LBI-As fotos em si são repugnantes.
Na cerimônia de 20 anos atrás, Clinton, Arafat e Rabin celebravam os “Acordos
de Oslo” que se mostraram como uma farsa completa para deter a luta
revolucionária do povo palestino. Agora, na gestão Obama, novamente a bandeira
palestina está lado a lado com as dos chacais ianques e sionistas.
Na mesa, o
Secretário de Estado estadunidense, John Kerry, encena uma confraternização
entre representantes da corrompida ANP de Abbas com a ex-agente do Mossad e
hoje Ministra de Justiça israelense, Tzipi Livni, para celebrar a retomada das
“conversações de paz” em Washington paralisadas desde 2010.
A grande questão a decifrar no cenário atual é
o que de fato está por trás das aparências, já que os atores são praticamente
os mesmos e as “negociações” giram em torno do tema do congelamento das
colônias sionistas, já rejeitado por Israel. Sem dúvida, estamos vendo uma ação
planejada por Obama no marco do esforço por estrangular a retomada da luta
revolucionária do povo palestino. Não por acaso, a novo “diálogo” ocorre após a
libertação unilateral por Israel de 104 presos palestinos, medida tomada sob
pressão da Casa Branca para criar um “ambiente” mais propício para sua Ópera
Bufa. Enquanto teatralizam negociações monitoradas pelos EUA, o imperialismo
ianque de fato ataca em todos os terrenos o povo palestino, vide os túneis que
o “governo de transição” no Egito destruiu na fronteira com a Faixa de Gaza sob
as ordens do Pentágono ou no cerco constante a Síria e ao Hezbollah como parte
da guerra que prepara contra o Irã.
O que estamos vendo é a tentativa
de Obama costurar um acordo mínimo para continuar apresentando a desacreditada
ANP como interlocutora legítima do povo palestino, enquanto o Pentágono caça
junto com o enclave sionista os grupos da resistência que se opõem a participar
da farsa montada pelo Departamento de Estado.
No marco do teatro, Obama emitiu
um comunicado nesta segunda-feira em que saudava a retomada das conversações,
mas advertiu as partes para o difícil caminho. “Este é um promissor passo
adiante, embora o trabalho duro e as escolhas difíceis ainda estejam à frente”.
O falcão negro afirmou que os EUA estarão disponíveis para apoiar palestinos e
israelenses “através das negociações, com o objetivo de alcançar dois Estados,
vivendo lado a lado, em paz e segurança”. Já Kerry declarou ao lado da
nazi-sionista Tzipi Livni e do negociador palestino Saeb Erakat, depois da
primeira rodada de enrolação: “Acredito que os líderes, os negociadores e os
cidadãos envolvidos podem alcançar a paz por uma razão muito simples: eles são
obrigados.
Uma solução viável para dois Estados
(israelense e palestino) é o único caminho para resolver o conflito. Não há
muito tempo para chegar a isso e não há alternativa” (G1, 30/07). Mais do
mesmo, a velha tese furada dos dois Estados, enquanto o que resta da Palestina
histórica é atacada diariamente pelo enclave sionista e seus aliados. No marco
das jogadas midiáticas está a resistência de Israel e dos EUA em aceitar o
status de “Estado observador não-membro” da ONU aprovada na sua assembleia
geral em dezembro de 2012. Naquela ocasião, Abbas e uma ala do Hamas abriram
mão até mesmo da defesa do Estado palestino na ONU, suplicando que este covil
imperialista aprovasse “status” de bantustão cercado pelo enclave sionista.
Como se observa, nada de positivo obviamente
pode vir destas conversações a não ser mais pressão contra a luta direta do
povo palestino contra seus algozes. Em uma declaração dada na capital egípcia,
Cairo, onde Abbas se encontrou com o presidente interino do Egito e
representante do governo golpista, o representante da ANP disse que “nenhum
colono israelense ou forças de fronteira poderão permanecer em um futuro Estado
palestino; os palestinos têm como ilegais todos os assentamentos judeus além da
Linha Verde”.
Longe de ter qualquer caráter progressista, a
proposta de Abbas representa o prolongamento dos Acordos de Oslo, acrescido
desta vez, com a participação da recém-cooptada direção política do Hamas para
este projeto de formalização do “bantustão” palestino. Al Fatah e o Hamas
querem, na realidade, pressionar possíveis “aliados” internos em Israel, como o
trabalhismo e a suposta “esquerda sionista” assim como a União Europeia para
que tomem posição em defesa de um acordo com as direções palestinas em torno da
tese dos “dois Estados”, uma vez que Netanyahu vem ampliando selvagem e
violentamente à ponta de baioneta os assentamentos de colonos israelenses sobre
o território da Cisjordânia, o que fez as “negociações de paz” emperrarem, já
que a ANP “exigia” o reconhecimento de um “Estado palestino” restrito à Faixa
de Gaza e à Cisjordânia.
Por esta “solução”, uma ficção de
Estado palestino conviveria lado a lado com a máquina de guerra sionista. Não
será destas “conversações de paz” que se “garantirá” a existência de um “Estado
nacional palestino” se este continua cercado e atacado por Israel, mas a luta
de seu povo contra o imperialismo e o enclave sionista através da retomada dos
territórios históricos pela resistência popular.
