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sábado, 1 de dezembro de 2012

A direita no Brasil- Documentos comprovam que o atentado do Riocentro foi obra dos militares encobertos pelo governo.


PCO  O atentado que tinha como objetivo atingir cerca de 20 mil pessoas no centro de convenções Riocentro, no Rio de Janeiro, em 30 de abril de 1981, foi organizado pelo DOI-Codi do estado e os militares tentaram apagar seus vestígios após o fracasso do plano 

Um dossiê divulgado na última semana comprova o envolvimento dos militares com o atentado em 30 de abril de 1981, no centro de convenções Riocentro, no Rio de Janeiro.

O dossiê é constituído de registros de militares envolvidos no atentado e na operação de acobertamento do plano, que consistia em atribuir à esquerda o atentado terrorista. 

O objetivo do atentado da ala “linha dura” do Exército era convencer a outra ala a endurecer a repressão contra as organizações de esquerda e fazer durar mais tempo o regime militar, que já estava em crise.

O que mostra o que a direita é capaz de fazer para preservar seus interesses. Cerca de 20 mil pessoas se encontravam no evento em que se comemorava o Dia dos Trabalhadores, no 1º de maio.

Os documentos que revelam detalhes da explosão da bomba eram guardados na casa do coronel reformado do Exército Júlio Miguel Molinas Dias. Neles é revelado como os militares tentaram maquiar o cenário do Riocentro para fazer com que as explosões parecessem obra dos grupos de resistência à ditadura.


Os oficiais do Exército forjaram o cenário do crime, há nos documentos a orientação dada para simular o furto do veículo pertencente ao sargento que morreu na explosão, para desaparecer com as pistas.

O dossiê revela que os  militares tentaram a todo tempo esconder que haviam sido agentes do Exército os autores do atentado.

Molinas era comandante do Destacamento de Operações e Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), do Rio de Janeiro, que planejou e executou o atentado.

O acervo encontrado na casa de Molinas traz várias revelações. Contém ordens e contraordens dadas imediatamente após a explosão para evitar que fatos e versões ruins ao Exército viessem à tona e os codinomes utilizados para identificar os agentes envolvidos na operação.

Os documentos mostram que foram os militares que colocaram as três bombas, mas não revelam quem foi o autor do plano.

O plano do atentado, de colocar três bombas em um show de 20 mil pessoas, é delirante. Dependendo de onde fossem colocadas essas bombas, centenas e até milhares de pessoas poderiam ter morrido.

“Participei do atentado ao Riocentro (durante as comemorações do Dia do Trabalhador, em 1981) e fiz parte das várias equipes que tentaram provocar aquela que seria a maior tragédia, o grande golpe contra o projeto de abertura democrática”, afirmou o ex-delegado Cláudio Guerra, do DOPS (Departamento de Operações Políticas e Socias), no livro “Memórias de uma guerra suja”.

Cláudio Guerra afirma que a operação foi comandada por Brilhante Ustra, Freddie Perdigão e Antônio Vieira, então comandantes do DOI-Codi, do Exército e do Cenimar. 

“O destino daquela bomba era o palco. Tratava-se de um artefato de grande poder destruidor. O efeito da carga explosiva no ambiente festivo, onde deveriam se apresentar uns oitenta artistas famosos, seria devastador. A expansão da explosão e a onda de pânico dentro do Riocentro gerariam consequências desastrosas. Era evidente que muitas pessoas morreriam pisoteadas”, completou.

O serviço de inteligência havia mandado ainda suspender todos os serviços de assistência médica e socorro às vítimas. As portas de saída do Riocentro foram trancadas e placas de trânsito foram pichadas com as siglas da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), declarou Cláudio Guerra.

Eles queriam matar o próprio povo em nome de um regime podre, de brutal repressão e tortura. Esse é no entanto apenas um das dezenas de atentados terroristas que os militares promoveram.

Um dos mais alucinantes é o atentado do gazômetro, planejado pelo então chefe de gabinete do ministro Márcio Melo, o brigadeiro João Paulo Burnier, com o auxílio da Aeronáutica.

Em 1968, Bounier planejou matar 200 mil pessoas, na cidade do Rio de Janeiro. O que teria um impacto maior que a bomba atômica em Hiroshima que matou 100 mil pessoas no momento da explosão. A ideia de Bournier era explodir a bomba e depois aparecer militares salvando a população para tentar recuperar o prestígio da ditadura militar.

As revelações desses documentos mostram a que ponto a direita pode chegar e o verdadeiro caráter do regime militar brasileiro. A direita hoje está se reorganizando no plano internacional para tentar retomar o espaço perdido nos últimos anos.

O Instituto Millenium, a tentativa de refundação do partido da ditadura militar, o Arena, a utilização de ações extraparlamentares como o julgamento do PT no STF e as manifestações na Argentina contra o governo de Cristina Kirchner, o golpe de estado recentemente contra o governo de Lugo no Paraguai são exemplos das tentativas de reorganização da direita na América Latina.

Na Europa, partidos como o Aurora Dourada, de extrema direita e declaradamente favoráveis ao nazismo, estão conquistando cada vez mais espaço no Parlamento.

Essas situação se dá por que se abre uma nova etapa com características revolucionárias, em que a polarização entre a direita e a esquerda é muito maior e o centro, formado por partidos burgueses de esquerda ou social-democratas, tende a se esvaziar.

O surgimento de agrupamentos de extrema direita mostra pelo lado negativo a nova etapa política, aberta com o agravamento da crise capitalista e o ascenso do movimento de massas em geral.

A direita que atualmente se diz “democrática”, “liberal” foi responsável por torturas e assassinatos de milhões de pessoas nas ditaduras militares ao redor do mundo.

Essas revelações são uma demonstração do quão delirante e absurda eram as ações dos militares brasileiros. O atentado das Torres Gêmeas atribuído a Osama Bin Laden nem se compara às tentativas de atentado terrorista dos militares brasileiros acima narrados.

Durante a Ditadura, membros do governo e do Estado atuavam como terroristas praticando e planejando crimes hediondos contra a população desavisada. Essa é a direita internacional que hoje tenta levantar a cabeça novamente.

Fonte: site PCO




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