Por Jean Wyllys:
“Nas últimas eleições, 326 parlamentares tiveram suas campanhas
financiadas por empreiteiras (nenhum do PSOL!). E, entre eles, 255 receberam
dinheiro das envolvidas na operação Lava Jato. Façamos as contas. Os candidatos
das empreiteiras são maioria no Congresso! Dentre eles, 70 deputados e 9
senadores são citados nas investigações. E há governistas e opositores —
inclusive petistas e tucanos (mas alguns jornais e revistas citam apenas os
petistas”. (De um artigo do deputado federal Jean Wyllys na Carta Capital)
jean_wyllys
O financiamento empresarial das
campanhas favorece esse esquema e prejudica os que não querem fazer parte dele.
Eu fui o sétimo deputado federal mais votado do estado do Rio de Janeiro, com
144.770 votos, e a receita total da minha campanha foi de 70,892.08 mil reais
em doações físicas, sendo que, destes, 14 mil correspondem a trabalhos de
voluntários. Não recebi (e nem quero!) um centavo das empreiteiras.
Agora vou dar um exemplo
contrário: deputado Eduardo Cunha, que teve 232.708 votos e foi o terceiro mais
votado do estado, declarou uma receita de mais de 6,8 milhões de reais! Sim,
você leu bem: quase 7 milhões. Os diretórios nacional e estadual do PMDB, seu
partido, que também doou dinheiro para ele, receberam “ajuda” da OAS (3,3 milhões),
da Queiroz Galvão (16 milhões), da Galvão Engenharia (340 mil) e da Odebrecht
(8 milhões). O PMDB governa o estado que dá a algumas dessas empreiteiras obras
públicas milionárias. Isso sem falar dos bancos, empresas de mineração,
shoppings e outros empreendimentos que depositaram na conta de Cunha.
Vocês percebem como o é injusto e
antidemocrático que um candidato honesto, que conta apenas com doações de
amigos, militantes e simpatizantes, contra outro que recebe quase 7 milhões de
bancos e empreiteiras? Vocês percebem como isso faz com que nosso poder,
eleitor, seja cada vez menor, e com que o poder da grana se imponha cada vez
mais?
Agora pense no seguinte: Eduardo
Cunha pode ser o próximo presidente da Câmara dos Deputados! Ele é um dos
cérebros da bancada fundamentalista, foi o grande articulador da presidência da
CDHM para o pastor Marco Feliciano e é o porta-voz do que há de mais
reacionário, retrógrado, conservador e antipopular no Congresso. Algumas
pessoas acham que o grande vilão da direita é Jair Bolsonaro, mas na verdade,
ele é apenas um personagem caricato, bizarro, que tem mais holofotes do que
merece. O verdadeiro poder radica em personagens menos conhecidos, como Cunha,
que se mexem nas sombras. E as doações milionárias entram na conta dele.”
Fonte: Desacato e Diario do Centro do Mundo
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