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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O que está por trás da compra da CSA pela CSN?


PCO- A CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) está tentando liberar R$ 4 bilhões do BNDES para viabilizar a compra do controle da CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico), propriedade da multinacional alemã ThyssenKrupp. O BNDESPar, a divisão de investimentos do Banco, ficaria com 30% da empresa.

A CSA encontra-se quase falida, dando prejuízo, após ter consumido R$ 13,8 bilhões, quase o dobro dos investimentos previstos, para produzir 5 milhões de toneladas de placas de aço por ano. A unidade foi colocada à venda em maio de 2012 pela ThyssenKrupp junto com uma laminadora da multinacional alemã nos Estados Unidos que também está sendo contemplada na negociação.

A CSA deve R$ 2,5 bilhões ao próprio BNDES. Enfrenta denúncias de desmatamento em áreas de preservação ambiental. Emitiu poluentes muito acima dos níveis máximos permitidos, contando com a cumplicidade do governo do Rio de Janeiro, devido à falta de investimentos em tecnologia, o que ocasionou doenças na população da região. Em três ocasiões foi emitida uma nuvem poluente de particulados, conhecida como chuva de prata, que vai à grande distância na área onde ela está instalada e afeta pesadamente a saúde das pessoas.

No momento, a CSA está cumprindo 134 ações ambientais reparadoras.

Trata-se de mais um dos negócios espúrios promovidos pelo BNDES, em cima de recursos públicos, com o objetivo de salvar os lucros dos grandes capitalistas e manter as amarrações imperialistas.

As licenças ambientas, emitidas no governo Rosinha Garotinho, ainda são provisórias e foram renovadas nos últimos dias. A CSA recebeu três multas nos últimos anos por R$ 14,1 milhões, muito distante dos danos produzidos, as quais ainda não pagou protegida pelo TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) avaliado em R$ 100 milhões.

Segundo o secretario do Meio Ambiente do Rio de Janeiro, Carlos Minc, a CSA teria cumprido em 60% do TAC e o passivo ambiental da CSN é muito pior, avaliado em R$ 400 milhões.

Apesar da propaganda demagógica da CSA que disse que a usina localizada na Baia de Sepetiba, no estado do Rio de Janeiro, possui alguns dos mais modernos equipamentos do setor, seria autossuficiente em energia e reaproveitaria 96% da água, a empresa encontra-se sucateada. Operações fundamentais para uma siderúrgica, como o lingotamento (transformação do material líquido em lingotes sólidos), nunca funcionou e o material tem sido direcionado para a aciaria e para o poço de emergência, aumentando os problemas ambientais.

A CSN: o fracasso dos primórdios do neoliberalismo no Brasil

A privatização da CSN foi feita em 1993, por irrisórios R$ 1,2 bilhões e o cancelamento de dívidas nesse mesmo valor; levou a cidade de Volta Redonda quase à ruina. O governo iniciou as demissões em massa na CSN, já nos anos 80, para preparar a empresa para o leilão de privatização. Os ataques culminaram na greve com ocupação de fábrica em 1988, que resultou na morte de três jovens operários pelo Exército.

Mais de 23 mil dos 30 mil funcionários foram demitidos e a terceirização virou a norma. Os que permaneceram ficaram submetidos ao arrocho salarial e ao aumento da exploração. A cidade viu aumentar o número de desempregados, a violência social e a queda do comércio em 50%. Muitos jovens, filhos dos operários foram obrigados a abandonarem a cidade por falta de perspectiva de emprego.

A CSN é o resultado de uma longa luta das correntes e personalidades progressistas do país e das massas. Foi construída por Getúlio Vargas em 1941 e inaugurada em 9 de abril de 1946 no governo do presidente Dutra. A construção somente foi possível devido ao enfraquecimento econômico do imperialismo durante a Segunda Guerra Mundial. A CSN fazia parte do projeto da burguesia nacional brasileira de industrializar o País, criando a maior siderúrgica da América Latina para estabelecer uma indústria de base que possibilitasse o desenvolvimento da industrialização capitalista do país. Em duas décadas, a produção nacional de aço saltou de 200 mil toneladas para mais de um milhão de toneladas.

O colapso financeiro da CSN revela o fracasso das políticas neoliberais. Apesar de ter sido repassada aos abutres capitalistas a preço de banana, de ter atacado os trabalhadores em larga escala e de ter absorbido bilhões em recursos públicos, não conseguiu se manter como uma empresa rentável. O motivo: as privatizações não buscam nenhuma eficiência operacional e administrativa, conforme propagandeia a burguesia, mas os maiores lucros a qualquer custo para os capitalistas que se apropriam dos recursos do povo brasileiro.

Fonte: site PCO

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