Gustavo Carneiro
No momento em que se assinala o 70.º
aniversário da vitória sobre o nazi-fascismo na Segunda Guerra Mundial,
lembramos alguns aspectos centrais da guerra, da resistência, da natureza do
nazi-fascismo, dos avanços políticos, econômicos e sociais alcançados no
pós-guerra, da imposição pelos EUA da chamada «guerra fria», da falsa
«neutralidade de Salazar». Num elementar exercício de memória, esperamos
contribuir para que não se repita nunca mais o fascismo e a guerra, porque a
luta de classes também se trava no campo da história.
Batalhas decisivas pela liberdade
e o progresso
e o progresso
«Nós,
abaixo-assinados, agindo em nome do Alto Comando Alemão, aceitamos a
capitulação incondicional de todas as nossas Forças Armadas em terra, no mar e
no ar, assim como de todas as forças atualmente sob comando alemão, perante o
Supremo Comando do Exército Vermelho bem como perante o Supremo Comando do
Corpo Expedicionário Aliado.» – foi
com estas palavras que, na noite de 8 de Maio de 1945, os altos oficiais
Keitel, Friedeburg e Stumpf assinaram em Berlim a capitulação da Alemanha nazi,
que pôs oficialmente fim à Segunda Guerra Mundial na Europa. A libertação total
de Praga, no dia seguinte, confirmou-o.
Mas a derrota final dos nazi-fascistas tinha sido consumada nos
dias anteriores pelo Exército Vermelho, que desbaratara as últimas unidades
alemãs nos encarniçados combates pela tomada de Berlim, numa batalha brutal que
ceifou mais de 300 mil vidas. No dia 2 de Maio, já a bandeira vermelha com a
foice, o martelo e a estrela de cinco pontas ondulava no topo do Reichstag, um dos símbolos
máximos do poder nazi, prenunciando a vitória total que se aproximava; Hitler,
que assumira pessoalmente o comando da defesa da capital, estava já morto e, a
Ocidente, norte-americanos e britânicos avançavam para a capital do Reich.
Terminava assim o mais sangrento conflito da história da
Humanidade e o terror nazi-fascista no continente europeu (no Extremo Oriente,
os combates prolongaram-se até à rendição japonesa, no início de Setembro). A
vitória foi efusivamente celebrada em todo o mundo, de Moscou a Paris, de
Londres e Nova Iorque, e também em Lisboa, onde milhares de pessoas saíram à
rua com bandeiras dos países vencedores e com paus nus, simbolizando o proibido
estandarte da União Soviética.
Para trás ficavam mais de cinco anos e meio de guerra, na qual
pereceram mais de 50 milhões de seres humanos: nos campos de batalha, sob os
bombardeamentos, nas prisões e campos de concentração, em brutais massacres.
Mais de 20 milhões eram cidadãos da União Soviética. O preço que o primeiro
Estado socialista da história pagou para que o nazi-fascismo fosse extirpado da
face da Terra foi impressionante: entre 22 de Junho de 1941, data da invasão da
URSS pelas tropas nazis, e 9 de Maio de 1945, perderam diariamente a vida, em
média, mais de 14 mil soviéticos; na Bielorrússia, por exemplo, um em cada
quatro habitantes morreu durante a guerra. Os memoriais erguidos em milhares de
cidades, vilas e aldeias dos países que compunham a União Soviética permanecem
como testemunhos do heroísmo, da abnegação e da vitória. Para que não sejam esquecidos!
Da resistência à vitória
Mas o contributo decisivo da URSS para a vitória sobre o
nazi-fascismo não se pode medir apenas em vidas sacrificadas. Ao contrário do
que sucedera na ocupação de vários países europeus, as forças nazis
depararam-se pela primeira vez com uma tenaz resistência em território
soviético: o povo, unido em torno do Partido Comunista e do Exército Vermelho,
vendia caro cada palmo de terra da sua pátria. No primeiro mês de invasão, mais
de 110 mil soldados invasores tombaram e as unidades de tanques e motorizadas
reduziram-se quase a metade; o seu avanço territorial foi perdendo fulgor. O
Estado-Maior alemão reconhecia as dificuldades: «Enquanto no Ocidente e na
campanha da Polônia as forças do inimigo cercadas se rendiam quase a 100 por
cento, aqui [na URSS] as coisas passam-se de maneira diferente. (…) As
informações vindas da frente confirmavam que os russos combatem em toda a parte
até ao último homem.»
