Quebra de sigilo do contador da
quadrilha de Carlinhos Cachoeira mostra que o escritório do subprocurador-geral
da República Geraldo Brindeiro recebeu R$ 161,2 mil das contas de Geovani
Pereira da Silva, procurador de empresas fantasmas utilizadas para lavar
dinheiro do esquema criminoso. De acordo com o senador Pedro Taques (PDT-MT),
que analisou laudo de perícia financeira constante no inquérito que investiga o
contraventor e seus comparsas, o escritório Morais, Castilho e Brindeiro
Sociedade de Advogados recebeu o montante em cinco parcelas, a maior delas de
R$ 76 mil. "Não é possível que um membro do MPF advogue para uma quadrilha
criminosa enquanto homens da Polícia Federal se arriscam investigando os
acusados", criticou Taques.
O senador, que trocou o MPF pelo
parlamento, explicou que juristas ingressos na procuradoria antes de 1988 têm o
direito de advogar, pois a limitação passou a constar apenas na nova
Constituição. O parlamentar, no entanto, questiona o suposto conflito na
prestação de serviços do escritório do subprocurador à quadrilha de Cachoeira.
Ontem, Taques apresentou requerimento de informações à CPMI que investiga o
contraventor para que o colegiado apure as circunstâncias dos repasses do
contador de Cachoeira ao subprocurador.
Brindeiro foi procurador-geral da
República durante o governo Fernando Henrique Cardoso, de 1995 a 2003.
Criticado por não dar sequência a investigações de grande repercussão, ganhou o
apelido de "engavetador-geral da República".
Ação no CNMP
Dados da movimentação bancária em
análise pela comissão mostram que a Delta Construções fez depósitos nas contas
de duas empresas de fachada, a Alberto Pantoja Construções e Transportes e a
Brava e essas firmas fantasmas repassaram os recursos para o contador de
Cachoeira. O escritório em que Brindeiro tem sociedade foi pago com recursos da
conta de Geovani.
O contador é considerado uma das
principais testemunhas no inquérito contra Cachoeira. Ele era procurador de
empresas de fachada usadas para lavar o dinheiro no esquema da quadrilha. A
Polícia Federal monitorou pelo menos oito contas registradas no nome do
comparsa de Cachoeira. Apesar de declarar renda anual de R$ 21,3 mil e
patrimônio de R$ 197,5 mil, Geovani chegou a movimentar R$ 4,3 milhões nas
contas em que tem titularidade.
Paralelamente às ações da CPI,
Taques anunciou que entraria com ação no Conselho Nacional do Ministério
Público (CNMP) para apurar o serviço advocatício prestado pelo escritório de
Brindeiro. O senador do PDT também entrou com ação solicitando a
indisponibilidade de bens da Delta Construções. Taques decidiu lançar mão de
instrumentos externos para ter resultados mais rápidos em relação às
irregularidades apuradas pela PF e os trabalhos iniciais da comissão.
O Correio entrou em contato com o
escritório de advocacia do subprocurador, mas não recebeu resposta até a
publicação desta edição.
"Não é possível que um
membro do MPF advogue para uma quadrilha criminosa enquanto homens da Polícia
Federal se arriscam investigando os acusados"
Pedro Taques (PDT-MT), senador
"É algo que diz respeito à
advocacia privada. Mas claro que qualquer fato com que a gente se depare, temos
que examinar se há algo para se apurar em relação a isso".
Informações Correio Braziliense.
Fonte: Amigos do Presidente Lula Blog
Nenhum comentário:
Postar um comentário