Nesta terça-feira, 01/10, os
estudantes da USP, reunidos na Cidade Universitária (Capital), deram um passo
importante para pressionar o reitor Rodas e o Conselho Universitário (CO) pela
abertura do processo democrático na principal universidade do Brasil.
Inicialmente, foi organizado pelo
DCE, pela Associação de Docentes (Adusp) e pelo Sindicato de Funcionários
(Sintusp), um ato em conjunto das três categorias denominado Dia D pelas
Diretas. O ato iniciou às 14h e contou com cerca de 500 pessoas que passaram a
tarde em frente à reitoria pressionando enquanto do lado de dentro acontecia
uma reunião do CO para definir qual o formato das eleições para reitor que
ocorrerão ainda este ano.
Regimento relembra a Ditadura
A USP é grande referência para
todas as universidades brasileiras e a forma de organização da universidade
também. Várias instituições seguem o modelo da USP de eleições indiretas e
lista tríplice. No caso da USP, somente uma pequena parcela pode votar nos
candidatos a reitor e os três mais votados têm seus nomes encaminhados ao
governador, que escolhe o que mais lhe agrade.
Foi assim no caso de Rodas (atual
reitor). Mesmo sendo o segundo mais votado, foi eleito por ter a preferência do
governador Geraldo Alckmin (PSDB), ou seja, por fazer o jogo do governo de São
Paulo de construir uma USP elitista, racista, excludente e privatizada. Foram
várias decisões ao longo dos anos de gestão, que mostraram o perfil do reitor.
Nos últimos meses, Rodas tentou
aplicar um golpe na comunidade da USP, chamando um “debate” e aceitando
propostas de modelos para eleição para reitor. Foram algumas propostas enviadas
para uma página criada pela reitoria, mas a proposta conjunta enviada pela
comunidade da USP só foi inserida na página nos últimos dias, depois de muita
pressão.
Hoje, 01/10 foi realizada uma
reunião do CO para definir o formato de democracia para as eleições. Os estudantes
propuseram que o CO fosse realizado abertamente com acompanhamento de todos,
mas a proposta foi rejeitada alegando que precisaria ser remarcada e publicada
no Diário Oficial, o que atrasaria a eleição. Depois foi votada a realização de
uma Estatuinte para reformar o estatuto da USP – que foi reformado pela última
vez na época da Ditadura – e embora tenha havido vitória dos estudantes e
trabalhadores por 58 a 47 votos, a Estatuinte não foi aprovada pois precisava
de 2/3 dos cerca de 150 votos dos membros do CO.
Ocupação da Reitoria
Uma parte dos representantes
discentes (estudantes eleitos nos cursos) abandonaram a reunião antes do
término e relataram os problemas para os estudantes que aguardavam do lado de
fora. A partir daí os estudantes ocuparam o saguão da reitoria e realizaram uma
plenária.
À noite foi realizada uma
assembléia com cerca de 800 estudantes que determinou pela continuidade da
ocupação e greve imediata. Foram realizadas outras votações sobre os eixos e
bandeiras da greve e da ocupação.
A partir de agora, as mobilizações
que já haviam deflagrado greve na Faculdade de Direito por falta de matrículas
em diversas matérias e na EACH (Escola de Artes e Ciências Humanas) na Zona
Leste de São Paulo por causa da contaminação do terreno onde o campus foi
construído, passa a ser geral.
Já nesta quarta-feira, os cursos
farão assembleias para divulgar as informações para os estudantes e ampliar a
mobilização.
A maior universidade de São Paulo
sai do seu estado de inércia, que até então deixava os estudantes afastados e
passa para uma grande mobilização que promete sacudir a estrutura de poder e
conseguir uma grande vitória pela democracia e por mais direitos para toda a
comunidade da USP.
Fonte: A verdade
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