Com informes do Sul21
A Justiça da Argentina promove nesta quinta-feira (1º) o primeiro julgamento envolvendo crimes de lesa-humanidade no país. A sessão no Tribunal Oral Federal ocorrerá na cidade de San Juan, onde será julgado um casal que assumiu a paternidade de uma criança retirada dos pais, ativistas políticos desaparecidos durante a ditadura. O julgamento é considerado emblemático devido aos numerosos casos semelhantes ocorridos ao longo da história argentina.
Segundo a denúncia, em 1980, o casal Luis Alberto Tejada e Raquel Josefina Quintero registrou como filho uma criança que foi retirada dos pais – que desapareceram na ditadura militar argentina (1976-1983). O bebê tinha menos de um ano de idade, de acordo com relatos.
Tejada, militar e ex-funcionário do Departamento de Inteligência do governo da Argentina, e a mulher são suspeitos de assumir a paternidade do filho do casal Luis Francisco Goya, argentino e integrante do grupo Montoneros, e María Martínez Lourdes Aranda, mexicana.
O julgamento será filmado, com autorização da Suprema Corte de Justiça da Argentina, que determinou que o material seja remetido para a Escola Nacional de Cinema. A ordem se estende a todos os julgamentos que envolvam os crimes contra a humanidade. Pelo direito internacional, são considerados crimes contra a humanidade aqueles que envolvem atos de perseguição, agressão ou assassinato de grupos e também o genocídio.
Estima-se que cerca de 30 mil pessoas tenham desaparecido durante a ditadura argentina. Segundo relatos, eram comum casos de bebês e crianças retirados do colo dos pais, perseguidos políticos. O movimento denominado Mães e Avós da Praça de Maio atua para não deixar que o assunto caia no esquecimento.
A Escola de Mecânica da Marinha (Esma), em Buenos Aires, ficou conhecida como o maior centro de tortura da ditadura argentina. Para entidades civis, cerca de 4 mil pessoas desapareceram depois de passar pelo local.
Com informações da Agência Brasil.
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