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sábado, 15 de março de 2014

Exportação da pobreza e do capital

Jorge Messias
«A crise que vivemos na Europa tem uma vantagem para quem quiser reforçar o poder social e político da Igreja; devolve-lhe a poderosa arma da Caridade e atira milhões de desesperados para os seus bondosos braços… O mesmo se poderá dizer sobre muitos países católicos da América Latina...» (Daniel Oliveira, “Expresso”, Outubro 2012).

«A fome progrediu no mundo como resultado da crise provocada pela escalada dos preços dos géneros alimentícios e atinge hoje mais que 1 bilião de pessoas, segundo a ONU e estimativas da FAO, a sua Agência para a Alimentação e a Agricultura». (Vila 7 Este, “Fome e Pobreza”).

«Quando o capital financeiro consegue impor a sua supremacia, a cidadania é suprimida. É a isto que estamos assistindo no Sul da Europa. Algo que já há duas décadas vivemos na América Latina. Através da austeridade e das sanções (sempre apoiadas pelos grandes meios da comunicação social) instala-se o fascismo de mercado» (Gilson Caroni, Carta Maior, 4.12.2011).

«Os países emergentes que na crise global se tornaram a esperança do mundo ocidental, passam por momentos difíceis, com fuga de dinheiro de investidores e consequente desvalorização da moeda... provocando a ameaça de uma perigosa bolha inflaccionária e pondo toda a economia em desordem...» (Rolf Wenkel, “Fuga de capitais e desvalorização da moeda pressionam países emergentes”).


Naturalmente que o imperialismo, a fase superior do capitalismo mas também a etapa derradeira de um desenvolvimento financeiro minado por contradições, é a principal característica do nosso tempo histórico. O imperialismo dos monopólios disfarça-se sob a capa de construtor da liberdade, igualdade e fraternidade globais, enquanto que, na realidade, origina e exporta a riqueza e a pobreza, destrói a economia e o trabalho e afunda a humanidade no abismo entre ricos e pobres, poderosos e humildes ou senhores e servos. Nada resolve e nega na prática, sistematicamente, aquilo que promete em teoria.

Recorde-se que o agronegócio surgiu não há muito tempo (nos anos 60 do século XX). Por essa mesma altura, as superestruturas neoliberais instalavam nos mercados esquemas financeiros inovadores que juntavam, numa única operação, as novas tecnologias, os mecanismos de financiamento e a modalidade dos seguros de capitais de risco, de forma a agilizar licenciamentos, estabelecer parcerias entre grupos empresariais e organizar complexas instituições mundiais de controlo dos mercados. Assim surgiram os contratos de futuro, as commodities, as megafusões financeiras e as alianças estratégicas típicas da expansão do capitalismo global.

A agricultura e a pecuária eram campos experimentais privilegiados. No futuro, iria ser possível modificar as sementes, aumentar artificialmente o número de colheitas, definir margens de lucro a longo prazo, etc. Se tudo assentava em especulação, tanto melhor. Especulação com lucro faz parte da vida…


Falou-se, na altura, que estas novas concepções tinham surgido a partir de um estudo encomendado pelo governo mexicano aos especialistas do Grupo Rockffeler acerca das políticas de produção do milho. Tenha sido assim, ou não, certo é que nos anos seguintes se formou uma imensa coligação de interesses na produção de transgénicos ou na clonagem de carne: a CCE, NAFTA, APEC, ALCA, Mercosul… todos ligados ao Vaticano, à Banca Mundial e a gigantescos produtores multinacionais como a MONSANTO e a PIONEER.

Todas estas monstruosas forças monopolistas visam destruir o Estado democrático e esmagar as populações e os produtores directos, a Reforma Agrária e o Socialismo…

Mas têm pés de barro!

Fonte: Avante

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