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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

É necessário uma revolução na ONU, afirma Evo Morales.


Um dos avanços mais impressionantes, na seara política da América Latina, foi a chegada ao poder de um presidente de origem verdadeiramente indígena como ocorreu com a Bolívia. Evo Morales é o exemplo mais bonito de um governante que veio das entranhas mais profundas da sociedade boliviana historicamente marcada pela exploração e pela opressão desenfreada imposta pelos notáveis “europeus civilizados”.

Suas observações sobre a natureza da ONU e de seu Conselho de Segurança deveria ser repetido, amiúde e com grande veemência por outros chefes de Estado. Sabemos que, muito provavelmente, isso não teria grande força de convencimento mundial uma vez que trata-se de uma instituição que veio ao mundo para atender aos anseios do imperialismo capitaneado por Washington. Os exemplos recentes envolvendo as ações criminosas no norte da África reforçam, assaz, essa proposição. È quase que um axioma.

Discursos como os de Evo, sabemos, não são de interesse da grande imprensa. Mas precisamos levá-lo ao mundo. Fazer com que suas preocupações e suas assertivas mais agudas, que têm suas origens nas contradições que marcaram a luta dos seres humanos mais humildes e aviltados do continente contra o seu algoz mais feroz: o invasor do norte, cheguem aos lares de homens e mulheres que, espalhados por esse grande planeta, acreditam no futuro da espécie humana e num mundo melhor. Evo Morales, certamente, deve ser um orgulho para todos os bolivianos.

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(Prensa Latina) O presidente de Bolívia, Evo Morales, assegurou que é necessária uma revolução nas Nações Unidas, a qual se coloque fim à ditadura que representa o Conselho de Segurança.


Este milênio é dos povos, preconizou Evo Morales

Recebe Evo Morales título Honoris Causa de universidade cubana


Em entrevista exclusiva com Prensa Latina durante a visita oficial que realiza a Cuba, o mandatário criticou a resolução aprovada em março último nessa instância da ONU que serviu de cobertura aos bombardeios da OTAN contra Líbia.

"Que Conselho de Segurança, eu diria que é um Conselho de insegurança", exclamou Morales, depois de afirmar que essa agressão constitui uma vergonha para a humanidade.

O Presidente perguntou também que classes de organismos internacionais temos no mundo, ante cujos olhos se pode fraguar uma investida bélica como a empreendida pela Organização do Tratado do Atlántico Norte (OTAN) com Estados Unidos à cabeça contra o país árabe.

O Conselho de Segurança da ONU integram-no 15 países, deles cinco de forma permanente e com direito a veto: Estados Unidos, Reino Unido, França, China e Rússia.

De acordo com o mandatário boliviano, depois de retirar do poder a base de bombas ao líder líbio, Muamar Kadafi, agora as potências ocidentais e Estados Unidos se brigam para ver quem será o dono dos poços petroleiros de Líbia.

"Há muitos interesses de continuar acumulando o capital em poucas mãos, em mãos das oligarquias, das multinacionais", precisou Morales.

Referente a necessidade de reformar as Nações Unidas, e à incapacidade do organismo para defender o direito internacional, o chefe de Estado recordou ademais o desrespeito de Washington ao pedido mundial de que finalize o bloqueio econômico, comercial e financeiro contra Cuba.

Desde 1992 nas Nações Unidas são submetidas à votações resoluções sobre a necessidade de pôr fim a essa guerra econômica contra a ilha, documentos que ano após ano incrementam seus votos a favor.

Em 2010, 187 países respaldaram a Cuba, e só Estados Unidos e Israel opuseram-se ao texto.

Washington "não respeita e as Nações Unidas não fazem cumprir", enfatizou o presidente boliviano, quem nos próximos dias falará no segmento de alto nível da Assembleia Geral da ONU.

"Não tenho um discurso preparado, estou pensando fazer algumas reflexões sobre a crise do capitalismo, sobre as intervenções desumanas como a de Líbia", comentou o dignatário à Prensa Latina, ao enumerar ademais outros temas que abordará em Nova York.

Há uma crise financeira do império, do capitalismo, e por tanto dos Estados Unidos, destacou Morales, que expressou preocupação pelas agonias econômicas de Ocidente e sua repercussão nos países subdesenvolvidos.

