Argentina – Diario Liberdade - A
Argentina abrirá ao público a partir de amanhã (20) os arquivos secretos das
juntas militares da última ditadura (1976-1983), encontrados em novembro do ano
passado em um edifício da Força Aérea.
O Ministério da Defesa permitirá
a consulta pública de digitalizações das 1.500 pastas para guardar papéis de
documentos achadas no subsolo do Edifício Condor (Buenos Aires). Antes de serem
liberadas, elas foram revisadas e classificadas pela Secretaria de Direitos
Humanos e postas à disposição da Justiça para as causas que averiguam crimes
contra a humanidade durante a ditadura.
Entre os documentos estão 280
atas originais das reuniões da cúpula militar durante a ditadura e as listas
negras de intelectuais e artistas elaboradas pelo regime.
Nessas listas apareceram os nomes
de 331 artistas, intelectuais e jornalistas assinalados como
"perigosos". Entre os citados estão os atores Federico Luppi e Héctor
Alterio, a atriz Norma Aleandro, os escritores Julio Cortázar e Osvaldo Bayer,
e a cantora Mercedes Sosa.
A exibição dos arquivos, que
foram encontradas por um funcionário da manutenção no dia 4 de novembro do ano
passado e entregues ao governo, será inaugurada pelo ministro da Defesa
argentino, Agustín Rossi, na Biblioteca Aeronáutica de Buenos Aires.
Das atas secretas, que abrangem
desde o golpe de Estado de 1976 até o retorno à democracia em 1983, consta a
postura dos membros da cúpula militar em assuntos diversos como as
reivindicações dos parentes de dissidentes desaparecidos e as relações com
países como Chile e Reino Unido. Também foi encontrado um plano de ação do
governo dos militares, que abrangia até o ano 2000, e documentação sobre os
setores econômicos civis que apoiaram o regime.
O material confidencial, que
poderá ser consultado pelo público em geral e por centros educativos, será
exibido a partir de amanhã através de dois postos virtuais de consulta. Nesses
locais, aparecerão todos os temas possíveis e a busca poderá ser feita a partir
de uma palavra-chave.
No prazo de dois meses, está
previsto que os catálogos com a documentação estejam disponíveis também na
internet.
O ato de abertura ao público faz
parte das atividades de reivindicação da memória programadas por ocasião dos 38
anos do golpe de estado, ocorrido em 24 de março de 1976.
Na próxima segunda-feira (24), a
Argentina lembrará também o 10º aniversário da criação do Espaço Memória e
Direitos Humanos na ex-sede da Escola de Mecânica da Armada (Esma), um dos
principais centros clandestinos de detenção durante a ditadura. Outra
iniciativa de destaque é a sinalização de vários ex-centros clandestinos de
detenção em todo o país.
Fonte: Diario Liberdade e RBA
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