Há cerca de cinco anos a imprensa
noticiou que favelados cariocas estavam pegando Ascarel de um depósito e
usando-o como óleo de cozinha; o herbicida "agente laranja" foi usado
pelos militares dos EUA para desfolhar árvores do Vietnã durante a guerra. Por Jorgito
Patricio da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida
A Monsanto é a maior produtora de
herbicidas do mundo, e está entre as cem empresas mais lucrativas dos EUA.
Apenas nos últimos dois anos, investiu US$ 6,7 bilhões na aquisição de outras
companhias norte-americanas de sementes e biotecnologia, tornando-se a maior
empresa do ramo.
A Monsanto Chemical Company foi
fundada em 1901, em Saint Louis, Missouri, Estados Unidos. Nos anos 20, se
converteu num dos maiores fabricantes de ácido sulfúrico e de
outros produtos básicos da
indústria química. Desde a década de 40 até hoje sempre se manteve entre as dez
maiores indústrias químicas dos Estados Unidos.
Em 1929 a Swan Chemical Company,
adquirida pouco depois pela Monsanto, desenvolveu os bifenilos policlorados
(PCBs) que foram elogiados por sua extraordinária estabilidade química e
ininflamabilidade. Os PCBs, ou Ascarel, foram largamente utilizados como refrigerantes
de equipamentos elétricos.
Nos anos 60, os numerosos
compostos da família dos PCBS da Monsanto foram usados como lubrificantes de
ferramentas, revestimentos impermeáveis, refrigeradores de transformadores. Nos
anos 30 já se tinham alguns indícios dos perigos dos PCBs. Nos anos 60 e 70 os
cientistas apresentaram dados conclusivos: os PCBs e outros compostos
organoclorados provocavam câncer e estavam relacionados com um conjunto de
transtornos reprodutivos e imunológicos.
O centro mundial de produção de
PCBs era a fábrica da Monsanto em East Saint Louis. O lugar hoje é um subúrbio
de empobrecimento crônico. A cidade tem a taxa mais elevada de morte fetal e de
nascimentos prematuros do estado. O Ascarel é proibido hoje no mundo, mas
ninguém sabe o que fazer com as milhões de toneladas do produto estocadas por
todo planeta.
Agente Laranja
Há cerca de cinco anos a imprensa
noticiou que favelados cariocas estavam pegando Ascarel de um depósito e
usando-o como óleo de cozinha! O herbicida conhecido como agente laranja foi
usado pelos militares norte-americanas dos EUA para desfolhar as árvores da
selva tropical do Vietnã durante a guerra nos anos 60. É uma mistura de dois
tóxicos poderosos, o 2,4,5-T (ácido Triclorofenoxiacético) e 2,4-D (ácido Diclorofenoxiacético).
Ele era fornecido por várias
empresas, mas o da Monsanto era o mais poderoso por conter níveis maiores de
dioxinas. As dioxinas, já se comprovou, são carcinogênicas e teratogênicas
(gera fetos mal formados). Por conta desta eficiência, a Monsanto foi a
principal acusada na demanda interposta pelos veteranos de guerra que, depois
do
conflito, apresentaram uma série
de doenças atribuídas a exposição ao agente laranja.
É preciso observar que os
militares prestaram serviço por no máximo um ano no Vietnã. Mas e os nativos da
região? Estimativas dão conta da existência de mais de 500 mil crianças
nascidas no Vietnã desde os anos 60 com deformidades relacionadas às dioxinas
contidas no agente laranja.
Uma ação judicial, motivada pela
denúncia de trabalhadores ferroviários expostos
a dioxinas em consequência de um
descarrilamento, revelou a existência de dados manipulados. Um funcionário da
Agencia de Proteção Ambiental Americana (EPA) concluiu que os estudos foram
manipulados para apoiar a posição da Monsanto, que defendia que os efeitos das
dioxinas limitavam-se à cloroacne (uma enfermidade da pele). A Monsanto teve
que pagar US$ 16 milhões e se revelou que muito dos produtos da empresa, desde
herbicidas caseiros estavam contaminados por dioxinas.
Fonte: publicado em Diário Liberdade e Brasil de Fato
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