O massacre mais terrível que levaram a cabo foi na cidade
líbia de Tawerga cujos cidadãos que não foram assassinados não puderam ainda
regressar aos seus lares.
5. Segundo os documentos oficiais
da ONU o exército líbio da Jamahiriyah deslocava-se para Benghazi para reprimir
com as armas e arrasar a cidade. Segundo o documento oficial da ONU, a NATO
devia intervir para deter o exército e salvar a vida dos líbios. A realidade,
entretanto, é que o governo da Jamahiriyah líbia teve conversações diretas com
representantes da França e dos EUA para mostrar e prometer que o exército líbio
não ia entrar em Benghazi. O governo da Jamahiriyah tinha dado ordem ao
exército para não intervir em nenhuma circunstância nas manifestações,
sucedesse o que sucedesse. A Líbia cometeu o erro de confiar na palavra da
França, EUA e Inglaterra, de que não interviriam. A OTAN mentiu, entrou na
Líbia e a primeira coisa que fez foi atacar e matar o exército que estava
acampado nos arredores de Benghazi.
A OTAN interveio com base nestas
cinco mentiras
A Jamahiriyah Líbia tentou
constituir uma “Fact Finding Mission” (Comissão de estudo dos fatos), e para
isso convocou todos os grandes meios de comunicação do mundo inteiro, como a
BBC, o New York times, RT, TeleSur,…meios de comunicação do mundo inteiro. Para
além disso convidou observadores internacionais de todo o mundo a virem
verificar a realidade.
Os Meios de Comunicação
Internacionais responderam que não podiam realizar um estudo de campo (’fact
finding mission’) porque:
1. Não tinham orçamento para
isso.
2. Não tinham o material adequado
para o poderem realizar.
A União Africana pretendeu criar
uma Comissão de ‘Fact Finding Mission’ mas não lhe permitiram.
Todos estes fatos foram ignorados
pelos meios de comunicação Internacionais e pelos políticos.
Sabemos agora porque é que fomos
agredidos: Pela posição que a Líbia assumia em África apoiando a União
Africana, trabalhando para concretizar o Mercado Comum Africano, trabalhando
para a União Árabe, apoiando os povos oprimidos,…
Tudo isto fez com que o ocidente
atacasse a Líbia porque não querem uma África independente.
Neste momento os maiores
problemas dos líbios são:
1. Os exiliados: segundo o
governo tunisino há 1,5 milhões de líbios refugiados em Túnis, segundo o governo egípcio existem ali 1,25 milhões de
líbios refugiados, para além de todos os refugiados líbios na Argélia, Níger, e
muitos outros países.
Contudo, segundo os nossos
cálculos, há aproximadamente dois milhões de líbios refugiados no estrangeiro.
Recordemos que a Líbia tinha uma população de seis milhões de habitantes, o que
significa que 30% dos líbios se viram obrigados a fugir do seu próprio país e
estão sofrendo.
2. Controlo da Líbia pelos
extremistas como Al-Qaeda porque têm o dinheiro, têm as armas e o apoio
estrangeiro e milhares e milhares de mercenários. Neste momento os piores
terroristas do mundo, ou seja os superstars do terrorismo do mundo estão na
Líbia.
O mais importante e internacional
terrorista é Abdul Hakim Bilhaj que esteve na Somália, Iraque, Afeganistão, que
esteve em prisões como Guantánamo, e na Líbia. Em Setembro de 2011, quando a OTAN entrou em Trípoli, colocaram BilHaj como responsável da segurança de
Trípoli. Pelo seu trabalho foi pago pelo ocidente com empresas e tornou-se
milionário. Passou a vestir fato e agora é recebido pelos governos ocidentais.
Além de Abdul Hakim Bilhaj, está na Líbia a elite do terrorismo.
3. Há neste momento 35.000
prisioneiros políticos, em prisões ilegais desconhecidas. Foram torturados,
maltratados, violando todos os direitos humanos. Há inclusivamente famílias
inteiras detidas. A cada semana saem corpos sem vida destas prisões, alguns são
enterrados diretamente e outros são devolvidos às famílias.
4. Balcanização da Líbia: Estão
tentando dividir a Líbia em três partes. Os fundamentalistas não querem um país
forte, querem países pequenos e débeis para poderem operar melhor.
Nós, os líbios, choramos pela
Líbia, mas procuramos também soluções para não sermos “colonizados”,
baseando-nos no diálogo no qual incluímos todos os líbios à exceção dos fundamentalistas
e mercenários da OTAN.
O diálogo prossegue, trabalhamos
duramente para isso. Seria muito más fácil se não existisse a intervenção
ocidental.
A maior parte dos líbios sonha
com o regresso destes últimos 42 anos da Jamahiriyah Líbia. Isto não quer dizer
que tudo fosse perfeito, havia muitos problemas, mas nós os líbios podíamos
resolvê-los e estávamos trabalhando para os resolver.
Ver conferência de imprensa em
inglês: https://www.youtube.com/watch?v=KdwJcqA-AhI
La Haine
Texto completo em: http://www.lahaine.org/mussa-ibrahim-magnifico-resumen-de
Fonte: Diario info
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