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quarta-feira, 10 de abril de 2013

WikiLeaks revela que o Rei espanhol foi informante dos EUA já no franquismo


Estado espanhol - Diário Liberdade - Documentos revelados pelo portal Wikileaks demonstram a impaciência de Juan Carlos de Bourbon por chegar ao poder no Estado espanhol.

Nos últimos anos da ditadura do general Francisco Franco (1936-1975), o rei de Espanha, Juan Carlos de Bourbon, mostrou-se impaciente por chegar ao poder, ao ponto de chegar inclusive a pedir ajuda aos Estados Unidos para que convencesse o presidente, Carlos Arias Navarro, da necessidade de que Franco lhe traspassasse os poderes antes de morrer.

«Quanto mais demorar a se produzir a transição, menos valor terei e mais precário será o cenário do pós-franquismo», pensava o então príncipe na primavera de 1975, e assim o fez saber ao embaixador, segundo dados revelados pelo portal Wikileaks que mostram as ambições de poder do atual monarca espanhol naqueles anos.

Juan Carlos informou Washington sobre os detalhes da «crise cardíaca de Franco» a 16 de outubro de 1975 e pediu o apoio do embaixador estadunidense em Madri, Wells Stabler, para fazer com que Franco assinasse sua renúncia antes da morte, apesar de ele já em 1969 ter sido nomeado sucessor pelo ditador.

Os cabos também revelaram que o hoje rei de Espanha foi «o melhor informador dos Estados Unidos», para ganhar o apoio de Washington depois da morte do assassino Franco.

«O herdeiro do ditador converteu-se naquele momento crucial da história do Estado espanhol no melhor informador de EUA com a esperança de que com sua lealdade se ganharia o apoio de Washington depois da morte de Franco», informou nesta segunda-feira Wikileaks, a partir dos cabos diplomáticos estadunidenses compilados pelo portal.

O então secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger, em reiteradas ocasiões enfatizou a Stabler que seus contatos com Juan Carlos «devem ser tratados com a maior discreção», já que «estes relatórios têm um enorme valor para os EUA».

Juan Carlos informou a 5 de novembro de 1975 quais iam ser os movimentos do regime no Saara em um momento de tensão com Marrocos. Nos documentos de Wilikeaks há constância de reuniões formais e informais e conversas telefônicas.

Os dados também revelaram a disposição do Governo estadunidense para «apoiar» o sucessor de Franco em «vias da democratização», com o fim de impedir que «os comunistas e os estrangeiros de todas as cores jogassem um papel determinante» no estado europeu.

A base militar de Torrejón, umas férias em Palma ou um encontro com a National War College eram os cenários perfeitos para que o então príncipe das Astúrias oferecesse as informações requeridas por Stabler sobre o clima entre os oficiais das Forças Armadas franquistas, a fraqueza de Arias Navarro e a influência dessas e outras circunstâncias para as perspectivas de sua chegada ao trono. A evolução do Partido Comunista, da ultradireita, o estado de saúde de Franco, os relacionamentos com França e Portugal, as suas viagens ao Médio Oriente em busca de acordos petroleiros... essas e outras informações eram dadas periodicamente às autoridades norte-americanas pelo então príncipe e hoje monarca espanhol.

As revelações de Wikileaks somam-se agora aos escândalos de corrução financeira e política dos membros da família Real de Espanha, que complicaram a situação do chefe desse Estado, originando um aumento das reclamações de renúncia.

Wikileaks divulgou nesta segunda-feira mais de 1,7 milhões de novos arquivos confidenciais norte-americanos, que incluem as comunicações diplomáticas ou relatórios entre todos os países do mundo, durante a década de 1970.

  Fonte: site Diario Liberdade -  TeleSur e Juventud Rebelde.

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