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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Relação com o Brasil e integração regional.


A Venezuela tem no Brasil um de seus principais parceiros nos campos econômico e social. No país venezuelano, o Brasil contribui com projetos como o de construção de moradias e de uma siderúrgica.

No ano de 2003, as trocas comerciais entre Brasil e Venezuela movimentaram 880 milhões de dólares. Já em 2011, atingiram a marca de 5,9 bilhões de dólares, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). No último período, o Brasil obteve um superávit positivo, já que vendeu aos venezuelanos 4,7 bilhões de dólares e importou 1,2 bilhão de dólares. O salto foi impulsionado pela construção de uma relação bilateral entre os dois países, iniciada desde os primeiros momentos do governo de Hugo Chávez.

O embaixador da República Bolivariana da Venezuela no Brasil, Maximilien Arvelaiz, destaca que a parceria não se limitou ao campo da economia e está centrada em um ambicioso projeto de integração regional.

“É impossível imaginar qualquer processo de mudança e de integração regional sem o Brasil como parceiro. E, por isso, a primeira visita do Chávez como presidente eleito foi para o Brasil, no final de 1998, quando ele saiu de Caracas para se reunir, em Brasília, com o então presidente Fernando Henrique Cardoso.”

Na interpretação de Maximilien, mais do que aproximar as duas nações, a cooperação mútua se transformou em uma referência para os demais países da América Latina. Ele acredita que a “tendência progressista” e a amizade entre Hugo Chávez e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva colaboraram para que o processo fosse mais amistoso.

“A partir de 2003, com a eleição do presidente Lula, deu-se um salto qualitativo extraordinário. E, a partir daí, se estabeleceram várias áreas de cooperação, de parceria entre o Brasil e a Venezuela, onde o elemento político foi um componente fundamental, uma alavanca, de tal modo que a relação Caracas-Brasília é um eixo dinamizador fundamental de todo esse processo de integração e de união que estamos vivendo na América Latina desde o princípio dos anos 2000.”

Alto potencial e baixo IDH

A Venezuela acaba de ser certificada como detentora da maior reserva de petróleo do mundo, com aproximadamente 297 bilhões de barris. Possui 1,5 mil quilômetros de fronteira com o Brasil, sendo a saída prioritária para o Caribe, a partir da região amazônica brasileira. Essas características são consideradas estratégicas e reúnem um potencial jamais explorado, como explica o chefe da Missão do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) na Venezuela, Pedro Silva Barros.


“Uma integração de infraestrutura e produtiva entre a Amazônia – que é a maior reserva de biodiversidade do mundo – com a faixa petrolífera do Orinoco vincularia o processo de desenvolvimento das duas áreas e potencializaria o desenvolvimento dos dois países. São duas áreas ricas, porém, com um índice de desenvolvimento menor que a média dos respectivos países.”

A Venezuela é o segundo maior parceiro comercial do Brasil, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Barros avisa que a relação de compra e venda entre Brasil e Venezuela, apesar de robusta, não está assegurada e depende da aproximação entre os setores produtivos.

“O principal desafio é transformar o aumento do comércio em integração produtiva. Outro desafio é vincular o processo de desenvolvimento econômico, social e político do Brasil ao dos seus vizinhos, fortalecendo instituições multilaterais como o Mercosul e a Unasul. Mas, também, promovendo projetos conjuntos, em particular nas áreas de fronteira.”

A partir desse direcionamento político, instituições oficiais se instalaram no país vizinho. Entre elas, o Ipea, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Caixa Econômica Federal. A parceria também abriu espaço para as empresas privadas, sobretudo as empreiteiras, que hoje são responsáveis por grandes obras de infraestrutura – tocadas com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Os empreendimentos mais importantes são as pontes sobre o Rio Orinoco - o segundo maior da América do Sul, em volume d’água; expansão do metrô de Caracas; construção de uma siderúrgica; estaleiro para a fabricação de embarcações petroleiras; e participação no principal programa do governo destinado a construção de moradias populares.

Mundo multipolar

O Brasil não é a única prioridade da política externa de Hugo Chávez. A cada dia se estreitam mais as relações com os países que apresentam maior índice de desenvolvimento de suas economias, os chamados Brics.

Em 1998, os Brics responderam por 5% das importações venezuelanas, enquanto os Estados Unidos forneceram 43% dos produtos que a Venezuela comprou naquele ano. Já em 2010, os Brics dominavam 21,5% desse mercado, diante de uma redução da participação estadunidense, que chegou a 31%. Barros argumenta que essa reconfiguração nas relações econômicas é intencional e está atrelada a um direcionamento político.

“O Brasil, a China e a Rússia aumentaram muito a presença na Venezuela em detrimento de uma hegemonia nas relações que existiam antes com os Estados Unidos. Isso aconteceu em várias outras partes do mundo. O Brasil, a Índia, a China e a Rússia aumentaram o seu papel, mas no caso da Venezuela há um componente que não é apenas o aumento do peso que os países dos Brics tiveram, mas combina com um componente político também.”

A tese de Pedro Barros é confirmada por Maximilien Arvelaiz, que compreende o modelo de cooperação venezuelano como um esforço geopolítico para a construção de um “mundo multipolar”.

“Muitas soluções nós podemos conseguir mirando em países irmãos da África, da Ásia, como China e Vietnã, e a Rússia – para falar de Europa. Enfim, países que têm tradição industrial e econômica que são muito importantes para nós. Assim, podemos chegar a um mundo multipolar, com várias regiões que buscam o equilíbrio. Um mundo de paz e com mais justiça social.”

 Fonte: site  radioagenciaNP - por Jorge Américo,



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