Já se disse que quando um homem fala do que não compreende
para uma multidão de pessoas que não
entende o que ele diz, ele está falando
metafísica. Esse chiste é bastante oportuno
em face ao tema desse texto. Sim, ele encerra
muitas verdades.
Ou aquele outro mais popular:
“esta conversa é fiada”.
Isso faz-me lembrar de um grande professor de língua portuguesa que
certa manhã, no último ano do ensino
médio , legou-nos, referindo-se naquele momento a certos fatos infundados. . .. ”são colóquios flácidos
para acalentar bovinos”. Inesquecível!
Lembro-me como se fosse há pouco.
As questões que
apontam para as expectativas , produção e o patrimônio da Petrobrás já acenderam grandes e espetaculares discussões.
Muitos se expressaram sobre o
tema, alguns com superficialidade, outros não.
A
análise e observações, a
propósito muito preocupantes, do diretor do Sindipetro-RJ e da Federação
Nacional dos Petroleiros (FNP), Emanuel
Cancella podem causar surpresas
irritação e confirmações para muitos, da mesma forma que podem provocar frustrações
e decepções em outros. Algo, entretanto, nisso tudo
é certo. Ele não está falando metafisicamente .
Demonstra
com grande nitidez que
aquilo que tantos temiam está em curso. E com notável
precisão. O velho e antigo ponto de intersecção entre tucanos e petistas está em operação.
E isso se faz sentir em determinados setores
da vida nacional. A grande maioria dos observadores e analistas políticos de
cunho progressista, por outro lado, se
esquivam ou desdenham tal
elucidação.
É um
mecanismo terrível. Como disse recentemente a senhora Foster, é
como um relógio. Terá a sociedade organizada forças para freá-lo?
O exemplo vindo da Venezuela não
seria suficiente para ensinar algo aos
nossos governantes?
É, como diz meu
ilustre vizinho Ceará:
“ a pancada é seca”. Muitos brasileiros esperavam por postura diferente do
governo atual em face a
política energética e suas potencialidades.
Muito também se falou, e isso ainda é forte,
na web e noutros veículos de informação, sobre o entreguismo e a
submissão internacionais, marca
indelével, e ao que se vê não exclusiva dos
tucanos neoliberais.
Leonel Brizola com aquele nacionalismo que lhe era peculiar e na
defesa dos interesses nacionais denunciava
aquilo que os tucanos e os fascistas colaboradores da ditadura mais
gostavam de fazer: ampliar e acentuar aquilo que ele denominava de
perdas internacionais. Já
no final de seus dias Brizola
apontava, com grande preocupação, os
rumos de algumas vertentes esquerdistas
que possuíam, segundo ele,
condições de mudar o status quo
então vigente.
A questão parecia estar bem
encaminhada pelo menos no discurso, dizia ele, quando discursava
com sua respeitável experiência e grande
conhecedor dos feitos de nossas
elites. Ele sabia do que falava. Passara
anos de sua vida denunciando as vilezas e sevícias
dessa classe social apátrida.
Hoje, decididamente, é uma vergonha ver tais expedientes em andamento e saber por antecipação as consequências de tais
deliberações. Os precedentes, em casos como esse, são os piores. A história tem mostrado isso.
Um
governo oriundo de um partido que nasceu junto aos movimentos populares,
não deveria esquecer seu histórico papel
e, muito menos, se esquivar de suas
origens.
Certas coisas
não há como separar. Aquelas que
aludem as questões ideológicas são, por
assim dizer, complexas e a sociedade não entende e não aceita comportamentos tão
imprevisíveis. Imprevisíveis?
Será esse mesmo o termo
adequado?
Em tempo: O
mesmo Brizola, em meados dos anos 90,
mais precisamente em 1994, disparou,
como habitualmente o fazia quando
indagado: "Eu é que vou fazer um chamamento às
bases do PT. A cúpula do PT tem uma tendência irresistível para a direita, o
que não ocorre com as bases." "Vou fazer um chamamento especialmente
ao eleitorado popular que tem votado por simpatia no PT".
É, isso
não é metafísica. Está mais para dialética.
Professor Jeovane
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Vamos sugerir ao jornalista Amauri Ribeiro Junior que escreva um novo
livro sobre a “Privataria Petista”. A edição do segundo volume dessa história
de privatizações seria importante para comparar os métodos tucanos e petistas,
apontando aqueles que foram favorecidos. Quem foi prejudicado já se sabe, o
povo brasileiro.