Perante o fracasso da guerra-relâmpago (Blitzkrieg) na Frente
Leste e expirado o prazo de oito semanas definido por Hitler para concluir a
invasão do país dos sovietes, o comando nazi redefiniu os seus objectivos, apontando
à conquista de Moscou Em Dezembro de 1941, junto à capital soviética, os
exércitos hitlerianos sofriam a sua primeira derrota em toda a guerra: caía por
terra o mito da invencibilidade nazi. Até
Abril de 1942, quando terminou a batalha de Moscou, os nazis tinham perdido na
URSS um milhão e meio de homens, cinco vezes mais do que todas as baixas
sofridas na invasão e ocupação de 11 países europeus.
Por mais que muitos o tentem ocultar, foi na Frente Leste que as
forças hitlerianas perderam 80 por cento dos seus homens e onde foram
capturadas, derrotadas ou esmagadas 607 das suas divisões (mais do triplo do
que sucedeu nas frentes do Norte de África, da Itália e da Europa Ocidental,
juntas); foi ali que se travaram as batalhas decisivas, que mudaram definitivamente
o curso da guerra: Leningrado, cercada durante anos, nunca foi tomada; a
contra-ofensiva soviética iniciou-se em Fevereiro de 1943, com a vitória em Stalingrado,
após seis meses de sangrentos combates rua a rua e casa a casa. Os nazis
perderam nesta batalha cerca de um quarto do total das imensas forças que
haviam concentrado na agressão à União Soviética.
Meses depois, em Kursk, consumou-se a viragem: a partir deste
momento, nunca mais o comando nazi conseguiu lançar operações ofensivas. Nos
primeiros meses de 1944, todo o território da URSS estava libertado. Mas, para
os soviéticos, a guerra não tinha ainda terminado: era necessário libertar a
humanidade do nazi-fascismo. Até Maio de 1945, a um ritmo estonteante, o
Exército Vermelho derrotou sucessivamente as hordas nazi-fascistas,
expulsando-as dos países ocupados e libertando 113 milhões de europeus.
As retumbantes vitórias do Exército Vermelho animaram a
resistência popular nos países ocupados e precipitaram a consolidação da
coligação anti-hitleriana. A segunda frente, há muito reclamada pelo comando
soviético, tornou-se finalmente realidade em Junho de 1944, com o desembarque
anglo-americano na Normandia.
O nazismo tinha os dias contados.
Da «guerra estranha»
à guerra libertadora
à guerra libertadora
Até à invasão da União Soviética, em Junho de 1941, as tropas
nazis avançaram impetuosamente pela Europa, subjugando e ocupando diversos
países sem se terem deparado com resistência significativa. A própria França,
que dispunha de forças militares muito superiores às hitlerianas, rendeu-se sem
luta, devido à capitulação da grande burguesia. Já antes, a invasão da Polônia,
em Setembro de 1939, que motivou a declaração de guerra anglo-francesa, não
resultou em qualquer acão militar contra a Alemanha nazi.
Esta «estranha guerra» manteve-se durante nove meses. O próprio
chefe do Estado-maior da Wermacht, Jodl, confessou no julgamento de Nuremberg que «se nós não fomos derrotados na Polônia em 1939 isso deveu-se apenas a que,
no Ocidente, no período da campanha polaca, 110 divisões francesas e inglesas
se “opunham” em completa inação a 25 divisões alemãs».
Esta passividade das potências capitalistas ocidentais face ao
expansionismo alemão, italiano e japonês – que vinha já de trás, do início dos
anos 30 e da ocupação e anexação de diversos países e territórios – tinha um
objetivo bem definido: empurrar a agressividade nazi-fascista para a União
Soviética, propósito principal de Hitler, evidente no próprio Mein
Kampf e na
assinatura, com o Japão, do Tratado Anti-Komintern.
