Desacato- A jornalista ucraniana Anhar
Kóchneva, sequestrada durante cinco meses pelos rebeldes sírios, sustenta que o
ataque químico perto de Damasco foi organizado pelos insurgentes para conseguir
apoio estrangeiro.
A região onde reside a jornalista
fica a poucos quilômetros de Guta oriental, o subúrbio de Damasco onde
supostamente aconteceu um ataque com armas químicas, do qual a oposição acusa
às forças governamentais.
O dia do suposto ataque “o vento
soprava em nossa direção a uma velocidade de aproximadamente uns 20 metros por
segundo”, conta Kóchneva no seu blog, publicado na web da emissora russa EjoMoskvi.
“Agora, imaginem o que teria
acontecido se uma nuvem tóxica tivesse coberto a cidade”, assinala a
jornalista, explicando que os residentes do seu bairro com certeza o teriam
sentido, do mesmo jeito que sentem o cheiro de queimado desde os lugares
próximos de combate. Mataram, o gravaram, o subiram na internet e sentaram para
esperar os bombardeiros da OTAN.
Porém, destaca, não houve
intoxicados em Damasco, território que está totalmente controlado pelo Governo,
também não nas áreas que ficam sob o controle dos insurgentes.
A jornalista conta que nos
últimos dois anos, os sírios tornaram-se aficionados a tirar fotografias, mas,
apesar disto, as únicas provas da suposta morte de 1.300 pessoas e a
intoxicação de outras 3.600 são uns vídeos questionados por muitos no tema.
“Onde estão os corpos? Onde estão
os intoxicados? Por que não se nos mostra nada disso?” pergunta a jornalista.
Além disso, relata, “na Síria
falam de que as crianças que aparecem no vídeo são as mesmos que tinham sido
sequestrados nos povos próximos à cidade
costeira de Latakia” ou “filhos dos curdos que apoiam o Governo”.
“Mataram, o gravaram, o subiram à
internet e se sentaram a esperar os bombardeiros da OTAN. Porque sem os
bombardeiros da OTAN não poderiam levar a bom termo a revolução contra a
vontade do povo”, denuncia Kóchneva.
Os sírios já brincam dizendo que
Barack Obama conhece melhor a geografia da Síria que a dos EUA, diz a ex-
refém, contando uma das piadas: “-Senhor Obama, temos um problema em Deraa. –
No centro ou perto da estação de trens?”.
Anhar Kóchneva, jornalista e
blogueira “freelancer” que trabalhava para meios russos e ucranianos, foi
sequestrada no início de outubro de 2012 perto da cidade síria de Homs.
Os sequestradores, que eram
membro do Exército Livre Sírio, ameaçaram em várias ocasiões com matá-la senão
pagavam um resgate de 50 milhões de dólares. Mais tarde a quantia foi reduzida
a 300.000 dólares. Os rebeldes disseram que planejaram executar Kóchneva em 16
de dezembro, mas que decidiram “lhe dar uma segunda oportunidade”.
Depois de passar mais de 150 dias
em cativeiro, algo que mermou profundamente sua saúde, Kóchneva fugiu. A
jornalista caminhou 15 quilômetros por uma zona montanhosa antes de topar-se,
por sorte, com umas pessos que lhe ajudaram a chegar a uma área controlada
pelas forças governamentais.
Veja a entrevista concedida por
Anhar Kóchneva à RT aqui.
Versão em português: América
Latina Palavra Viva.
Fonte: Desacato.info
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