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sábado, 10 de agosto de 2013

Política neoliberal da PETROBRÁS provoca déficit histórico na balança comercial, ameaçando projeto nacional do PT.


LBI QI- O último mês de julho registrou o pior resultado da Balança Comercial Brasileira (BCB) desde o ano de 1959 quando se formalizaram as estatísticas pelo Banco Central. O déficit aferido alcançou a marca histórica de US$1,89 bilhão, superando os resultados negativos de julho de 1974 e 1997 na ordem de US$ 550 milhões. O período acumulado de janeiro a julho de 2013 apresenta outro recorde de déficit na balança comercial, somando US$ 4,98 bilhões. No mesmo período de 2012 o superávit da BCB cravou a marca de US$ 9,9 bilhões, finalizando o ano com um resultado positivo de US$ 19,43 bilhões. Para 2013 as projeções não são nada animadoras, podendo ocorrer um déficit anual da BCB na ordem de US$ 2,5 bilhões, quebrando uma sequência positiva atingida pelos governos da Frente Popular. 


Sob a gestão do PT o Brasil conseguiu em 2006 um saldo positivo histórico em sua balança comercial, atingindo a consistente cifra de US$ 46,07 bilhões, em um quadro econômico do Real fortalecido frente ao Dólar, este fato explica em grande parte o apoio da burguesia nacional à reeleição de Lula apesar da profunda crise política provocada pelo escândalo do chamado “Mensalão” neste mesmo ano. No governo Dilma a BCB registrou respectivamente nos anos de 2011 e 2012 resultados positivos de US$ 29,79 e 19,43, sendo este último o menor saldo comercial em dez anos. Um “desastre” anunciado da BCB em 2013 terá um impacto político enorme nas eleições presidenciais de 2014, ainda mais com a escalada de hipervalorização do Dólar, facilitando em muito as exportações das commodities agrominerais brasileiras.



Mas afinal, qual é mesmo o verdadeiro motivo do declínio no saldo de nossa balança comercial, já que as exportações se mantêm em um patamar razoável apesar da retração do mercado mundial (em particular dos BRICs)? A resposta encontra-se na política neoliberal da direção da PETROBRAS, responsável por um rombo imenso na BCB, em função da importação integral de combustíveis e derivados para abastecer o país, além da quase “falência” do atual modelo entreguista de exploração de nosso petróleo e gás natural. A orientação absolutamente pró-imperialista da PETROBRAS ameaça nossa parca “soberania” econômica e até militar (um país que não produz combustíveis refinados é completamente impotente em todos os sentidos), inclusive colocando em risco a continuidade do próprio projeto nacional de “poder” do PT, hoje representado pelo “híbrido” governo Dilma.


Seria muito difícil após o crash financeiro mundial de 2008 para o Brasil continuar mantendo tanto os patamares de exportação assim como o saldo positivo da balança comercial nos mesmos níveis que atingiu o governo Lula em 2005, 06 e 07, superiores a 40 bilhões de Dólares. Mas outra questão absolutamente distinta é o país passar de um megassuperávit para um déficit que atualmente margeia 5 bilhões de Dólares. A equipe econômica palaciana tenta se justificar com um argumento contábil, alegando que as importações de combustíveis de 2012 só agora foram computadas pelo Banco Central, gerando o “rombo” na BCB deste primeiro semestre.

Mas a realidade é bem mais complexa do que as “desculpas” da tecnocracia Dilmista. O governo vem tentando compensar o desequilíbrio das contas externas provocado pela dependência energética com a alta do Dólar (exportadores desejam o Real subvalorizado), o que tenciona a escalada inflacionária. Por outro lado, para manter a inflação no teto estabelecido pelo BC, o governo eleva a taxa de juros, aumentando a dívida pública e cortando investimentos públicos estratégicos para o país, ou seja, para “equalizar” a economia a “receita” adotada pelos neoliberais do Planalto é a semirrecessão acompanhada da atrofia da produção industrial.