A «neutralidade» face à agressão fascista em Espanha, o Acordo de
Munique, a passividade face ao expansionismo nazi-fascista, a recusa das várias
propostas diplomáticas e militares soviéticas tendentes a isolar e refrear a
agressividade dos hitlerianos e a demora em abrir a segunda frente foram
instrumentos desta sinistra estratégia de políticos burgueses e grandes
monopolistas ingleses e franceses. Mas Hitler decidiu-se a consolidar a recaguarda
antes de atacar a Leste: ocupou a França, atacou a Grã-Bretanha e concentrou-se
na frente oriental, onde combatiam, à data do desembarque na Normandia, 92 por
cento das suas forças. Os EUA envolveram-se fundamentalmente na luta contra o
Japão, no Extremo Oriente.
Se a Segunda Guerra Mundial foi, por um lado, uma típica guerra
inter-imperialista por mercados, colônias e esferas de influência, foi também
uma guerra do imperialismo contra o único Estado socialista então existente: a
União Soviética.
Instrumento de domínio
exploração e expansionismo
exploração e expansionismo
É imenso e brutal o rasto de crimes deixado pelo fascismo, e em
particular pela sua mais hedionda expressão, o nazismo alemão: dezenas de
milhões de vítimas provocadas pela guerra; massacres e genocídio de populações;
milhões de presos, torturados e assassinados em prisões e campos de
concentração; câmaras de gás, fornos crematórios e experiências «médicas» sobre
os detidos; escravatura e submissão de povos inteiros à raça
dos senhores. Muitos justificam tamanha barbaridade com a «loucura»
de Hitler e dos seus mais próximos seguidores, ao mesmo tempo que procuram
separar o nazismo alemão dos restantes regimes fascistas, apelidados de
«conservadores» ou «autoritários». Estas explicações não resistem a qualquer
análise séria.
Para compreender o processo que conduziu ao maior e mais mortífero
conflito militar da história da Humanidade, há que recuar ao desfecho da
Primeira Guerra Mundial, à crise revolucionária do pós-guerra e à grave crise
que, a partir de 1929, abalou o sistema capitalista mundial. Em países como a Alemanha,
sangrada e humilhada pela paz dos bandidos imposta pelo Tratado de Versalhes, ou
como a Itália ou o Japão, que tendo estado do lado dos vencedores, não viram
satisfeitas as suas reclamações coloniais, cedo se começa a preparar uma nova
partilha de territórios e colônias. Interessados numa nova guerra e no
esmagamento do pujante movimento operário e sindical, impulsionado pelas
realizações da União Soviética, os monopólios desses países rapidamente apostam
no programa militarista, xenófobo, expansionista, antidemocrático e
anticomunista do fascismo. Entre 1923 e 1936, os fascistas conquistam o poder
na Itália, Hungria, Áustria, Polônia, Romênia, Bulgária, Alemanha, Espanha e
Portugal.
No caso alemão, a subida de Hitler ao poder contou com o financiamento,
o apoio e o estímulo de grupos como a Krupp, a Siemens, a Thyssen ou a Bayer.
Os nazis pagaram todo o apoio, garantindo a estes monopólios elevadas taxas de
lucro com a guerra, resultantes do saque, da pilhagem e do trabalho escravo.
Acertadamente, a Internacional Comunista, no seu VII Congresso, realizado em
1935, caracterizou acertadamente o caráter de classe do fascismo,
considerando-o a «ditadura terrorista aberta dos elementos mais reacionários,
chauvinistas e imperialistas do capital financeiro».
Obreiros
da vitória
Para além das grandes batalhas e dos famosos marechais e generais,
no desfecho da Segunda Guerra Mundial influíram decisivamente os movimentos de
resistência ao fascismo e o papel decisivo que neles desempenharam os
comunistas. Na generalidade dos países ocupados – de França à Grécia, da
Bélgica à Dinamarca, da Jugoslávia à Itália, da Coréia à Indochina –, e nos
próprios países subjugados por ditaduras fascistas, a resistência travou-se de
forma tenaz, constante e corajosa, assumindo as mais diversas expressões:
greves, sabotagens, resistência armada, etc.