*Por
Emanuel Cancella
Vamos sugerir ao jornalista
Amauri Ribeiro Junior que escreva um novo livro sobre a “Privataria Petista”.
Apesar de boicotada pela grande imprensa e proibida de circular pelos tucanos,
a publicação foi um sucesso de vendas. A
edição do segundo volume dessa história de privatizações seria importante para
comparar os métodos tucanos e petistas, apontando aqueles que foram
favorecidos. Quem foi prejudicado já se sabe, o povo brasileiro.
Dilma serve uma sopa para os
miseráveis do país e faz banquete para os ricos do mundo. Em termos de valores, os petistas devem
chegar à frente dos tucanos: só a 11ª rodada de leilão da Agência Nacional de
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP, a ser realizada nos dias 14 e 15
de maio, envolve, segundo a própria ANP, algo estimado em 30 bilhões de barris
de petróleo ou equivalente a três trilhões de dólares. No entanto, a Agência
espera arrecadar com o leilão apenas bilhão de dólares.
Todos os valores envolvidos
na “Privataria Tucana”, somados (Vale do
Rio Doce, CSN, Telebrás, Eletrobrás etc) não atingiriam os valores do que
presidente Dilma, do PT, já está privatizando e ainda pretende privatizar, o que inclui aeroportos, portos, estradas e
agora o petróleo.
Além dos leilões marcados pela
ANP – com reservas que equivalem a pelo menos duas Petrobrás – existo o plano
de “desinvestimento” criado pela presidente da companhia, Graça Foster, que
inclui o repasse a iniciativa privada de termoelétricas, usinas eólicas,
pequenas centrais hidrelétricas e campos de petróleo.
Foster já está colocando em
prática a venda de ativos. Em novembro de 2012 repassou para Eike Batista 40%
do campo BS 04, da Bacia de Santos. O governo tucano, que chegou a dividir a
Petrobrás em unidades de negócio para vendê-la fatiada, não conseguiu seu
intento, mas Graça Foster já começou a venda de ativos. Já está vendendo o
patrimônio da Petrobrás.
Graça que disse que, no passado,
foi catadora de papel. Em julho do ano passado chegou a declarar a
investidores, em Londres, que vai dedicar sua vida para recuperar os valores
dos papéis da Petrobrás. Mas os papéis a que ela se referia são as ações da
empresa. Diferente de Lula que durante seu governo se reunia todo ano, no
Natal, com catadores de papel, Graça nega a própria origem e já “vendeu” um campo
gigante de petróleo ao mega empresário Eike Batista. Agora diz que quer
ajudá-lo nas dificuldades que enfrenta, no Porto de Açu, em São João da Barra,
no norte fluminense. Em visita a Porto Alegre, declarou aos jornais gaúchos que
“ainda pretendem fazer outras parcerias com o empresário Eike Batista”.
O problema que o desinvestimento
não está previsto em lei e a Petrobrás ainda é uma estatal e não pode ser usada
para ajudar amigos empresários. A presidente Dilma ganhou o debate eleitoral e
se elegeu presidenta rechaçando a privataria tucana. Fomos vitimas de um
estelionato eleitoral? Dilma que parece se afastar do movimento social dos
sindicatos e a abandonar bandeiras histórica do PT como a luta contra a
privatização a reforma agrária etc. Dilma acaba de desonerar de impostos a
grande mídia. “Estima-se que o setor de mídia venha a economizar R$ 1,2 bilhões
por ano a partir de 2014, quando o beneficio entra em vigor.”, revela o
jornalista Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa.
A presidente se afasta de aliados
e se aproxima de inimigos históricos. Lula também usou dessa artimanha, a
pretexto da governabilidade. Mas é provável que tenha se arrependido, a julgar
pelo ataque diário que recebe por parte da Mídia. A presidenta ainda há de sentir
na pele o dito popular: “dia do favor, véspera da ingratidão”.
É inaceitável o silêncio e a
cumplicidade do governo do PT, em relação às privatizações. Se mudou de lado, o
governo Dilma tem que vir a público e fazer como FHC: assumir as privatizações
e falar das vantagens desse modelo. No dia 27 de março, o Senador Roberto
Requião, do Paraná, fez um pronunciamento na tribuna do Senado em alto e bom
som: “Eu não votei duas vezes no Lula e uma na Dilma para privatizar!”
Emanuel Cancella é diretor do
Sindipetro-RJ e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP)
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