PCO O atentado que tinha como
objetivo atingir cerca de 20 mil pessoas no centro de convenções Riocentro, no
Rio de Janeiro, em 30 de abril de 1981, foi organizado pelo DOI-Codi do estado
e os militares tentaram apagar seus vestígios após o fracasso do plano
Um dossiê divulgado na última
semana comprova o envolvimento dos militares com o atentado em 30 de abril de
1981, no centro de convenções Riocentro, no Rio de Janeiro.
O dossiê é constituído de
registros de militares envolvidos no atentado e na operação de acobertamento do plano, que consistia em atribuir à esquerda o atentado terrorista.
O objetivo do atentado da ala
“linha dura” do Exército era convencer a outra ala a endurecer a repressão
contra as organizações de esquerda e fazer durar mais tempo o regime militar,
que já estava em crise.
O que mostra o que a direita é
capaz de fazer para preservar seus interesses. Cerca de 20 mil pessoas se
encontravam no evento em que se comemorava o Dia dos Trabalhadores, no 1º de
maio.
Os documentos que revelam
detalhes da explosão da bomba eram guardados na casa do coronel reformado do
Exército Júlio Miguel Molinas Dias. Neles é revelado como os militares tentaram
maquiar o cenário do Riocentro para fazer com que as explosões parecessem obra
dos grupos de resistência à ditadura.
Os oficiais do Exército forjaram
o cenário do crime, há nos documentos a orientação dada para simular o furto do
veículo pertencente ao sargento que morreu na explosão, para desaparecer com as
pistas.
O dossiê revela que os militares tentaram a todo tempo esconder que
haviam sido agentes do Exército os autores do atentado.
Molinas era comandante do
Destacamento de Operações e Informações – Centro de Operações de Defesa Interna
(DOI-Codi), do Rio de Janeiro, que planejou e executou o atentado.
O acervo encontrado na casa de
Molinas traz várias revelações. Contém ordens e contraordens dadas
imediatamente após a explosão para evitar que fatos e versões ruins ao Exército
viessem à tona e os codinomes utilizados para identificar os agentes envolvidos
na operação.
Os documentos mostram que foram
os militares que colocaram as três bombas, mas não revelam quem foi o autor do
plano.
O plano do atentado, de colocar
três bombas em um show de 20 mil pessoas, é delirante. Dependendo de onde
fossem colocadas essas bombas, centenas e até milhares de pessoas poderiam ter
morrido.
“Participei do atentado ao
Riocentro (durante as comemorações do Dia do Trabalhador, em 1981) e fiz parte
das várias equipes que tentaram provocar aquela que seria a maior tragédia, o
grande golpe contra o projeto de abertura democrática”, afirmou o ex-delegado
Cláudio Guerra, do DOPS (Departamento de Operações Políticas e Socias), no
livro “Memórias de uma guerra suja”.
Cláudio Guerra afirma que a
operação foi comandada por Brilhante Ustra, Freddie Perdigão e Antônio Vieira,
então comandantes do DOI-Codi, do Exército e do Cenimar.
“O destino daquela bomba era o
palco. Tratava-se de um artefato de grande poder destruidor. O efeito da carga
explosiva no ambiente festivo, onde deveriam se apresentar uns oitenta artistas
famosos, seria devastador. A expansão da explosão e a onda de pânico dentro do
Riocentro gerariam consequências desastrosas. Era evidente que muitas pessoas
morreriam pisoteadas”, completou.
O serviço de inteligência havia
mandado ainda suspender todos os serviços de assistência médica e socorro às
vítimas. As portas de saída do Riocentro foram trancadas e placas de trânsito
foram pichadas com as siglas da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária),
declarou Cláudio Guerra.
Eles queriam matar o próprio povo
em nome de um regime podre, de brutal repressão e tortura. Esse é no entanto
apenas um das dezenas de atentados terroristas que os militares promoveram.
Um dos mais alucinantes é o
atentado do gazômetro, planejado pelo então chefe de gabinete do ministro
Márcio Melo, o brigadeiro João Paulo Burnier, com o auxílio da Aeronáutica.
Em 1968, Bounier planejou matar
200 mil pessoas, na cidade do Rio de Janeiro. O que teria um impacto maior que
a bomba atômica em Hiroshima que matou 100 mil pessoas no momento da explosão.
A ideia de Bournier era explodir a bomba e depois aparecer militares salvando a
população para tentar recuperar o prestígio da ditadura militar.
As revelações desses documentos
mostram a que ponto a direita pode chegar e o verdadeiro caráter do regime
militar brasileiro. A direita hoje está se reorganizando no plano internacional
para tentar retomar o espaço perdido nos últimos anos.
O Instituto Millenium, a
tentativa de refundação do partido da ditadura militar, o Arena, a utilização
de ações extraparlamentares como o julgamento do PT no STF e as manifestações
na Argentina contra o governo de Cristina Kirchner, o golpe de estado
recentemente contra o governo de Lugo no Paraguai são exemplos das tentativas
de reorganização da direita na América Latina.
Na Europa, partidos como o Aurora
Dourada, de extrema direita e declaradamente favoráveis ao nazismo, estão
conquistando cada vez mais espaço no Parlamento.
Essas situação se dá por que se
abre uma nova etapa com características revolucionárias, em que a polarização
entre a direita e a esquerda é muito maior e o centro, formado por partidos
burgueses de esquerda ou social-democratas, tende a se esvaziar.
O surgimento de agrupamentos de
extrema direita mostra pelo lado negativo a nova etapa política, aberta com o
agravamento da crise capitalista e o ascenso do movimento de massas em geral.
A direita que atualmente se diz
“democrática”, “liberal” foi responsável por torturas e assassinatos de milhões
de pessoas nas ditaduras militares ao redor do mundo.
Essas revelações são uma
demonstração do quão delirante e absurda eram as ações dos militares
brasileiros. O atentado das Torres Gêmeas atribuído a Osama Bin Laden nem se
compara às tentativas de atentado terrorista dos militares brasileiros acima
narrados.
Durante a Ditadura, membros do
governo e do Estado atuavam como terroristas praticando e planejando crimes
hediondos contra a população desavisada. Essa é a direita internacional que
hoje tenta levantar a cabeça novamente.
Fonte: site PCO
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