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terça-feira, 24 de abril de 2012

O monstro da Monsanto


Há cerca de cinco anos a imprensa noticiou que favelados cariocas estavam pegando Ascarel de um depósito e usando-o como óleo de cozinha; o herbicida "agente laranja" foi usado pelos militares dos EUA para desfolhar árvores do Vietnã durante a guerra. Por Jorgito Patricio da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida

A Monsanto é a maior produtora de herbicidas do mundo, e está entre as cem empresas mais lucrativas dos EUA. Apenas nos últimos dois anos, investiu US$ 6,7 bilhões na aquisição de outras companhias norte-americanas de sementes e biotecnologia, tornando-se a maior empresa do ramo.

A Monsanto Chemical Company foi fundada em 1901, em Saint Louis, Missouri, Estados Unidos. Nos anos 20, se converteu num dos maiores fabricantes de ácido sulfúrico e de
outros produtos básicos da indústria química. Desde a década de 40 até hoje sempre se manteve entre as dez maiores indústrias químicas dos Estados Unidos.

Em 1929 a Swan Chemical Company, adquirida pouco depois pela Monsanto, desenvolveu os bifenilos policlorados (PCBs) que foram elogiados por sua extraordinária estabilidade química e ininflamabilidade. Os PCBs, ou Ascarel, foram largamente utilizados como refrigerantes de equipamentos elétricos.



Nos anos 60, os numerosos compostos da família dos PCBS da Monsanto foram usados como lubrificantes de ferramentas, revestimentos impermeáveis, refrigeradores de transformadores. Nos anos 30 já se tinham alguns indícios dos perigos dos PCBs. Nos anos 60 e 70 os cientistas apresentaram dados conclusivos: os PCBs e outros compostos organoclorados provocavam câncer e estavam relacionados com um conjunto de transtornos reprodutivos e imunológicos.

O centro mundial de produção de PCBs era a fábrica da Monsanto em East Saint Louis. O lugar hoje é um subúrbio de empobrecimento crônico. A cidade tem a taxa mais elevada de morte fetal e de nascimentos prematuros do estado. O Ascarel é proibido hoje no mundo, mas ninguém sabe o que fazer com as milhões de toneladas do produto estocadas por todo planeta.

Agente Laranja

Há cerca de cinco anos a imprensa noticiou que favelados cariocas estavam pegando Ascarel de um depósito e usando-o como óleo de cozinha! O herbicida conhecido como agente laranja foi usado pelos militares norte-americanas dos EUA para desfolhar as árvores da selva tropical do Vietnã durante a guerra nos anos 60. É uma mistura de dois tóxicos poderosos, o 2,4,5-T (ácido Triclorofenoxiacético) e 2,4-D (ácido Diclorofenoxiacético).

Ele era fornecido por várias empresas, mas o da Monsanto era o mais poderoso por conter níveis maiores de dioxinas. As dioxinas, já se comprovou, são carcinogênicas e teratogênicas (gera fetos mal formados). Por conta desta eficiência, a Monsanto foi a principal acusada na demanda interposta pelos veteranos de guerra que, depois do
conflito, apresentaram uma série de doenças atribuídas a exposição ao agente laranja.

É preciso observar que os militares prestaram serviço por no máximo um ano no Vietnã. Mas e os nativos da região? Estimativas dão conta da existência de mais de 500 mil crianças nascidas no Vietnã desde os anos 60 com deformidades relacionadas às dioxinas contidas no agente laranja.

Uma ação judicial, motivada pela denúncia de trabalhadores ferroviários expostos
a dioxinas em consequência de um descarrilamento, revelou a existência de dados manipulados. Um funcionário da Agencia de Proteção Ambiental Americana (EPA) concluiu que os estudos foram manipulados para apoiar a posição da Monsanto, que defendia que os efeitos das dioxinas limitavam-se à cloroacne (uma enfermidade da pele). A Monsanto teve que pagar US$ 16 milhões e se revelou que muito dos produtos da empresa, desde herbicidas caseiros estavam contaminados por dioxinas.

Fonte: publicado em  Diário Liberdade e Brasil de Fato

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