Na opinião do mandatário, depois de ver os protestos em massa em vários países da Europa perguntou-se se, a esse passo, as economias dos países do Sul devam depender dos mercados do chamado Velho Continente ou do estadunidense.

"Depender do mercado norte-americano e do europeu, penso que é um problema muito sério para os países chamados em via de desenvolvimento, os subdesenvolvidos.", indicou.

A respeito, defendeu por regionalizar o mercado, sob políticas de solidariedade e complementaridade, e descartar totalmente as políticas de competitividade.

"Neste novo milênio não pode ser o milênio das oligarquias, as hierarquias, as monarquias (...) este deve ser o milênio dos povos", afirmou, para destacar que uma forma de viver é o socialismo comunitário, que -insistiu- deve se desenvolver e implementar em frente à crise do capitalismo.

Na opinião de Morales, a América do Sul avançou bastante em função da integração apesar das diferenças ideológicas dos governos, já que em cinco ou seis anos conseguiu-se dar forma à União de Nações Sul-americanas (Unasul).

Pôs como exemplo de comércio dos povos no marco da complementaridade, que Bolívia prefere lhe comprar a Brasil equipamentos da indústria tecnológica, como tratores, em lugar dos adquirir na Europa ou nos Estados Unidos.

Por sua vez, os países que produzem esse equipamento, podem comprar os têxteis que produz essa indústria boliviana.

O Presidente destacou ademais o papel de Unasul contra intentonas golpistas como a de 2008 na Bolívia, que pretendeu retirar do poder, ao qual tinha chegado em 2005 com 53,74 por cento dos votos.

"Antes o que se fazia na América do Sul?, quando tinha algum problema, era a OEA em nome dos Estados Unidos, ou algum representante dos Estados Unidos que ia resolver esses problemas internos", lembrou.

Morales chamou a atenção sobre a realidade de que cada país tem suas particularidades, mas os une a meta de se libertar culturalmente, socialmente, e fundamentalmente no econômico.

"Se não há libertação econômica ou financeira, seguramente vamos cair na dependência desses mercados, e às vezes esses mercados nem sequer estão garantidos", considerou o mandatário.

Recordou que ainda alguns países da América Latina têm bases militares estrangeiras, em particular dos Estados Unidos. "E na Bolívia libertamo-nos de bases militares", afirmou.

A respeito da XVII Conferência das partes da Convenção sobre Mudança Climática, a realizar-se em dezembro próximo em Durban, África do Sul, Morais pôs em dúvida que nesse encontro possam resolver as diferenças entre os países desenvolvidos e os subdesenvolvidos.

"Os inimigos da humanidade estão identificados, é o capitalismo, o imperialismo, como mudar isso, essa é a batalha permanente", afirmou, depois de recordar a manobra dos Estados Unidos e um grupo de países em Copenhague há dois anos para obstruir qualquer tentativa favorável a um segundo período de compromissos do Protocolo de Kioto.

"Obama, entra por um buraco, faz sua intervenção e escapa-se pelo mesmo buraco, nem sequer entra pela porta principal. Alguém tem que escapar, o que tem feito dano à humanidade, queriam acabar com o Protocolo de Kyoto", assim disse Morales sobre o episódio de Copenhague.

O mandatário assegurou estar convencido de que a Mãe Terra, o planeta, a natureza "é o mais importante".

"Por que não debater nas Nações Unidas os direitos da Mãe Terra", ao igual que se emitiu a Declaração Universal dos Direitos Humanos, perguntou o chefe de Estado.

E é que o capitalismo não entende, quer seguir destroçando o meio ambiente, e a mudança -precisou- lhe concede bônus aos países subdesenvolvidos para explorar seus recursos naturais.

"É como mercantilizar, privatizar nossos bosques, nos países pobres de Sulamérica", exclamou, ao mesmo tempo em que abogó porque os países da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (ALBA) levem de conjunto sua postura ao encontro na América do Sul.

"Antes de ir a Durban deveríamos reunir-nos, primeiro nossos chefes negociadores em mesas de trabalho, e depois os presidentes, para levar uma só voz e defender os direitos da Mãe Terra", considerou o estadista.

A aliança está integrada por Venezuela, Bolívia, Cuba, Equador, San Vicente e as Granadinas, Nicarágua, San Cristobal e Neves, Dominica e Antigua e Barbuda.

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