PCB-O secretário de Estado Kerry fez
discurso inacreditavelmente ridículo (abaixo, em inglês) na Grã-Bretanha, que
está gerando gargalhadas em todo o planeta. Há três pontos a discutir, e começo
pelos menores.
Na fala [em 4’20] Kerry diz como
o governo Obama atacará a Síria:
(...) de modo muito limitado,
esforço super focado, de curto prazo, para degradar a capacidade [da Síria]
para usar armas químicas, sem assumir a responsabilidade pela guerra civil
síria. É exatamente o que estamos dizendo que faremos. Esforço
inacreditavelmente limitado. Ora... Já fizemos isso outras vezes! O presidente
Reagan teve várias horas e fez vários esforços para mandar um recado a Gaddafi
depois, eu acho, da explosão do Pan Am 103 e outras atividades terroristas.
Deixando de lado o cômico
“ataques inacreditavelmente limitados”, que, seja o que forem, seriam sempre
atos de guerra e matariam povo sírio, a lição a extrair do ataque de Reagan à
Líbia é exatamente o contrário do que disse Kerry.
Reagan não atacou a Líbia por
causa da explosão do avião Pan Am 103 sobre Lockerbie! O Pan Am 103 foi
explodido em ataque terrorista em dezembro de 1988 DEPOIS que Reagan atacou a
Líbia (“um aviso”) e a família de Gaddafi, em 1986.
A explosão do Pan Am 103 foi
CONSEQUÊNCIA dos ataques de Reagan, não a causa deles. Se se mantém a
comparação de Kerry com os ataques à Síria e os EUA atacarem a Síria, então
todos devemos esperar mais ataques terroristas a aviões norte-americanos. O Pan
An 103 é argumento para NÃO ATACAR a Síria. Kerry, como se vê, não sabe (nem)
disso.
Outro ponto são os comentários de
Kerry nos quais zomba da credibilidade do presidente sírio [em 1’25, do vídeo]:
Pessoalmente já o visitei,
mandado pela Casa Branca, para confrontá-lo sobre a transferência dos mísseis
Scud para o Hezbollah que sabíamos que estava acontecendo e vários tipos de
fatos e ele simplesmente negou tudo, na minha cara, apesar das provas que
apresentei e do que lhe mostramos.
Por mais que funcionários deIsrael e dos EUA tenham dito tais coisas, há muitas dúvidas de que a Síria
transferiu os tais Scuds para o Hezbollah.
Os Scuds operam com combustível líquido e, assim, são de difícil
operação em combate. Exigem vários caminhões para transportar os mísseis e o
combustível corrosivo e horas de preparação. Se a Síria ou o Irã forneceram
mísseis ao Hezbollah, do mesmo padrão que os Scuds, teria de ser os Fateh-110,
mais modernos e movidos a combustível sólido, muito mais fáceis e rápidos para
manusear.
A terceira e maior mancada na
fala de Kerry aparece em 0’04 do vídeo:
(...) [Assad] poderia entregar
cada uma de suas armas químicas à comunidade internacional ainda essa semana.
Entregue. Entregue tudo. E sem demora. E permita total transparência. Mas é
claro que ele não fará isso, nem a coisa pode ser feita, é óbvio.
Soou como fala à toa. Mas já
houve notícias na imprensa israelense, de planos para pressionar a Síria a
entregar suas armas estratégicas, o que, é claro, deixaria a Síria sem meios
para retaliar contra ataques israelenses.
Imediatamente depois da fala de
Kerry sobre a Síria entregar as armas químicas, o Departamento de Estado tentoudesdizer tudo. Segundos depois da fala, uma porta-voz tentou “contextualizar” o
que Kerry dissera:
O secretário Kerry servia-se de
argumento retórico sobre a impossibilidade e a improbabilidade de Assad
entregar as armas químicas que negou ter usado – disse Jen Psaki, porta-voz do DE.
Mas era tarde! O tal “argumentoretórico” já fora capturado em voo pelo ministro de Relações Exteriores da
Rússia, Sergei Lavrov.
Já encaminhamos ao Ministro sírio
de Relações Exteriores o oferecimento para que a Rússia trate dessa
transferência das armas químicas, e esperamos receber resposta rápida e
positiva. E estamos preparados para trabalhar imediatamente com Damasco – disse
Lavrov.
[Nesse momento, 14h08, hora do
Brasil, já se sabe que a Síria já aceitou a oferta dos russos (NTs)]
Não é difícil imaginar que a
Síria aceite pelo menos parte da ideia encaminhada pelos russos. Por que não?
Os russos fariam a operação, em nome da “comunidade internacional”. Com os
russos na Síria para essa finalidade, a Síria teria um “escudo humano” que a
protegerá de ataques norte-americanos junto ao seu armamento. Por que a Síria
não aceitaria se, assim, até a Rússia estaria prestando grande serviço à
humanidade, impedindo que os EUA se envolvam na guerra da Síria? Kerry armou
uma arapuca, entrou nela com as quatro patas, e a Rússia usou a fala de Kerry
para dar-lhe o xeque-mate.
Como Obama convencerá o Congresso
a autorizá-lo a bombardear a Síria, se já se criou via tão fácil (em termos)
para evitar mais uma guerra?
Traduzido pelo pessoal da Vila
Vudu
Fonte: PCB
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