Os abutres mais vorazes do
liberalismo sabiam o que representava, naqueles idos dos anos 30 do
século passado, o avanço lento e inevitável do
socialismo marxista. “São aqueles
ventos revolucionários que sopram
insistentes de Moscou”; Assim
praguejavam os parasitas remoendo o fiasco.
Esses criminosos históricos
e incólumes construíram com toda a
sordidez, como sempre o fizeram, um grandioso plano para tentar frear os avanços do Socialismo.
Não seria uma tarefa fácil. Contavam
todavia, como sempre fora de costume, com o apoio de admiradores de
grande escopo que se erigiram, durante
milênios, as custas da ignorância das
multidões. Lá se encontrava também os mais
notáveis meios de comunicação do cognominado “mundo democrático” para apoiá-los em tão
louvável tarefa.
Esses grandes complexos das Comunicações estavam,
desde há muito, acostumados a fabricação
de “notícias”. Não seria estranho pois desde os primeiros experimentos do
gráfico alemão Gutenberg os poderosos se apropriaram desse importante
Meio de Produção e, ao longo séculos vêm aperfeiçoando suas práticas de
domínio. E lá estavam de armas em prontidão para apagar quaisquer formas de
pensamento diferente.
Mas o freio revolucionário também desgasta e
tem prazo de validade.. Depois do longo e desolado inverno da idade média, que
se arrastou por séculos futuros, o que o espírito liberado do homem precisava era
justamente de ideias como aquelas sugeridas por Marx, para sentir a vastidão e
a íntima correlação das forças que sempre atuaram no universo, ou melhor, em terra firme onde os homens, melhor arquitetam, seus planos e feitos.
Essas perspectivas novas estimularam os palpitantes intelectos da época, orientando-os, mesmo a
contra gosto, para o caminho das
aspirações desenfreadas do “espirito humano” na busca do desenvolvimento de novos modelos
de sobrevivência. Muitos já sabiam que
o Capitalismo precisava ser reinventado. Todavia tinham a certeza que a
“mágica” um dia seria descoberta. E
foi exatamente em momentos como esse que a humanidade experimentou passagens que
impressionaram e servem de aviso para as gerações futuras.
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Gustavo
Carneiro -A 1 de Setembro de 1939, as tropas nazis invadiram a Polónia.
Dois dias depois, a Inglaterra e a França declararam guerra à Alemanha, dando
início à Segunda Guerra Mundial. Quando, em Maio de 1945, se dá a capitulação
alemã às mãos do Exército Vermelho (a capitulação japonesa ocorre em Agosto do
mesmo ano), terminou aquele que foi o mais brutal conflito militar que a
humanidade já conheceu: 50 milhões de mortos, um incontável número de feridos,
estropiados e traumatizados, milhares de vilas e cidades arrasadas, destruições
incalculáveis na economia e nas riquezas naturais de numerosos países – tal foi
o preço que custou a derrota do nazifascismo. A União Soviética pagou a maior
parte.
Se Hitler e a sua máquina
infernal de guerra e terror surgem como os principais rostos desta carnificina,
eles não explicam tudo. As causas mais fundas deste conflito, que há muito se
adivinhava, radicam na grande crise do capitalismo que eclode em 1929 e nos
resultados da Primeira Guerra Mundial: os estados imperialistas que ficaram
excluídos da primeira divisão do mundo, e que perderam ou não conseguiram
beneficiar da primeira guerra de redivisão (casos da Alemanha, por um lado, e
da Itália e do Japão, por outro), rapidamente se começam a preparar para uma
nova partilha de territórios, mercados e fontes de matérias-primas: no início
da década de 30, o Japão invade a Manchúria; em 1935 a Itália apodera-se da
Etiópia; no ano seguinte os generais fascistas iniciam a sublevação contra a
República espanhola; e em 1937 o Japão invade mais territórios chineses. A
partir de 1938, com a ocupação da Áustria, a Alemanha nazi inicia uma série de
agressões militares no continente europeu.
