O acampamento montado após a
ocupação da usina Cambahyba, em Campos dos Goytacazes, segue em seu processo de
consolidação e organização das famílias. A área foi ocupada no madrugada do dia
2 de novembro por 200 militantes do MST. Além de estar desde 1998 classificada
como improdutiva pelo INCRA, a fazenda foi palco de horrores durante a ditadura
civil-militar brasileira: 10 presos políticos foram incinerados no local.
Nesta segunda-feira (5), uma
juíza de plantão assinou uma reintegração de posse com liminar de despejo, a
pedido dos proprietários. No entanto, no dia seguinte a decisão foi revogada, e
o resultado já foi considerado a primeira vitória do acampamento. No mesmo dia,
os acampados entraram com uma denúncia na polícia contra um pistoleiro que
ameaçava as famílias. O batalhão local se comprometeu a colocar rondas pela
região todos os dias.
Nos próximos dias os acampados
devem escolher o nome da ocupação. Os nomes mais cotados são os dos militantes
da luta contra a ditadura que foram incinerados no local. São eles: João
Batista Rita, Joaquim Pires Cerveira, Ana Rosa Kucinsk Silva, Wilson Silva,
David Capistrano, João Massena Melo, Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira,
Eduardo Collier Filho, José Roman e Luiz Ignácio Maranhão Filho.
Veja a nota de solidariedade do
Partido Comunista Brasileiro (PCB) sobre a ocupação da Camabahyba:
Durante a madrugada de
sexta-feira (02/11), o MST – com apoio de outras organizações – ocupou as
terras pertencentes à extinta Usina Cambahyba. O complexo de fazendas (7) não
cumpre função social e acumula dívidas de milhões com a União. O processo de desapropriação
está parado há mais de 10 anos, desde que o Incra considerou as terras
improdutivas e apontou para a possibilidade de desapropriação para fins de
Reforma Agrária.
O PCB saúda o MST e apoia a
ocupação das terras da Usina Cambahyba. É chegada a hora de cobrar das
autoridades ações concretas que garantam justiça social. As sete fazendas
pertencentes ao complexo foram consideradas improdutivas por decisão do juiz
federal Dario Ribeiro Machado Júnior, em decisão divulgada em 17 de junho do
corrente ano.
O complexo de fazendas de
Cambahyba tem violado a lei das mais variadas formas, tais como: exploração de
trabalho infantil, não pagamento de indenizações trabalhistas, crimes
ambientais e outros.
Entretanto, a dívida da usina não
para por aí. Recentemente, a confissão do ex-delegado do Dops Cláudio Guerra em
livro causou comoção nacional . As denúncias que constam na obra “Memórias da
uma guerra suja” revelam que os fornos da Cambahyba foram usados para incinerar
corpos de 10 militantes políticos durante a ditadura empresarial-militar
brasileira. Dentre eles, quatro eram dirigentes do Partido Comunista Brasileiro
(PCB). Neste momento histórico, de ocupação das terras da extinta Usina
Cambahyba, lembramos dos militantes e dirigentes do PCB que tombaram na luta
durante o período da ditadura militar e tiveram seus corpos incinerados
naqueles fornos:
Luís Maranhão, José Roman, João
Massena e David Capistrano: presentes!
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