por Anna Carolina
Papp e Mariana Payno Gomes
Cerca de dois mil estudantes da USP – segundo o DCE –
deliberaram manter a greve geral. A decisão foi tomada em assembleia no salão
nobre da Faculdade de Direito, no dia 10 de novembro. Os alunos também
debateram os próximos passos do movimento, a incorporação de novas bandeiras e
a organização de atividades para o calendário de greve. A assembleia tomou
corpo logo após um ato que contou com, em média, quatro mil pessoas em marcha
pelas ruas do Centro em São Paulo, segundo informou a CET.
A Assembleia teve início por volta das 21h. Além da
reafirmação dos eixos da greve, definidos na assembleia anterior, foram
incorporadas ao movimento, por meio de votação, duas novas bandeiras: “10% do
PIB para a educação” e “fora PM violenta de toda a sociedade”.
Ao comando de greve, composto por representantes das
unidades, foi delegada a responsabilidade de organizar a mobilização nos cursos
que ainda não haviam declarado paralisação ou que não haviam realizado suas
assembleias deliberativas a respeito da greve.
Também foi decidido que todos os materiais e campanhas do
movimento geral passassem primeiramente pelo comando de greve para aprovação.
Tal resolução foi extremamente polêmica, gerando divergência entre os
participantes, mas acabou sendo aprovada.
Relatos dos presos
Na abertura da assembleia, algumas das 73 pessoas presas
durante a reintegração de posse da reitoria no dia 8 de novembro relataram a
situação da ocupação e os momentos que se seguiram à chegada dos policiais.
Um aluno identificado apenas como Pardal disse que “as fotos
que todo mundo viu na imprensa não têm nada a ver com o que havia na ocupação
[da reitoria]. [Quem fez] aquilo foi a polícia para criminalizar o movimento”.
A estudante Rose, que supostamente foi agredida por
policiais durante a operação, contestou a atitude do reitor João Grandino
Rodas. “Eu não acho que o Rodas seja uma ‘persona non grata’. Porque ele não é
uma pessoa, ele não é um ser humano. Aqueles policiais também não”, disse.
Segundo a PM, a reintegração de posse foi pacífica. A
coronel Maria Yamamoto afirmou que não houve resistência ou reação violenta por
parte dos alunos durante a operação.
Foi proposta uma campanha de arrecadação entre entidades
estudantis e sindicais a fim de repor o dinheiro da fiança dos presos – paga
com ajuda de sindicatos e movimentos populares. No entanto, um dos advogados
envolvidos no caso, apresentado como Vandré, afirmou que os advogados
representantes dos alunos estão tentando reaver a quantia judicialmente, além
de solicitar a retirada dos processos contra os estudantes.
Calendário de greve
Estudantes de outras instituições também estavam presentes
na assembleia. Representantes da Unesp de Marília, da Unicamp, da PUC-SP e da
Fundação Santo André declararam total apoio à greve dos uspianos.
Alunos de pós-graduação da USP afirmaram que “repudiam o
fato de que a PM ocupe os espaços de política da Universidade”. Membros dos
centros acadêmicos explicaram como a mobilização tomou corpo em algumas
unidades e cursos e apresentaram suas atividades para a próxima semana – que
incluem reuniões, debates e assembleias (as datas e horários podem ser consultadas
na página do Jornal do Campus no facebook).
Os estudantes decidiram realizar um ato em frente ao prédio
da reitoria na próxima quarta-feira (16), às 16h. O objetivo é exigir a
presença do reitor em audiência pública às 18h, convocada pela Adusp (Associação
de Docentes da USP), a fim de esclarecimento com reitoria.
A próxima assembleia geral será realizada na quinta-feira
(17), na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), às 18h30.
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