
O pedido de exumação foi feito pela família e
pelo Ministério Público e autorizado pela Comissão Especial sobre Mortos e
Desaparecidos Políticos da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da
República, no ano passado. Xavier foi enterrado sob nome falso no cemitério de
Perus, em São Paulo. Em 1979, sua família encontrou uma ossada que seria do
guerrilheiro.
Em 1980, os restos mortais foram trazidos para
Inhaúma e, em 1998, foi feita a primeira exumação para tentar identificá-los,
sem sucesso. “Para a família é importante para sabermos se é realmente o Alex.
Essa dúvida persiste ao longo de mais de 30 anos. Queremos pelo menos encerrar
essa etapa de que conseguimos resgatar o Alex”, disse sua irmã, Iara Xavier,
que no mesmo ano perdeu outro irmão, Iuri Xavier, e, no ano seguinte, o marido,
Arnaldo Cardoso, todos vítimas da ditadura.
O registro oficial da morte de Alex Xavier
relata que ele teria sido morto durante um tiroteio, mas investigação da
comissão especial da Secretaria de Direitos Humanos revela que ele foi
torturado e executado. Segundo o procurador da República Sérgio Suiama, caso a
identidade da ossada seja confirmada, será possível prosseguir com uma
investigação criminal para processar os responsáveis pelo homicídio e pela
ocultação de cadáver, já que ele foi sepultado com nome falso.
“São dois objetivos aqui. O primeiro é dar uma
resposta à a família que há 40 anos vem procurando [descobrir] onde estão os
restos mortais de seu ente querido. E também dar uma resposta à sociedade em
termos de justiça e responsabilização dos autores dos crimes de homicídio e
ocultação de cadáver”, disse.
Os ossos coletados pelos peritos serão levados
para o Instituto Nacional de Criminalística, onde o material genético será
comparado com o de membros da família, inclusive o de Iuri Xavier, irmão de
Alex, que também teve os restos mortais exumados hoje.
“Esse trabalho, por si só, é uma denúncia de
que, enquanto não formos a fundo nesse problema, que é do Estado brasileiro, a
ditadura ainda vai persistir. Saber e esclarecer o que aconteceu com Alex é
limpar um pouco do que a ditadura deixou no Brasil”, disse o coordenador-geral
da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos, Gilles Gomes.
Alex Xavier, que militava na Ação Libertadora
Nacional (ALN), é um dos 361 mortos e desaparecidos durante a ditadura,
reconhecidos pela comissão especial da Secretaria de Direitos Humanos.
Fonte site: ebc.com.br Edição:
Tereza Barbosa
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