Brasil - PeleNegra - Aos gritos
de "escravo" e "voltem para a senzala".
Imigração europeia e branqueamento
O racismo brasileiro tem como um
de seus pilares o "ideal de branqueamento". No século XIX, nos
considerávamos uma nação incapaz de se desenvolver pelo "excesso" de
negros" que tínhamos em nossa população. Para resolver este e outros
"problemas", nossa elite dominante e branca investiu em um processo
de imigração que privilegiava a vinda de imigrantes europeus. O objetivo era
dar contornos menos trágicos ao "problema negro". Afinal, se
misturássemos um pouco estes imigrantes à população local, não sanearíamos
totalmente a questão, mas reduziríamos as consequências de uma realidade que se
apresentava tão funesta para os destinos da nação.
Ainda, o mito da democracia racial
Muitos, para negar a existência
do racismo brasileiro e reafirmar o mito da democracia racial escamoteam e
omitem esta passagem de nossa história, mas parece que a história insiste em se
repetir, e não como farsa, mas como tragédia.
A vinda de médicos cubanos para o
Brasil parece ter exposto esta ferida, ainda não cicatrizada.
Cuba, uma terra de oportunidades
Cuba, uma nação socialista, tem
em sua constituição elementos similares à nossa história. Também foi um colônia
de exploração, uma enorme "plantation" produtora de cana-de-açúcar e
fumo para exportação, e para tanto, fez uso de grande número de população
escrava negra e africana. Com a implantação do socialismo, a partir dos anos
1960, esta população foi beneficiada pelos progressos sociais advindos da
revolução. Neste país, hoje, tão hostilizado por nossas elites brancas, há negros
médicos, engenheiros, professores, em número expressivo. Daí, quando se falava
da vinda de médicos cubanos, já esperávamos a chegada de médicos negros.
Imigração negra, um pesadelo para nossas elites brancas
Há 100 nos atrás, juntávamos aos
nossos, populações vindas da Europa, e nossa elite maldizia a chegada de
japoneses, contudo, considerava tal fato, um mal menor, um leve descompasso.
Hoje, vivemos de novo a experiência da imigração, entretanto, com maus
presságios, assim avalia nossa elite, ainda branca. São bolivianos, angolanos,
haitianos, cubanos, um "mal insanável ", devem estar pensando,
"tanto esforço e agora negros e e índios chegam aos borbotões, temos de
estancar esta sangria".
O racismo nestas manifestações
É assim que vemos as manifestações
contra a vinda de médicos cubanos ao Brasil. Um bando de racistas, descendentes
daqueles que modelaram nosso processo social e inventaram a imigração como
solução para o "problema negro", portanto, não há do que se chocar
quando assistimos tais atitudes. O racismo brasileiro existe.
Uma ferida aberta, uma chaga que
não cicatriza, um choro perdido nos porões de um tumbeiro.
fonte: Diario Liberdade
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