O fascismo – «ditadura terrorista
aberta dos elementos mais reacionários, chauvinistas e imperialistas do capital
financeiro», como o caracterizou a Internacional Comunista – foi a «tropa de
choque» para cumprir estes objectivos expansionistas. O livro de Kurt
Gossweiler «Hitler: ascensão irresistível?», publicado pelas Edições Avante!, é
de leitura obrigatória para quem pretenda compreender os laços que uniam o
grande capital alemão ao ditador nazi. Por detrás da máquina nazifascista de
guerra e de terror estiveram desde o início alguns dos principais potentados
industriais alemães (e não só). Estes não só armaram, muniram e equiparam as
tropas nazis como beneficiaram do trabalho escravo proporcionado pelos
prisioneiros dos campos de concentração. Este odioso crime permanece ainda por
julgar.
Alfred Jodl, chefe do
Estado-Maior da Wermacht, afirmou no seu julgamento em Nuremberga que «se nós
não fomos derrotados na Polónia em 1939 isso deveu-se apenas a que, no
Ocidente, no período da campanha polaca, 110 divisões francesas e inglesas se
“opunham” em completa inacção a 25 divisões alemãs». Esta passividade, que se
prolongou durante quase nove meses e que passou à história como a estranha
guerra, é uma das principais responsáveis pelos estrondosos sucessos iniciais
da «guerra relâmpago» dos nazifascistas.
Esta atitude dos governos francês
e inglês não se iniciou em Setembro de 1939, com a declaração de guerra à
Alemanha. Ela, aliás, prossegue uma política de conciliação iniciada com a
subida ao poder do partido nazi: a remilitarização alemã fez-se perante o olhar
complacente das restantes potências capitalistas europeias, as mesmas que
assistiram mudas e quedas à intervenção alemã e italiana em Espanha, ao lado
dos falangistas (mantendo-se, elas, «neutrais»), negociaram com Hitler o «Pacto
de Munique», que resultou no desmembramento e ocupação da Checoslováquia, e
inviabilizaram todas as propostas da União Soviética para garantir a defesa dos
países ameaçados pelo nazifascismo. O pacto germano-soviético de não-agressão
foi assinado depois de os soviéticos terem perdido todas as esperanças numa
aliança com ingleses e franceses para travar o nazismo.
Aos políticos burgueses e a
capitalistas alemães, ingleses, franceses e norte-americanos unia-os a vontade
de repressão e esmagamento das forças progressistas na Europa, sobretudo do
movimento operário e dos partidos comunistas (que ganhavam força a cada dia que
passava, sobretudo após o VII Congresso da Internacional Comunista, realizado
em 1935) e a tentativa de virar o militarismo alemão e a sua ambição de
expansão territorial para a União Soviética.
É assim que se deve avaliar a
passividade cúmplice com que as camadas dirigentes da Inglaterra e de França
«reagiram» à invasão da Polónia, nas fronteiras com o Estado Socialista. Mas
Hitler trocou-lhes as voltas, ao virar-se primeiro contra o Ocidente: as
principais cidades britânicas sofreram violentos bombardeamentos aéreos e a
França foi ocupada e dividida. Em Junho de 1941, Hitler volta-se com toda a
força para aquele que fora, desde sempre, o seu objectivo central: a ocupação
da URSS.
Da resistência à vitória
A União Soviética foi a grande
responsável pela derrota do nazifascismo, por mais que «historiadores»,
«jornalistas» e produtores de cinema se esforcem por demonstrar o contrário. Em
Junho de 1944, quando norte-americanos e ingleses desembarcam na Normandia –
abrindo finalmente a «segunda frente» há muito exigida pelos soviéticos – já a
Alemanha tinha sofrido as derrotas decisivas (a rendição em Stalinegrado dá-se
em Fevereiro de 1943) e a guerra mudado o seu curso. Em poucos meses, as tropas
nazis eram expulsas da primeira pátria socialista e começava a imparável
libertação dos povos europeus e o estertor final do nazifascismo.
