Notável intervenção do Secretário Geral do FSM em pronunciamento da sessão do Conselho Presidencial do FSM realizado em Genebra, junho do corrente.
Queridos amigos e companheiros,
Saudamos a todos os presentes em nossa reunião de hoje e agradeço-lhes pela sua participação neste evento que tem como objetivo informar sobre as iniciativas e atividades da FSM já aprovadas pelo Secretariado, para ouvir suas sugestões.
Dois ou três anos atrás, quando surgiu a nova crise do sistema, ouvimos muitos analistas tentando convencer-nos de que a culpa pela crise era dos Golden Boys, o capitalismo de casino e outros comentários bonitos e agradáveis …
Agora, esses mesmos analistas tentaram e ainda tentam nos convencer de que devemos culpar os maus trabalhadores gregos, aos maus trabalhadores portugueses, que a culpa é do povo espanhol, dos italianos, irlandeses, belgas, etc, dos grandes salários dos trabalhadores, etc.
Todas estas análises têm um único objetivo: esconder a verdade aos trabalhadores. Esconder que a crise é uma crise profunda do sistema capitalista, que multiplica as rivalidades inter-imperialistas e inter-capitalistas pelo controle de novos mercados, a redistribuição das fronteiras para controlar os países e as fontes de produção de riqueza.
Esta é a verdade. Esta é a realidade.
Basta olhar para os conflitos entre o euro e o dólar.
Basta olhar para o antagonismo por parte dos dirigentes do Fundo Monetário Internacional.
Basta olhar para o antagonismo do conflito no norte da África.
Basta olhar para a barbárie imperialista contra o povo da Líbia.
Basta olhar para a estratégia dos EUA e da OTAN para o chamado novo Oriente Médio.
Basta olhar para o enorme aumento dos preços dos alimentos como milho, trigo e açúcar.
São os Golden boys (meninos de ouro) que criaram esta situação?
Nós, membros e amigos da Federação Mundial Sindical, organizamos há dois meses em Atenas o 16º Congresso Sindical Mundial, conversamos sobre todos estes temas atuais e críticos. 828 delegados de 101 países analisaram de uma forma aberta, democrática e militante as contradições do mundo, tirando nossas conclusões e adotando nossas novas tarefas.
Com base neste debate rico sublinhamos que a crise do sistema capitalista está sendo paga pelos trabalhadores, a crise exacerbou as contradições entre os trustes, cartéis e grupos de Estados, criando guerras e estados-fantoches dos EUA e seus aliados. Também aumenta a desigualdade e a competitividade.
A crise está sendo explorada por todos os governos capitalistas para derrubar os salários, reduzir as aposentadorias e pensões, privatizar os bens públicos, generalizando o emprego de tempo parcial, para abolir a negociação coletiva e os acordos coletivos.
A propaganda do capital de que, por meio de políticas anti-populares gerará crescimento e evolução da recuperação é um mito.
• Tome-se como exemplo a Grécia, onde esta política tem aumentado a taxa oficial de desemprego de 7% para 18%.
• Tome-se o caso da Irlanda, onde o desemprego, segundo dados oficiais registrados é de 14,6% em abril de 2011.
• Considere-se o caso de Portugal, onde no primeiro trimestre de 2011 o desemprego foi de 12,4%.
Mas, em geral, nos países da zona do euro, se confirma que o chamado desenvolvimento é fraco, muito frágil e temporário. A média da UE é de cerca de 0,6%, sem qualquer dinâmica. O Japão é de cerca de 2%.
Nos EUA, apesar das grandes promessas, a OCDE espera um crescimento fraco em torno de 2,6%, enquanto a dívida dos EUA aumentará para 107% do PIB, e o desemprego, 8,8%.
O que significam estes dados? Significa que o capital e os seus líderes políticos não são capazes de oferecer uma solução viável para os trabalhadores. A crise está no DNA do sistema capitalista.
Perante esta situação, os sindicatos e os trabalhadores do mundo têm o dever de resistir, de lutar, de unir todos os trabalhadores, independentemente das diferenças políticas, religiosas e de outro tipo. Todos os trabalhadores pertencem à mesma classe e podem lutar juntos.
• Lutar para defender as conquistas dos nossos povos.
• Lutar para atender às necessidades atuais dos trabalhadores, imigrantes, sem-teto, desempregados, etc.
• Lutar para que cada família tenha alimentos e água potável.
• Lutar pela segurança social, educação, saúde pública, liberdades democrática e sindicais.
• Promover todas as demandas atuais, enquanto fazemos um apelo aos trabalhadores para encontrar uma saída real num mundo sem exploração do homem pelo homem, onde os próprios trabalhadores, os camponeses pobres, os trabalhadores por conta própria estarão no poder.
Todos os membros e amigos da FSM com os quadros eleitos no 16 º congresso, nos deparamos com novas responsabilidades, para implementar as decisões do Congresso, coordenar os trabalhadores em todos os setores, na luta contínua contra os monopólios e multinacionais.
NOSSAS INICIATIVAS
O próximo grande passo será o Dia Internacional de Ação da FSM, em 3 de Outubro, que, de acordo com a decisão do Secretariado, será um dia de duplo significado, pois coincide com o dia de fundação da Federação Sindical Mundial, em 03 de Outubro de 1945. Os principais objetivos são:
35 horas de trabalho semanais – sete horas por dia, cinco dias por semana, melhores salários
Serviços de segurança social para todos
Negociação coletiva – acordos coletivos
Liberdades democráticas e sindicais
Solidariedade com o povo palestino
O Dia Internacional de Ação marcará o início de novos protestos contra as privatizações e demissões. Deverá envolver a participação de todos os estratos sociais contra as políticas dos monopólios e das multinacionais.
Consideramos positivo que em muitos países de todo o mundo, os jovens e cidadãos indignados saiam e se manifestem nas ruas e praças. Acreditamos que devemos ajudar aqueles que participam "voluntariamente" a tomar consciência e olhar desde uma perspectiva classista as causas que criam os problemas, para ajudar as novas gerações a participarem dos sindicatos de uma maneira organizada. A luta organizada, com objetivos e conteúdos específicos, pode trazer resultados para o presente e o futuro.
18/Junho/2011 -
George Mavrikos
[*] Secretário-geral da Federação Sindical Mundial. Discurso pronunciado na reunião do Conselho Presidencial da FSM, realizada em Genebra.
A versão em castelhano encontra-se em www.comunistas-mexicanos.org/
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