O ADN da antiga metasequoia, uma árvore com 50 milhões de anos, foi decifrado pela primeira vez por especialistas russos. Os restos da planta foram descobertos no norte do arquipélago ártico do Canadá.
Esta árvore não é muito diferente da sua variante moderna que existe hoje na China. A ausência de mutações genéticas significativas num prazo tão grande faz repensar o processo de evolução.
O ADN decodificado por especialistas russos é o mais antigo do mundo. Para material de estudo foram usadas algumas agulhas apodrecidas da árvore antiga, cujos restos fossilizados foram descobertos no norte do Canadá no final do século XX. Há milhões de anos, na zona do Pólo Norte não havia neve, mas sim bosques tropicais de metasequoias gigantes – árvores da família dos ciprestes. Hoje em dia, estas florestas existem ainda, em parte, na bacia de Sichuan, na China. Os especialistas da Universidade de Altai decidiram comparar o seu genótipo ao da árvore ancestral a fim de entender como ele mudou desde os tempos pré-históricos. A tarefa parecia impossível porque, em 50 milhões de anos, todas as moléculas orgânicas foram destruídas, disse à Voz da Rússia um dos participantes do estudo, o biólogo geneticista Evgueni Davydov:
"O ADN só pode ser extraído a partir de amostras frescas – de um a dois anos – dez é geralmente o limite. Existe um caso em que foi possível isolar o ADN a partir de um herbário de cem anos de idade, mas isso é também de certa forma sensacional. Normalmente, um resultado normal pode ser obtido dentro de cinco anos e em seguida o ADN se degrada. Na Universidade Estatal de Altai desenvolveram um novo método para o isolamento de ADN baseado em métodos fundamentalmente diferentes dos usados anteriormente."
Os cientistas não só conseguiram decifrar o genoma da árvore fóssil, mas também determinar que durante milhões de anos ele se manteve praticamente inalterado. Ao comparar o ADN de espécies antigas e modernas foram encontradas apenas pequenas diferenças, diz Evgueni Davydov.
O estudo mostrou que a metasequoia evolui muito lentamente. Em 50 milhões de anos apenas algumas mudanças em cada mil nucleotídeos (blocos repetitivos de ADN). É muito pouco. Podemos dizer, portanto, que foi confirmado experimentalmente que a velocidade de evolução é muito desigual. E, consequentemente, não se podem medir todos os organismos com a mesma medida. Isso modifica o conceito de “relógio molecular”. O conceito de relógio molecular pertence ao cientista americano Masatoshi Nei. Segundo esse conceito, a velocidade de evolução do ADN é relativamente a mesma para todos os organismos. Portanto, pelo número de alterações de nucleotídeos se pode calcular aproximadamente a altura do aparecimento de uma espécie. Como em um problema escolar: conhecendo a velocidade e a distância (o número de alterações), podemos saber o tempo.
No entanto, conforme verificaram os geneticistas de Altai, tal aritmética não é adequada à evolução. Eles provaram que algumas plantas mudam muito e outras, pelo contrário, mantêm seu genótipo praticamente intacto durante milhares de anos. Foi precisamente o que aconteceu com a metasequoia: ela permaneceu igual em mais de 50 milhões de anos.
A propósito, há pouco tempo, biólogos do Instituto de Problemas Físico-Químicos e Biológicos do Solo, na região de Moscou, fizeram germinar sementes de silene que passaram 30.000 anos enterradas no permafrost. O arbusto que eles “ressuscitaram” apenas difere das espécies modernas na forma das flores. Isso também sugere que o relógio molecular deve ser “acertado” e que tem que ser elaborada uma nova maneira de abordar a evolução de toda a vida na Terra.
Fonte: site Voz da Russia
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