Venezuela – Diario Liberdade- Recentemente, o Presidente Maduro explicou bem
a gravidade da guerra econômica contra a Revolução Bolivariana, assinalando que
os culpados são os capitalistas (Fedecamaras, Consecomercio e Venamcham) e
anunciou uma série de medidas para enfrentá-los.
Com este declaração da CMI
Venezuelana damos início a uma série de artigos, com o intuito de expressar
nosso apoio aos trabalhadores e à Revolução naquele país, por sua vitória nas
eleições de 8 de dezembro, derrotando a direita para avançar na construção do
socialismo.
Declaração de Lucha de Classes –
Seção Venezuelana da CMI
A situação é grave. A inflação
disparou, alcançando 54% de janeiro a outubro deste ano e 74% em termos anuais.
O índice de escassez atingiu uma taxa recorde de 22%. O que está por trás
destes números? Inflação, açambarcamento, superfaturamento, especulação, fuga
de capitais, corrupção, sabotagem dos investimentos e outros problemas que
afetam aos trabalhadores e ao povo, têm suas origens na forma como o próprio
sistema capitalista funciona.
O objetivo dos capitalistas não é
produzir a fim de atender as necessidades da sociedade, mas para obter lucros.
Dessa forma, se puderem obter maiores lucros usando dólares de CADIVI [Comissão
de Administração de Divisas – órgão do governo venezuelano que administra o
câmbio oficial na Venezuela], dentro da taxa de câmbio oficial, para importar
mercadorias e em seguida vendê-las, mas a preços fixados em bolívares de acordo
com a taxa de câmbio do mercado "paralelo", eles o farão. Se puderem
realizar um lucro obtendo dólares de CADIVI para importação e em seguida
trazendo contêineres cheios de sucata, enquanto vendem os dólares no mercado
negro, novamente, eles o farão.
Isto faz parte do funcionamento
normal do sistema capitalista; a natureza da classe burguesa a impulsiona a
obter maiores lucros a qualquer custo, e dessa forma não pode permitir qualquer
regulação de suas margens de lucro. De fato, uma das razões para a guerra
econômica é a revolta da classe capitalista contra os controles de preços e do
câmbio.
Uma outra razão é a sabotagem
deliberada por razões políticas. Os produtos são retirados do mercado de forma
organizada a fim de causar transtornos econômicos e para que o povo bolivariano
culpe o governo pelos problemas. Exatamente a mesma tática usada pelos
capitalistas e pelo imperialismo durante o governo de Allende no Chile entre
1971 e 1973, como preparação para o golpe de Pinochet. Nixon deu instruções
para "fazer a economia gritar".
A terceira razão diz respeito ao
fato de que os capitalistas não sentem que seus investimentos estão seguros
devido à existência da Revolução Bolivariana, que deu à classe trabalhadora
confiança em sua própria força. Ou seja, um capitalista não investirá para
melhorar a capacidade produtiva, nem para aumentá-la, a menos que ele ou ela
tenha a convicção de que os trabalhadores, encorajados pelo governo, não
organizarão um conselho socialista de trabalhadores para exigir melhores
condições e salários, ou exigir a expropriação da empresa.
A guerra econômica é uma batalha
aberta entre os trabalhadores e o povo, de um lado, que em sua grande maioria
repetidamente expressou apoio à revolução bolivariana e quer seguir adiante em
direção ao socialismo, e de outro lado a oligarquia, uma minoria parasitária de
capitalistas, latifundiários e especuladores intimamente ligados aos interesses
imperialistas.
Perante esta situação, não há
espaço para meias medidas ou para apelos à responsabilidade dos patrões. A
regulação do mercado capitalista também não pode produzir os efeitos desejados.
A experiência da revolução bolivariana, particularmente a partir do lockout e
sabotagem dos patrões da economia em 2002, prova uma coisa: concessões e apelos
à burguesia sempre encontraram maiores sabotagens e conspirações. A tentativa de
regular preços e lucros somente aumentará a sabotagem, o desinvestimento e a
fuga de capitais.
A única forma de se responder a
esta campanha criminosa e antidemocrática oriunda da classe dominante é com
fortes medidas e mão de ferro. A burguesia deve ser privada do poder econômico
que usa para ignorar a vontade democrática da maioria.
A Tendência Marxista "Lucha
de Clases" propõe as seguintes medidas:
Monopólio estatal do comércio
externo: não podemos continuar a dar dólares à burguesia; e tudo o que a Venezuela
necessite importar, o estado deveria fazê-lo e distribuir através dos canais de
distribuição estatais.
· Controle operário da produção:
os trabalhadores produzem toda a riqueza e sabem onde e como é distribuída,
eles têm o conhecimento necessário para evitar a sabotagem econômica e devem
exercer vigilância revolucionária em todo o processo de produção.
· Controle popular da cadeia de
distribuição de alimentos e produtos básicos: o povo trabalhador, organizado
através das comunas, junto aos conselhos dos trabalhadores socialistas nas
fábricas e à milícia, deve exercer o controle sobre o fornecimento,
distribuição e venda dos produtos básicos.
· Qualquer empresa que sabote a
produção ou a distribuição será imediatamente expropriada sob o controle dos
trabalhadores.
· Expropriação sob o controle dos
trabalhadores das grandes empresas monopolísticas que controlam a produção e a
distribuição de alimentos, a começar pelo Grupo Industrial POLAR que tem
participado ativamente em todas as conspirações contra a revolução nos últimos
dez anos.
· Os conselhos socialistas de
trabalhadores, as cooperativas e as organizações camponesas, as comunas e a
milícia devem organizar Juntas de Abastecimento Popular em cada bairro e
comunidade. Estas Juntas devem estar ligadas e coordenadas em níveis municipal,
estadual e nacional através de delegados democraticamente eleitos e com
mandatos revogáveis. Isso irá definir as bases para a expropriação dos grandes
monopólios, bancos e grandes latifúndios, o que permitiria o planejamento
democrático da economia em benefício da maioria da sociedade.
Nas palavras de Ezequiel Zamora:
"o que tem de ser sequestrada é a propriedade dos ricos, porque com ela
eles fazem a guerra contra o povo; vamos deixá-los apenas com suas
camisas".
Nem pactos nem compromissos com
os capitalistas. Todo o poder à classe trabalhadora. Expropriação da
oligarquia.
Fonte: Diario Liberdade e
Esquerda Marxista
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