Os comunistas não foram os únicos a resistir, mas ninguém mais do
que eles dedicou tantos dos seus esforços a derrotar o nazi-fascismo. Em
França, mais de 75 mil militantes do Partido Comunista Francês foram
assassinados pelos nazis e seus lacaios do regime de Vichy; na Grécia e,
sobretudo, na Jugoslávia, os comunistas lideraram imponentes exércitos
antifascistas. Ninguém mais do que eles contribuiu para a construção de amplas
frentes antifascistas, cumprindo assim as decisões do VII Congresso da
Internacional Comunista.
Na própria União Soviética, a derrota do nazi-fascismo não se deve
apenas ao contributo (decisivo) do Exército Vermelho: a «Grande Guerra
Patriótica» foi vencida por todo um povo, unido em torno do Partido Comunista.
Só uma grande consciência e uma grande unidade, só um irreprimível apego à
liberdade e ao socialismo podem explicar tanta bravura e tanto sacrifício: na
defesa da fortaleza de Brest, na resistência popular ao prolongado cerco a Leningrado,
nos golpes desferidos nas forças alemãs a partir dos subterrâneos de Odessa ou
nas colunas guerrilheiras que fustigaram sem cessar o invasor. Não há revisão
ou reescrita da história capazes de apagar o significado profundo destes feitos heroicos.
A resistência à ocupação ganhou um novo fôlego após a viragem da
guerra a favor da União Soviética e da coligação anti-hitleriana que entretanto
se formou. Na generalidade dos países, a entrada das tropas aliadas, fossem
elas soviéticas, britânicas ou norte-americanas, foi secundada por
levantamentos e insurreições populares e por ações guerrilheiras. Após a
libertação, estes movimentos de resistência ocuparam-se da reconstrução dos
seus países e da sua reorganização em bases progressistas.
Essenciais para a derrota do nazi-fascismo, à escala mundial e em
cada um dos países, os partidos comunistas surgiram à luz do dia como fortes e
influentes forças políticas; os ideais do socialismo conheceram uma inédita
pujança e atratividade.
Impetuosos avanços
no pós-guerra
no pós-guerra
Graças ao prestígio com que a URSS saiu da guerra, à contribuição
decisiva dos comunistas para a vitória e à participação popular na resistência
ao nazi-fascismo, o pós-guerra ficou marcado por importantes conquistas
políticas, econômicas, sociais e culturais alcançadas pelos povos da
generalidade dos países.
No Leste e Sudeste da Europa, onde o Exército Vermelho destruiu as
forças hitlerianas e fascistas e apoiou os movimentos de resistência, foram
criadas as democracias populares, visando a construção de sociedades livres da
exploração capitalista; na Ásia, a luta revolucionária de libertação nacional e
social teve expressões particularmente avançadas na China, no Vietnam e na
Coreia, que assumiram a orientação socialista. Em países como a França e a
Itália, a participação dos comunistas no governo garantiu a reorganização da
economia em bases progressistas; nestes e noutros países da Europa Ocidental
foram alcançados importantes direitos sociais na saúde, educação, habitação,
segurança social e direitos laborais. As mulheres viram reconhecida a sua
igualdade, na lei e na vida.
A desagregação dos impérios coloniais tornou-se irreversível com a
conquista da independência da grande parte dos países asiáticos e africanos. Os
movimentos sindical e operário, da juventude progressista, das mulheres
democráticas e dos partidários da paz conheceram um impetuoso desenvolvimento.
As novas regras de direito internacional resultaram também do caráter
progressista da vitória sobre o nazi-fascismo: a defesa da paz, a solução
pacífica dos conflitos, a igualdade entre estados e a promoção do progresso
social tornaram-se elementos centrais da Carta das Nações Unidas.