Os números, aliás, falam por si:
aquando do chamado «Dia D», 92 por cento das tropas terrestres da Alemanha nazi
combatiam na Frente Leste, e foi aí que foram derrotadas 607 divisões alemãs
(176 na frente Ocidental) e 75 por cento da sua aviação, artilharia e tanques.
A vitória soviética, decisiva
para a libertação dos povos da Europa, fez-se de incontáveis sacrifícios e
actos de heroísmo: dos bravos defensores da fortaleza de Brest, nos primeiros
dias da invasão; dos cidadãos de Moscovo e Leninegrado, cercados durante meses,
mas nunca vencidos; dos bravos defensores de Odessa, que a partir dos túneis na
cidade ocupada desferiram poderosos golpes no inimigo; dos notáveis combatentes
de Stalinegrado que, rua a rua e casa a casa, infligiram a mais pesada derrota
ao invasor hitleriano; dos guerrilheiros que, nas zonas ocupadas, nunca
deixaram de combater; de todo um povo que, guiado pelo Partido Comunista e
zeloso da nova sociedade que construía, sempre confiou que a vitória, embora
difícil, seria uma realidade!
As notícias das vitórias do povo
soviético e do Exército Vermelho, e o seu avanço impetuoso para Ocidente,
animaram os restantes povos da Europa ocupada a levantar-se e a resistir: os
movimentos de resistência, de natureza profundamente unitária e com grande
participação da classe operária e dos comunistas, assumiram um papel
determinante na derrota do nazifascismo e nas importantes conquistas
progressistas do pós-guerra.
O facto de, durante décadas, o
imperialismo ter sido obrigado a refrear os seus ímpetos mais agressivos
deveu-se ao prestígio e à pujança com que saiu da Segunda Guerra Mundial a
União Soviética, à formação de um forte campo de países socialistas e de um
amplo movimento de libertação nacional, à existência de um influente movimento
comunista e de um movimento operário e sindical, ao reforço das forças
antifascistas e da paz.
A história não se repete, mas
ensina
Assinalar, hoje, o aniversário do
início da Segunda Guerra Mundial não deve constituir um mero exercício de
memória. Sobretudo num momento como aquele em que vivemos, em que muitas das
causas que estiveram por detrás deste conflito ressurgem com assinalável
expressão: a crise do capitalismo, a agressividade imperialista, a aposta no
fascismo e na guerra como saída para a crise de sobre-produção e
sobre-acumulação e o esmagamento das lutas dos trabalhadores e da soberania dos
povos.
O apoio dos EUA e da UE ao golpe
dos oligarcas e das forças fascistas na Ucrânia e o avanço das forças de
extrema-direita na Europa, promovidos pelo capital e pelos seus poderosos meios
de comunicação, aí está para nos lembrar que o fascismo é um instrumento a que
o imperialismo recorre quando pode e tal é do seu interesse. Tal como a guerra,
que sempre o acompanha, e que faz sentir as suas sombras negras na crescente
escalada de cerco e provocação dos EUA contra a Rússia e a China.
Mas a História não está escrita
de antemão. São as massas, com a sua organização e luta, que escreverão o seu
epílogo. Combater a ameaça do fascismo, o militarismo e a guerra; defender a
independência e a soberania nacionais; desenvolver a solidariedade para com os
povos vítimas da ingerência e da agressão imperialista são tarefas essenciais
que estão colocadas aos povos do mundo. Para tal, há-que erguer um vasto
movimento pelo desarmamento e pela paz – que adquire objectivamente um carácter
anti-imperialista –, capaz de promover o esclarecimento e a mobilização
populares e, desta forma, ampliar o campo daqueles que ganham consciência de
que a luta contra a guerra exige o combate às suas causas – e estas radicam no
sistema de exploração capitalista.
Fonte: Avante
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