Brasil - LBI-QI - Pela terceira vez consecutiva o COPOM, organismo
colateral do Banco Central, deliberou por um aumento de 0,5% ponto percentual
na taxa Selic, atendendo assim a "reivindicação" dos banqueiros e
rentistas internacionais.
A nova política de juros do BC é
resultado de uma ampla campanha do PIG a favor do aumento do superávit primário,
possibilitando assim que o governo Dilma destine recursos do orçamento para o
pagamento dos spreads da dívida interna. Ouvindo as "queixas" dos
banqueiros de que o governo "gasta demais", o Ministro da Fazenda
Guido Mantega anunciou um corte de 15 bilhões no orçamento federal, apesar do
recorde positivo de 6 bilhões obtido no mês de maio.
A decisão de retomar o ciclo de juros altos,
tomada por unanimidade pelos tecnocratas do BC, teve como base o suposto
combate à inflação, alimentada artificialmente pelos especuladores e grandes
atacadistas. Outro ponto que balizou a decisão do governo foi a disparada do
Dólar, que atingiu no Brasil os mesmos patamares de cotação da crise financeira
de 2008.
Remunerando o capital acima das
taxas médias praticadas no mercado mundial, o governo Dilma pretende retomar a
política monetária da era FHC, onde o país era um porto generoso de atração de
capitais voláteis, gerando retração na produção industrial e incentivo à
exportação de commodities agro minerais, para aproveitar a maxidesvalorização
do Real. Em pleno momento onde as massas saem as ruas exigindo mudanças
estruturais no regime burguês, o governo da Frente Popular segue a direção
política exatamente contrária, aprofunda o modelo neoliberal para beneficiar o
capital financeiro, tentando desta forma inutilmente acalmar a ira do PIG que
saliva a derrota do PT em 2014.
O pagamento da dívida interna
(principal e spread) é o principal elemento econômico que "engessa" o
governo para realizar investimentos em áreas sociais, como saúde, educação,
transporte e habitação, restando somente para o orçamento estatal (descontado
os valores destinados à dívida publica) a função de alocar verbas para as
grandes empreiteiras, o chamado PAC. Com um montante acumulado de mais de três
trilhões de Reais (o BC mascara os dados verdadeiros com truques contábeis), só
com juros de "rolagem" o governo paga ao mercado financeiro cerca de
500 bilhões por ano pelos serviços da dívida.
Com um modelo baseado na contração
internacional de crédito, principalmente pela via do BNDES, o Brasil viu sua
dívida interna duplicar, enquanto o governo Lula afirmava enganosamente que a
dívida externa teria sido "zerada". O mecanismo de maquiar a dívida
externa com a metodologia de criar um "super" banco nacional de
fomento (BNDES), captando recursos internacionais com juros baixos, começa a
mostrar sinais de esgotamento, principalmente no cenário de uma retomada
parcial do crescimento econômico norte-americano.
Por outro lado, as projeções do
crescimento do PIB em 2013 recuam a cada "análise" do mercado,
obrigando o governo a conceder a burguesia mais subsídios e isenções fiscais
para manter aquecido o consumo interno. Na ausência de um projeto nacional de
desenvolvimento capitalista, não existem recursos sequer para construir novas
refinarias para processar o "pré-sal", a equipe econômica palaciana
vai "empurrando com a barriga" e administrando o "pibinho"
diante de um quadro de relativa gordura em reservas cambiais. A guinada monetarista
realizada pelo BC, sob a orientação direta dos rentistas, ameaça inclusive o
frágil equilíbrio econômico nacional, que vem garantindo taxas relativamente
baixas de desemprego.
Os marxistas revolucionários vem
há muito denunciando a completa subordinação deste governo aos "barões"
do mercado financeiro. Não existe nenhuma alternativa para o atendimento das
reivindicações populares que não passe pela anulação completa de toda a dívida
interna e externa, vinculada à estatização do sistema financeiro nacional sob
controle dos trabalhadores. Esta sim deve ser uma bandeira programática
prioritária a ser levantada em todas as manifestações que forem realmente
protagonizadas pela esquerda comunista e o movimento operário.
Fonte: site Diário liberdade e LBI-QI
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