Bradley Manning foi absolvido da condenação mais grave, mas
enfrenta uma condenação que o pode levar na prática a uma prisão quase
perpétua.
Bradley Manning foi absolvido da
condenação mais grave, mas enfrenta uma condenação que o pode levar na prática
a uma prisão quase perpétua.
Apesar de ser absolvido do crime de ajuda ao
inimigo, que é punido com prisão perpétua, a soma dos restantes crimes, que
incluem roubo e espionagem, somam uma condenação até um máximo de 130 anos de
prisão, segundo o jornal Guardian. Mesmo que aplicado o cúmulo jurídico, as
perspetivas de Manning poder regressar à liberdade nas próximas décadas é
duvidosa.
As reações à sentença não se fizeram esperar e
a Amnistia Internacional declarou que "não é difícil tirar a conclusão de
que este julgamento de Manning serviu para enviar uma mensagem: o governo dos
EUA vai perseguir-vos". Por parte da Associação de Direitos Civis ACLU, a
reação foi semelhante, com acusações ao governo de procurar intimidar quem
venha a querer fazer denúncias semelhantes. "Apesar de nos sentirmos
aliviados por o sr. Manning ter sido absolvido da acusação mais grave, a ACLU
sempre defendeu que a passagem de informações à imprensa por razões de
interesse público não deviam ser julgadas à luz da Lei de Espionagem",
declarou Ben Wizner.
Eurodeputados escrevem carta aberta a Obama
Manning tornou-se um ícone da liberdade de
expressão em todo o mundo e foi já nomeado três vezes como candidato ao Nobel
da Paz. Esta terça-feira, 19 eurodeputados escreveram uma carta aberta dirigida
a Barack Obama e ao secretário da Defesa Chuck Hagel, pedindo a libertação do
soldado que denunciou com a sua ação alguns crimes de guerra que provocaram
mortes civis. Entre os subscritores encontram-se as eurodeputadas portuguesas
Marisa Matias, Alda Sousa e Ana Gomes.
"Longe de ser um traidor, Bradley Manning
agiu em consciência em nome do superior interesse do seu país", dizem os
eurodeputados, recordando que "onze anos e meio após a invasão
norte-americana do Afeganistão, essa nação ainda tem de criar uma democracia
que funcione e libertar-se dos Taliban e dos senhores da guerra
fundamentalistas".
"Estamos preocupados porque a guerra da
administração norte-americana aos autores de denúncias como Edward Snowden e
Bradley Manning é dissuasora do processo democrático tanto nos Estados Unidos
como na Europa", prosseguem os eurodeputados, pedindo a libertação do
soldado que passou os últimos três anos presos, incluindo dez meses em regime
de solitária "em condições que o Relator Espacial da ONU sobre Tortura
Juan Mendez considerou 'cruéis e abusivas'".
Fonte: Esquerda Net
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