Informações pessoais de cinco manifestantes que protestaram contra a comemoração do Golpe de 64 em frente ao Clube Militar foram postadas na página do torturador.
Celso Lungaretti (*)
O site do torturador Brilhante Ustra publicou (vide aqui) nome, foto e dados pessoais do manifestante que cuspiu num dos oficiais da reserva participantes da criminosa apologia do totalitarismo e do terrorismo de estado que teve lugar dia 29 no Clube Militar do Rio de Janeiro, bem como de outros quatro cidadãos que se posicionaram contra aquela abominação.
O objetivo alegado foi "disponibilizar material para que o Clube Militar, assim como o agredido possam acionar a justiça".
Mas, há sempre possibilidade de eles se tornarem alvos das práticas habituais do antigo DOI-Codi: sequestros, torturas, assassinatos.
Os defensores dos direitos humanos devem tomar imediatas providências para a proteção da vida e da integridade física dos cinco.
Se qualquer um deles sofrer uma agressão covarde como as que são marca registrada da ditadura militar, já sabemos quem deve ser responsabilizado como indiscutível instigador e provável mandante.
Finalmente, eis algumas perguntas que não querem calar:
O que mais agride as leis do País, a cusparada que um jovem de 22 anos, justificadamente indignado, aplicou no coronel aviador Juarez Gomes da Silva, presidente do Ternuma-RJ, ou a própria atuação do Ternuma-RJ na justificação/exaltação do arbítrio, minimização de atrocidades e manutenção de campanhas de ódio permanentes (incluindo as de difamações, calúnias e injúrias contra os heróis e mártires da resistência à tirania)?
Que consideração merece tal personagem, um destrambelhado que já apareceu na IstoÉ se propondo a desenvolver uma campanha publicitária para denunciar autoridades federais (inclusive a então ministra Dilma Rousseff) como "terroristas" e declarando que o então ministro da Justiça Tarso Genro não passaria de um "canalha" (vide aqui)?
Quem levantou os nomes e dados pessoais dos quatro outros manifestantes, afora o do sociólogo Gustavo Santana, que apareceu no noticiário como vítima de agressão bestial da PM (teve o braço quebrado)?
O Brilhante Ustra parece ter montado um DOI-Codi privado em plena democracia.
É o caso de averiguarmos se ele não está usurpando funções da polícia ao realizar investigações, e da imprensa ao divulgar os resultados.
Não sei se é legal. Mas moral, com certeza, não é.
Trata-se do preço que estamos pagando por não havermos instalado em 1985 um tribunal como o de Nuremberg. Redemocratização pela metade dá nisso.
* jornalista, escritor e ex-preso político. http://naufrago-da-utopia.blogpot.com
Fonte site: Brasil de Fato
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