Carta Campinas - Leila Posenato Garcia- Um
estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revelou a tragédia do
machismo no Brasil. Nem a Lei Maria da Penha, implantada em 2007, conseguir
evitar o morte violenta de mulheres provocada principalmente por marido,
namorado ou familiares.
O estudo estima que, entre 2009 e 2011, o
Brasil registrou 16,9 mil assassinatos de mulheres (feminicídios), ou seja,
“mortes de mulheres por conflito de gênero”, especialmente em casos de agressão
perpetrada por parceiros íntimos. Esse número indica uma taxa de 5,8 casos para
cada grupo de 100 mil mulheres. A média é de 472 assassinatos de mulheres por
mês.
A pesquisa Violência contra a
mulher: feminicídios no Brasil, coordenada pela técnica de Planejamento e
Pesquisa do Instituto Leila Posenato Garcia, foi apresentada nesta
quarta-feira, 25, na Comissão de Seguridade Social da Câmara dos Deputados.
De acordo com os dados do
documento, o Espirito Santo é o estado brasileiro com a maior taxa de
feminicídios, 11,24 a cada 100 mil, seguido por Bahia (9,08) e Alagoas (8,84).
A região com as piores taxas é o Nordeste, que apresentou 6,9 casos a cada 100
mil mulheres, no período analisado.
Veja abaixo alguns dados da pesquisa:
A taxa corrigida de feminicídios
foi 5,82 óbitos por 100.000 mulheres, no período 2009-2011, no Brasil.
• Estima-se que ocorreram, em
média, 5.664 mortes de mulheres por causas violentas a cada ano, 472 a cada
mês, 15,52 a cada dia, ou uma a cada hora e meia.
• As regiões Nordeste,
Centro-Oeste e Norte apresentaram as taxas de feminicídios mais elevadas, respectivamente,
6,90, 6,86 e 6,42 óbitos por 100.000 mulheres.
• As UF com maiores taxas foram:
Espírito Santo (11,24), Bahia (9,08), Alagoas (8,84), Roraima(8,51) e
Pernambuco (7,81). Por sua vez, taxas mais baixas foram observadas nos estados
do Piauí (2,71), Santa Catarina (3,28) e São Paulo (3,74).
• Mulheres jovens foram as
principais vítimas: 31% estavam na faixa etária de 20 a 29 anos e 23% de 30 a
39 anos. Mais da metade dos óbitos (54%) foram de mulheres de 20 a 39 anos.
• No Brasil, 61% dos óbitos foram
de mulheres negras (61%), que foram as principais vítimas em todas as regiões,
à exceção da Sul. Merece desta que a elevada proporção de óbitos de mulheres
negras nas regiões Nordeste (87%), Norte (83%) e Centro-Oeste (68%).
• A maior parte das vítimas
tinham baixa escolaridade, 48% daquelas com 15 ou mais anos de idade tinham até
8 anos de estudo.
• No Brasil, 50% dos feminicídios
envolveram o uso de armas de fogo e 34%, de instrumento perfurante, cortante ou
contundente. Enforcamento ou sufocação foi registrado em 6% dos óbitos. Maus
tratos – incluindo agressão por meio de força corporal, força física, violência
sexual, negligência, abandono e outras síndromes de maus tratos (abuso sexual,
crueldade mental e tortura) – foram registrados em 3% dos óbitos.
• 29% dos feminicídios ocorreram
no domicílio, 31% em via pública e 25% em hospital ou outro estabelecimento de
saúde.
• 36% ocorreram aos finais de
semana. Os domingos concentraram 19% das mortes.
Trecho do documento:
A violência contra a mulher
compreende uma ampla gama de atos, desde a agressão verbal e outras formas de
abuso emocional, até a violência física ou sexual. No extremo do espectro está
o feminicídio, a morte intencional de uma mulher. Pode-se comparar estes óbitos
à "ponta do iceberg". Por sua vez, o "lado submerso do
iceberg" esconde um mundo de violências não-declaradas, especialmente a
violência rotineira contra mulheres no espaço do lar. A obtenção de informações
acuradas sobre feminicídios é um desafio, pois, na maioria dos países, os
sistemas de informação sobre mortalidade não documentam a relação entre vítima
e perpetrador, ou os motivos do homicídio.
Fonte: Dioario Liberdade e Carta
Campinas
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