Jorge Messias
«A crise que vivemos na
Europa tem uma vantagem para quem quiser reforçar o poder social e político da
Igreja; devolve-lhe a poderosa arma da Caridade e atira milhões de desesperados
para os seus bondosos braços… O mesmo se poderá dizer sobre muitos países
católicos da América Latina...» (Daniel
Oliveira, “Expresso”, Outubro 2012).
«A fome progrediu no mundo
como resultado da crise provocada pela escalada dos preços dos géneros
alimentícios e atinge hoje mais que 1 bilião de pessoas, segundo a ONU e
estimativas da FAO, a sua Agência para a Alimentação e a Agricultura». (Vila 7 Este, “Fome e Pobreza”).
«Quando o capital
financeiro consegue impor a sua supremacia, a cidadania é suprimida. É a isto
que estamos assistindo no Sul da Europa. Algo que já há duas décadas vivemos na
América Latina. Através da austeridade e das sanções (sempre apoiadas pelos
grandes meios da comunicação social) instala-se o fascismo de mercado» (Gilson Caroni, Carta Maior, 4.12.2011).
«Os países emergentes que
na crise global se tornaram a esperança do mundo ocidental, passam por momentos
difíceis, com fuga de dinheiro de investidores e consequente desvalorização da
moeda... provocando a ameaça de uma perigosa bolha inflaccionária e pondo toda
a economia em desordem...» (Rolf Wenkel,
“Fuga de capitais e desvalorização da moeda pressionam países emergentes”).
Naturalmente que o imperialismo,
a fase superior do capitalismo mas também a etapa derradeira de um
desenvolvimento financeiro minado por contradições, é a principal
característica do nosso tempo histórico. O imperialismo dos monopólios
disfarça-se sob a capa de construtor da liberdade, igualdade e fraternidade
globais, enquanto que, na realidade, origina e exporta a riqueza e a pobreza,
destrói a economia e o trabalho e afunda a humanidade no abismo entre ricos e
pobres, poderosos e humildes ou senhores e servos. Nada resolve e nega na
prática, sistematicamente, aquilo que promete em teoria.
Recorde-se que o agronegócio
surgiu não há muito tempo (nos anos 60 do século XX). Por essa mesma altura, as
superestruturas neoliberais instalavam nos mercados esquemas financeiros
inovadores que juntavam, numa única operação, as novas tecnologias, os
mecanismos de financiamento e a modalidade dos seguros de capitais de risco, de
forma a agilizar licenciamentos, estabelecer parcerias entre grupos
empresariais e organizar complexas instituições mundiais de controlo dos
mercados. Assim surgiram os contratos de futuro, as commodities, as megafusões
financeiras e as alianças estratégicas típicas da expansão do capitalismo
global.
A agricultura e a pecuária eram
campos experimentais privilegiados. No futuro, iria ser possível modificar as
sementes, aumentar artificialmente o número de colheitas, definir margens de
lucro a longo prazo, etc. Se tudo assentava em especulação, tanto melhor.
Especulação com lucro faz parte da vida…
Falou-se, na altura, que estas
novas concepções tinham surgido a partir de um estudo encomendado pelo governo
mexicano aos especialistas do Grupo Rockffeler acerca das políticas de produção
do milho. Tenha sido assim, ou não, certo é que nos anos seguintes se formou
uma imensa coligação de interesses na produção de transgénicos ou na clonagem
de carne: a CCE, NAFTA, APEC, ALCA, Mercosul… todos ligados ao Vaticano, à
Banca Mundial e a gigantescos produtores multinacionais como a MONSANTO e a
PIONEER.
Todas estas monstruosas forças
monopolistas visam destruir o Estado democrático e esmagar as populações e os
produtores directos, a Reforma Agrária e o Socialismo…
Mas têm pés de barro!
Fonte: Avante
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