A sinistra «guerra fria»
Ainda a guerra não tinha terminado, ainda a Alemanha nazi e o
Japão militarista não tinham sido completamente derrotados, e já o imperialismo
procurava romper a coligação anti-hitleriana, minar o prestígio da URSS e
suster o avanço da resistência popular: na Grécia, a insurreição antifascista
foi combatida a tiro pelas tropas britânicas, antecedendo a intervenção militar
direta e a imposição de um governo alinhado com o eixo anglo-americano; na
parte Sul da Coreia, os EUA travaram a resistência patriótica e perpetuaram,
até hoje, a ocupação militar; os criminosos bombardeamentos nucleares de
Hiroxima e Nagasáqui visaram não só o inimigo nipônico, mas também o «aliado»
soviético – a chantagem nuclear foi, durante anos, um vetor central da política
externa do imperialismo. E estes são apenas alguns exemplos.
A partir de 1946, muitos dos dirigentes imperialistas que, pouco
antes, louvavam o Exército Vermelho e a União Soviética pelo seu papel
destacado no esmagamento do nazi-fascismo passaram a apelar à «contenção do
comunismo», que serviu de pretexto para a corrida aos armamentos, a
proliferação de bases militares e a guerras de agressão, como a que foi imposta
aos povos da Coreia e da Indochina, que resultaram em derrotas para o
imperialismo. A OTAN, constituída em 1949, é desde então o instrumento central
da ofensiva imperialista.
Ao longo das décadas, o imperialismo sofreu revezes e impôs
recuos. O desaparecimento da União Soviética e do campo socialista levou a
retrocessos históricos, cujos efeitos se fazem sentir nos nossos dias. Mas os
avanços alcançados pelos povos nos anos que se seguiram à vitória significaram
históricas transformações que alteraram profundamente a realidade mundial e
permanecem como um estímulo para a luta que continua.
Portugal entre o fascismo
e a resistência
e a resistência
Um dos mitos mais generalizados no nosso País relativamente à
Segunda Guerra Mundial é o da «neutralidade» de Salazar e do esforço
alegadamente feito pelo ditador para «salvar Portugal da guerra». A verdade,
porém, é outra: o apoio do fascismo português às forças do eixo Berlim-Roma-Tóquio
foi constante, quase até ao seu estertor final: nas facilidades concedidas à
propaganda e espionagem nazis, no envio de mantimentos, equipamento e
matérias-primas para a Alemanha (ao mesmo tempo que o povo português enfrentava
brutais privações) e no apoio político sempre afirmado ao expansionismo
nazi-fascista e ao seu objetivo de esmagamento da URSS. Da Alemanha chegavam
armas e instrução militar para as forças repressivas.
Mesmo quando a derrota de Hitler passou a ser evidente e Salazar
ensaiou a viragem para o lado da Grã-Bretanha, cedendo-lhes bases e instalações
militares e matérias-primas, nunca cessou o apoio aos nazi-fascistas, mas de
forma encapotada e secreta. A morte de Hitler foi assinalada com o luto
nacional.
Politicamente isolado pela derrota dos seus aliados ideológicos, o
fascismo português foi salvo pelo imperialismo e pela «guerra fria» que este
impôs. O apoio dos EUA e da Grã-Bretanha custaria ao País a cessão de
importantes componentes da sua soberania, mas permitiu ao fascismo sobreviver
por mais uns anos. Em 1949, a ditadura fascista portuguesa participava na
criação da OTAN , organização militar que afirmava defender o «mundo livre»; as
guerras coloniais foram travadas, do lado do exército fascista, com armamento
proveniente da OTAN, a mesma que procurou interferir com o rumo progressista e
libertador da revolução portuguesa que, a 25 de Abril de 1974, pôs fim ao
fascismo.
Do lado dos trabalhadores e do povo português, e da sua vanguarda
organizada – o PCP, foi constante a luta contra o fascismo, a guerra e as suas conseqüências
nas condições de vida das camadas populares: no início da década de 40, na seqüência
da reorganização do Partido, realizaram-se grandes jornadas de luta; em Maio de
1945, ao apelo do PCP, milhares celebraram a vitória aliada exigindo o fim da
ditadura. Ao mesmo tempo, desenvolvia-se a unidade antifascista, concretizada
na criação do MUNAF e, mais tarde, do MUD e do MUD Juvenil. A longa e tenaz
luta contra o fascismo conheceu ao longo das décadas momentos de impetuoso
avanço e violento refluxo. Mas nunca cessou, desembocando, em 1974, na
Revolução de Abril.
Fonte: site Avante
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