PCO- A CSN (Companhia Siderúrgica
Nacional) está tentando liberar R$ 4 bilhões do BNDES para viabilizar a compra
do controle da CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico), propriedade da
multinacional alemã ThyssenKrupp. O BNDESPar, a divisão de investimentos do Banco,
ficaria com 30% da empresa.
A CSA encontra-se quase falida,
dando prejuízo, após ter consumido R$ 13,8 bilhões, quase o dobro dos
investimentos previstos, para produzir 5 milhões de toneladas de placas de aço
por ano. A unidade foi colocada à venda em maio de 2012 pela ThyssenKrupp junto
com uma laminadora da multinacional alemã nos Estados Unidos que também está
sendo contemplada na negociação.
A CSA deve R$ 2,5 bilhões ao
próprio BNDES. Enfrenta denúncias de desmatamento em áreas de preservação
ambiental. Emitiu poluentes muito acima dos níveis máximos permitidos, contando
com a cumplicidade do governo do Rio de Janeiro, devido à falta de
investimentos em tecnologia, o que ocasionou doenças na população da região. Em
três ocasiões foi emitida uma nuvem poluente de particulados, conhecida como
chuva de prata, que vai à grande distância na área onde ela está instalada e
afeta pesadamente a saúde das pessoas.
No momento, a CSA está cumprindo
134 ações ambientais reparadoras.
Trata-se de mais um dos negócios
espúrios promovidos pelo BNDES, em cima de recursos públicos, com o objetivo de
salvar os lucros dos grandes capitalistas e manter as amarrações imperialistas.
As licenças ambientas, emitidas
no governo Rosinha Garotinho, ainda são provisórias e foram renovadas nos
últimos dias. A CSA recebeu três multas nos últimos anos por R$ 14,1 milhões,
muito distante dos danos produzidos, as quais ainda não pagou protegida pelo
TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) avaliado em R$ 100 milhões.
Segundo o secretario do Meio
Ambiente do Rio de Janeiro, Carlos Minc, a CSA teria cumprido em 60% do TAC e o
passivo ambiental da CSN é muito pior, avaliado em R$ 400 milhões.
Apesar da propaganda demagógica
da CSA que disse que a usina localizada na Baia de Sepetiba, no estado do Rio
de Janeiro, possui alguns dos mais modernos equipamentos do setor, seria
autossuficiente em energia e reaproveitaria 96% da água, a empresa encontra-se
sucateada. Operações fundamentais para uma siderúrgica, como o lingotamento
(transformação do material líquido em lingotes sólidos), nunca funcionou e o
material tem sido direcionado para a aciaria e para o poço de emergência,
aumentando os problemas ambientais.
A CSN: o fracasso dos primórdios
do neoliberalismo no Brasil
A privatização da CSN foi feita
em 1993, por irrisórios R$ 1,2 bilhões e o cancelamento de dívidas nesse mesmo
valor; levou a cidade de Volta Redonda quase à ruina. O governo iniciou as
demissões em massa na CSN, já nos anos 80, para preparar a empresa para o
leilão de privatização. Os ataques culminaram na greve com ocupação de fábrica
em 1988, que resultou na morte de três jovens operários pelo Exército.
Mais de 23 mil dos 30 mil
funcionários foram demitidos e a terceirização virou a norma. Os que
permaneceram ficaram submetidos ao arrocho salarial e ao aumento da exploração.
A cidade viu aumentar o número de desempregados, a violência social e a queda
do comércio em 50%. Muitos jovens, filhos dos operários foram obrigados a
abandonarem a cidade por falta de perspectiva de emprego.
A CSN é o resultado de uma longa
luta das correntes e personalidades progressistas do país e das massas. Foi
construída por Getúlio Vargas em 1941 e inaugurada em 9 de abril de 1946 no
governo do presidente Dutra. A construção somente foi possível devido ao
enfraquecimento econômico do imperialismo durante a Segunda Guerra Mundial. A
CSN fazia parte do projeto da burguesia nacional brasileira de industrializar o
País, criando a maior siderúrgica da América Latina para estabelecer uma
indústria de base que possibilitasse o desenvolvimento da industrialização
capitalista do país. Em duas décadas, a produção nacional de aço saltou de 200
mil toneladas para mais de um milhão de toneladas.
O colapso financeiro da CSN
revela o fracasso das políticas neoliberais. Apesar de ter sido repassada aos
abutres capitalistas a preço de banana, de ter atacado os trabalhadores em
larga escala e de ter absorbido bilhões em recursos públicos, não conseguiu se
manter como uma empresa rentável. O motivo: as privatizações não buscam nenhuma
eficiência operacional e administrativa, conforme propagandeia a burguesia, mas
os maiores lucros a qualquer custo para os capitalistas que se apropriam dos
recursos do povo brasileiro.
Fonte: site PCO
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