José
Goulão
" É verdade que o Nobel da Paz anda
pelas ruas da amargura, de tal modo que o Parlamento Norueguês se viu forçado a
destituir o anterior presidente do Comité, o ex-primeiro ministro Thorbjørn
Jagland, por comprovada corrupção. Jagland, presidente do Conselho da Europa e
um dos notáveis trabalhistas (sociais-democratas) noruegueses, foi relegado
para a posição de membro do Comité e nessa qualidade – mostrando uma notável
coerência e uma desafiadora contumácia – é agora um dos dois elementos que já
se manifestaram pela atribuição do prémio a Poroshenko. O outro nessa situação
é o conservador Kenrik Syse, do mesmo partido que Kulmann Five, o atual
presidente do Comité, pelo que a formação da necessária maioria não é assim tão
imprevisível."
Depois de Barack Obama, chega a
vez de o regime neonazi vigente na Ucrânia poder vir a ser agraciado com o
Prémio Nobel da Paz através da figura do seu presidente, o oligarca Piotr
Poroshenko, entronizado através de eleições parciais e manipuladas.
Uma carta enviada pelo presidente
do Parlamento de Kiev, Vladimir Groysman, à encarregada de negócios da
Embaixada dos Estados Unidos em Oslo, Julie Furuta-Toy, agradece as pressões já
realizadas sobre o Comité Nobel a favor do chefe da junta ucraniana mas adverte
que a ação tem de continuar uma vez que, até agora, apenas dois dos cinco
membros acataram as instruções norte-americanas para a escolha de Poroshenko.
De acordo com a mesma carta, “aguardamos mais esforços no sentido de alterar as
posições de Beirit Reiss-Anderssen, Inger-Marie Ytterhorn e especialmente do
presidente do Comité Nobel, Kaci Kullmann Five”.
Nos termos da carta, que cita o
envolvimento pessoal da subsecretária de Estado Victoria Nuland na operação, a
atribuição do Nobel da Paz a Poroshenko será muito importante para garantir a
“integridade da Ucrânia”, incluindo a reintegração da Crimeia, e também para a
“democracia e a liberdade de expressão em todo o mundo”.
É verdade que o Nobel da Paz anda
pelas ruas da amargura, de tal modo que o Parlamento Norueguês se viu forçado a
destituir o anterior presidente do Comité, o ex-primeiro ministro Thorbjørn
Jagland, por comprovada corrupção. Jagland, presidente do Conselho da Europa e
um dos notáveis trabalhistas (sociais-democratas) noruegueses, foi relegado
para a posição de membro do Comité e nessa qualidade – mostrando uma notável
coerência e uma desafiadora contumácia – é agora um dos dois elementos que já
se manifestaram pela atribuição do prémio a Poroshenko. O outro nessa situação
é o conservador Kenrik Syse, do mesmo partido que Kulmann Five, o atual
presidente do Comité, pelo que a formação da necessária maioria não é assim tão
imprevisível.
É importante salientar que a
intensificação das pressões no sentido de o Nobel ser atribuído a Poroshenko
está associada a jogos internos de poder nos Estados Unidos da América
desencadeados depois de o secretário de Estado, John Kerry, se ter encontrado
em 11 de Maio com o presidente russo pedindo-lhe o envolvimento numa solução
negociada da questão ucraniana.
Esta iniciativa de Kerry e Obama
causou a ira dos neoconservadores, dos quais Victoria Nuland é a ponta de lança
na Ucrânia, empenhados não apenas na sabotagem dos acordos de Minsk como no
reforço das operações militares contra as populações do Leste e Sudeste do
país. A carta contem uma sibilina insinuação segundo a qual a entrega do Nobel
a Poroshenko poderá criar condições susceptíveis de evitar as manifestações de
força que o regime de Kiev está pronto a desencadear contra as regiões de maioria
russófona.
Poroshenko encabeça um regime
instaurado por golpe de Estado, institucionalizado através de eleições
fraudulentas e parciais, chefiado por uma junta de poder no qual os aparelhos
militar e de segurança foram entregues a grupos nazis que se declaram herdeiros
das correntes fascistas que colaboraram com as tropas de Hitler nas chacinas
praticadas durante a ocupação alemã. O silêncio em torno dos resultados dos
prometidos inquéritos reforça as suspeitas de envolvimento da junta de Kiev no
derrube do avião malaio que fazia o voo MH17 com 300 pessoas a bordo, em 17 de
Julho do ano passado. As operações repressivas realizadas pelas tropas ao
serviço da junta no Leste e Sudeste da Ucrânia têm sido denunciadas como
limpezas étnicas, em consonância, aliás, com os ideólogos nazis no poder que
reclamam uma purificação da população do país. Além disso, a junta e o
parlamento têm vindo a decretar a ilegalização de forças políticas da oposição,
começando pelos comunistas, e a forçar o encerramento de numerosos meios de
comunicação social. O presidente ucraniano assinou recentemente um decreto
segundo o qual as organizações que colaboraram com Hitler são reconhecidas como
“combatentes da liberdade”.
De descrédito em descrédito, o
Nobel da Paz baterá, sem dúvida, no fundo se as pressões em curso sobre o
Comité de Oslo resultarem e Piotr Poroshenko, um senhor da guerra, for o
escolhido de 2015.
Fonte: blog mundo cão. foto: internet
Um comentário:
Depois que o Obama ganhou o Nobel da Paz antes mesmo de assumir o governo e fazer alguma de bom, pode-se esperar de tudo. Infelizmente bota em descrédito os organizadores do mesmo.
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