Uma das maneiras mais eficazes de
se medir a força de uma mobilização é avaliar como se dá sua repercussão na
grande imprensa. Diante desta premissa, fica claro pra nós que a greve nacional
da categoria petroleira, iniciada no último dia 17 de outubro, está incomodando
muita gente.
Foi assim na greve histórica de
1995, não teria por que ser diferente agora.
Na noite de ontem, a abertura do
Jornal da Globo foi um exemplo claro de que a imprensa burguesa – agente histórico
do imperialismo e de qualquer medida que represente ataques à soberania
nacional – está preocupada em garantir a realização do leilão de Libra – a
maior privatização da história do país.
O apresentador da Rede Globo,
Willian Waack, começou o telejornal reivindicando a presença ostensiva da Força
Nacional e do Exército de Dilma no local em que será realizado o Leilão, no Rio
de Janeiro. Disse, de maneira contundente e em tom de exigência, que a lei
precisa ser garantida – discurso usado muitas vezes por agentes da repressão
nos anos de chumbo da ditadura militar.
Ditadura e repressão que estão
sendo reeditadas desde as jornadas de Junho, quando o povo foi às ruas. O envio
de mais de mil homens das forças repressivas do Estado ao local do leilão foi
um pedido do governador Sergio Cabral, atendido lamentavelmente pela presidente
Dilma, uma das vítimas da ditadura e da mão de ferro do Estado.
Mas o desfecho realmente
repugnante do telejornal foi feito por um dos comentaristas mais reacionários
da tevê brasileira: Arnaldo Jabour, que fez – em resumo – o seguinte
comentário:
“Essa greve é uma mistura de
ideologia e interesses sindicais e burrices. Isso. Primeiro porque eles querem
a volta da monopólio, é ignorância (…). O modelo não monopolista é ideal para o
país, é mais dinâmico, é mais lucrativo (…). Dilma tem de governar o país como
se guiasse uma carroça com dois cavalos: um rápido e moderno; e o outro, manco
e velho. Sempre que ela tenta modernizar algo os velhos mancos sindicais
ideológicos empacam. Talvez nem sejam cavalos e, sim, burros”.
Clique aqui e assista na íntegra
o comentário de Arnaldo Jabour.
Além de ser um claro ataque aos
trabalhadores e à soberania nacional, o comentário de Jabour é uma sucessão de
equívocos e informações (propositalmente) falsas para confundir o povo
brasileiro. Claramente, foi a Petrobrás que descobriu (sozinha!) o pré-sal;
claramente, a Petrobrás tem condições (com a construção de outro ritmo de
exploração) de não apenas operar, mas controlar a exploração do pré-sal sozinha
e submetida a um plano nacional de investimentos em educação, saúde e transporte. Jabour tenta desconstruir tudo
isso, assim como fazem setores governistas que ainda insistem em defender o
leilão com o argumento de que é preciso parcerias.
Lamentável que a presidente Dilma
tenha como um dos principais aliados para realizar a maior privatização da
história deste país uma das figuras mais reacionárias e repudiadas da grande
imprensa, um claro representante da direita brasileira que sempre foi a responsável
por realizar o desmonte dos patrimônios nacionais. Entretanto, agora é pelas
mãos do atual governo, é pelas mãos de Dilma que o maior crime de lesa-pátria
deste país pode ser desferido contra o povo.
Os trabalhadores petroleiros
estão vacinados contra os ataques da grande imprensa e, neste ano, ao contrário
de 1995, tem a seu favor uma conjuntura em que as manifestações e greves
carregam um grande apoio da população. O grito “O povo não é bobo, abaixo a
Rede Globo!” já está nas ruas. É hora de barrar o leilão de Libra e fortalecer
a greve da categoria petroleira em defesa do petróleo brasileiro e por um ACT
digno!
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