Às vésperas de completar os 20
anos dos Acordos de Oslo, celebrados em setembro de 1993 entre Arafat, Clinton
e Rabin, quando foi criada a ANP, uma espécie de embrião do que se vendia às
massas palestinas como sendo seu futuro Estado soberano, a farsa volta à mesa
de negociação com Obama após seu rotundo fracasso. Os Acordos de Oslo, fruto do
“processo de paz” ditado pelo imperialismo ianque, consistiam em um artifício
para paralisar e amortecer o levante revolucionário que eclodiu com a primeira
Intifada das massas palestinas, em 1987 e que já durava sete anos. Esses
acordos buscavam frear a onda revolucionária aberta na região, que colocava em
xeque não só o domínio imperialista e a existência de Israel, como também
questionava os próprios regimes nacionalistas das corruptas burguesias árabes
exportadoras de óleo cru.
Arafat e a OLP, vendendo ilusões ao povo
palestino, colocaram em marcha uma orientação contrarrevolucionária que se
baseava na aceitação da existência do Estado sionista e da pilhagem que este
promoveu do território histórico palestino, através de décadas de assassinatos
em massa. A traição histórica da OLP às massas palestinas dava-se em troca da
promessa da criação de um fictício Estado autônomo palestino restrito a uma
pequena porção de seu território histórico, pouco mais de dois mil km2 do total
dos vinte e sete mil km2 rapinados pelo sionismo, reduzido às terras mais
áridas e sem acesso ao mar, onde 70% da população palestina vive abaixo da
linha de pobreza.
Pelos acordos auspiciados pelos
EUA, criou-se a ANP, uma estrutura político-militar que serve de polícia
política contra o próprio povo palestino com o objetivo de reprimir a revolta
das massas frente às investidas de Israel. Valendo-se do prestígio junto às
massas gerado pela expectativa ilusória de conquistar o “Estado palestino”,
Arafat subordinou a heroica luta palestina pela sua verdadeira pátria aos
interesses comuns do imperialismo e das burguesias árabes, ambos ávidos por
estabilizarem a convulsionante conjuntura do Oriente Médio para garantir os
investimentos e lucros capitalistas na região.
Massivos investimentos da
Comunidade Europeia, de ONGs e do próprio imperialismo ianque foram feitos para
a criação da ANP e para controlar economicamente a região sob sua guarda. Ao
mesmo tempo em que surgia um estrato pequeno-burguês superior, composto pelas
autoridades palestinas, corrompidas pelas migalhas imperialistas. Para cumprir
essa tarefa, a ANP assumiu a função de gerente-capacho dos verdadeiros
bantustões cercados pelo exército israelense. Nestes territórios, Arafat e o
Conselho Nacional Palestino, uma espécie de parlamento simbólico controlado
pela OLP, não tem qualquer autonomia frente às forças militares e ao próprio
Estado sionista, já que todas as decisões tomadas pela ANP são submetidas a
Israel, que impede os palestinos de ter os mais elementares direitos soberanos,
como o acesso à água, a utilização do solo e subsolo, o uso de seu espaço aéreo
e do mar, a exploração de atividades comerciais, etc.
Os trágicos efeitos da orientação
contrarrevolucionária da OLP foram aos poucos desnudando-se. A cada rodada de
intermináveis negociações para a declaração de criação do fictício Estado
palestino, Israel e o imperialismo exigiam mais concessões, como o não retorno
dos refugiados e o controle político e militar total de Jerusalém, enquanto
avançavam com a edificação de novas colônias nas próprias áreas pretensamente
autônomas controladas pela ANP e respondiam frente à revolta palestina com
novos genocídios. Até hoje é o que vemos, quadro que só pode ser alterado com a
retomada da Intifada palestina, reação justamente que Obama que impedir via a
“retomada” das conversações de paz!
A justa aspiração do povo
palestino pela sua pátria, a retomada de seu território histórico e a
edificação de seu Estado apenas podem ser alcançados ligando as tarefas
democráticas pendentes com a luta pela revolução social. Essa imposição decorre
do controle que o imperialismo exerce sobre a região e devido ao caráter de
enclave militar de Israel, um Estado artificial montado pelos EUA para
controlar o Oriente Médio. A utopia reacionária da existência de "dois
estados" convivendo lado a lado, um sendo uma máquina de guerra instalada
no território palestino e outro um "Estado-bantustão", revela-se uma
farsa.
Essa fraude é o único
"Estado" palestino que o imperialismo e Israel estão dispostos a
aceitar. A reivindicação da construção de um Estado palestino laico e
não-racista somente tem consequência se está ligada à compreensão de que a
resolução plena da aspiração nacional palestina choca-se com os estreitos
limites do capitalismo decadente, ou seja, é impossível de ser concretizada
pela via da construção de um Estado nacional burguês, devido ao caráter de
opressão imperialista no Oriente Médio e particularmente na Palestina.
A única alternativa que poderá
dar uma resolução cabal à legítima reivindicação nacional do povo palestino,
assim como livrar as massas e trabalhadores da região de seus gigantescos
sofrimentos ao longo de vários séculos, é a defesa de uma Palestina Soviética
baseada em conselhos de operários e camponeses palestinos e judeus. A
expropriação do grande capital sionista, alimentado em décadas pelo
imperialismo ianque, impossível de ser conquistada sem a destruição
revolucionária do Estado de Israel, garantirá a reconstrução da Palestina sob
novas bases socialistas, trazendo para seu povo o progresso e a paz tão
almejada durante décadas de guerra de rapinagem imperialista nesta região onde
historicamente vários povos já viveram com harmonia e solidariedade!
Fonte site LBL QI
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