Jorge Cadima-
O Estado-Maior da guerra
imperialista, a NATO, realizou uma Cimeira há poucos dias. O extenso comunicado
final da Cimeira é alucinante. O ataque à Rússia foi o tema forte nesta Cimeira
do Delírio. Mais uma vez, a guerra e a mentira andam de mãos dadas, ao serviço
do imperialismo.
O chefe político da NATO é o
dinamarquês Rasmussen, que deve o seu atual cargo (tal como o presidente
cessante da Comissão Europeia, Durão Barroso) ao facto de, enquanto
primeiro-ministro da Dinamarca em 2003, ter apoiado o eixo Bush-Blair-Aznar, na
tão mentirosa quanto criminosa invasão do Iraque. Rasmussen não perdeu o hábito
de mentir. Em Junho disse que os ambientalistas que se opõem às perigosas
técnicas de injetar água com produtos tóxicos (fracking) para extrair gás natural
preso em rochas sedimentares (o «gás de xisto») estavam a soldo de Putin. O
jornal do grande capital anglo-saxónico, Financial Times, volta à carga,
alimentando a patranha: «Muitos nas comunidades dos serviços secretos europeus
levam a sério o comentário do Sr. Rasmussen» (FT, 28.8.14). Tal como «levavam a
sério» as mentiras sobre as armas de destruição em massa de Saddam Hussein.
Não é demais lembrar que os
países da NATO são responsáveis por todas as grandes guerras das últimas
décadas e por mais de 75% das despesas militares do globo. Quando não podem
vergar a ONU aos seus planos de guerra, atacam na mesma (Jugoslávia, Iraque).
Financiam, treinam e armam os mais bárbaros bandos terroristas para servir como
tropa de choque (como na Líbia, Síria, Ucrânia). Destruídos os países e
chacinada a população, culpam as vítimas.
A declaração da Cimeira tem o desplante de
dizer (ponto 37) que «o regime de Assad contribuiu para o surgimento do ISIS [o
“Estado Islâmico”]», entidade que é apenas a mais recente reciclagem das hordas
fundamentalistas usadas pelo imperialismo para destruir os países laicos
surgidos do movimento de libertação nacional árabe. Pouco importa que a própria
imprensa inglesa diga que a Turquia, membro destacado da NATO, «tem mantido a
sua fronteira aberta aos jihadistas que se opõem [a Assad], incluindo aos
combatentes do ISIS» (Guardian, 24.8.14).
A declaração alucinante da NATO
também culpa (ponto 17) a «Rússia e os separatistas apoiados pela Rússia» pela
«cada vez pior situação humanitária e destruição material no Leste da Ucrânia».
Como se não fossem as tropas do governo golpista de Kiev e os batalhões de
nazis – financiados pelos oligarcas ucranianos e armados pelas potências da
NATO que também orquestraram o golpe de Estado de Fevereiro – que têm
bombardeado, dia após dia, pequenas vilas e grandes cidades como Donetsk ou
Lugansk, semeando a morte (como em Gaza) e chegando mesmo a usar fósforo branco
e até mísseis balísticos. Pouco importa que até a imperialista BBC (2.9.14)
titule: «Conflito ucraniano: a ONU diz que um milhão de pessoas já fugiram»,
para depois informar que mais de 80% desses refugiados fugiram … para a Rússia!
A declaração da Cimeira tem o desplante de falar (ponto 91) na grande
preocupação da NATO pelas crianças. Mas nem 113 pontos de Declaração chegaram
para alguma vez condenar Israel, que passou os dois meses que antecederam a
Cimeira a chacinar a população de Gaza, incluindo quase 600 crianças.
A natureza criminosa das
potências imperialistas que comandam a NATO é tão chocante, que até um
ex-embaixador inglês (Craig Murray) fala do seu país nestes termos: «é um
Estado patológico que representa uma ameaça para o mundo, um Estado marginal e
um Estado disposto a fazer a guerra para tornar ricas algumas pessoas […]. Matámos
15 000 pessoas quando a NATO bombardeou Sirte [na Líbia], algo que a BBC nunca
vos contou» (Ria Novosti, 28.8.14). Mas o Avante! contou (9.2.12).
Fonte: Avante
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