Mas o “nó górdio” das economias semicoloniais da América Latina se concentra na questão da autonomia energética, inclusive a dos países produtores de petróleo. O Brasil que tem sua produção de combustível fóssil extraída em mais de 90% de plataformas marítimas necessitaria de no mínimo 20 refinarias modernas para processar o petróleo de alta densidade. Quanto ao gás natural, quase não há exploração, ficando para as plataformas da PETROBRAS a “tarefa” de queimá-lo na atmosfera, enquanto importamos o mesmo produto da Bolívia e até da Rússia. Voltando ao petróleo nacional, nossas poucas e sucateadas refinarias em “pleno” funcionamento (cerca de oito) não tem capacidade de processar o “pré-sal”, e tampouco industrializar seus derivados químicos. O resultado é que o país é obrigado a importar dos oligopólios transnacionais óleo diesel, querosene e gasolina para abastecer a aquecida demanda do mercado interno.

 Estudos técnicos revelam que precisaríamos possuir no mínimo vinte novas refinarias em território nacional para conquistar a autossuficiência de combustíveis, mas a PETROBRAS “sensível” a esta grave questão, praticamente cancelou a construção de cinco refinarias (duas no interior do Rio, PE em parceria com a PDVSA, CE e MA) previstas para entrarem em operação no final de 2013. Como consequência desta política que privilegia os negócios com o “Tio Sam”, a PETROBRAS chegou a comprar uma refinaria “ferro velho” nos EUA gerando um enorme prejuízo para a estatal, o país chegou a um nível de completo estrangulamento na produção de combustíveis, estabelecendo uma total dependência dos trustes imperialistas. Hoje tanto a nossa imensa frota de veículos (terrestre e aérea) quanto as usinas termoelétricas que fornecem energia a indústrias e cidades, consomem cerca de 80% de seus insumos importados!


O outro lado desta mesma política neoliberal do governo Dilma é o da entrega dos blocos marítimos de petróleo para as transnacionais anglo-ianques. O modelo adotado das “capitanias hereditárias” (elaborado por FHC e seguido pelo PT somente com pequenos ajustes) consiste na cessão nacional dos poços de petróleo de nossa costa em troca de um valor pago ao governo, que sequer corresponde a 3% do conjunto da exploração comercial (gás e petróleo) da área leiloada. A partir deste momento não há controle nem aferição pelo governo da extração realizada pelos trustes imperialistas. Para a PETROBRAS valem as mesmas “regras”, forçando que a estatal busque a associação comercial com as transnacionais do setor para se mostrar competitiva no mercado internacional. Desta forma, o “conto de fadas” da descoberta do “pré-sal”, como a redenção do subdesenvolvimento do país se assemelha mais a um pesadelo onde o escravo é obrigado a trabalhar desumanamente para enriquecer seu traficante senhor.


A situação econômica do país ainda é relativamente “confortável” em função do enorme “colchão de gordura” formado nos últimos seis anos (parte do governo Lula), mas ao manter este rumo agressivamente neoliberal, o governo Dilma está “convocando” as hienas Tucanas ou Marineiras a assumirem o leme da nau para atracar o país no “porto” da Casa Branca, afinal de contas se é para voltar ao “modelo” instaurado por FHC é melhor que o PT seja demitido da gerência! A direção da PETROBRAS, totalmente comprometida com os “investidores” do mercado de internacional de capitais, atua como “quinta coluna” no interior da Frente Popular, podendo ameaçar fatalmente o suposto projeto “neodesenvolvimentista” que tanto se orgulha a cúpula do PT.

 A economia capitalista tupiniquim atinge hoje marcas domésticas que ainda configuram um certo “boom” de expansão, como o nível de emprego e a poupança interna, mas que não se manterão estáveis por muito tempo se o governo Dilma enveredar pela “cartilha” sugerida pela reacionária anturragem palaciana (a mesma que promoveu a caça aos petistas históricos como Dirceu e Genuíno), muito simpática aos ideais de um “neoliberalismo radical” alinhado a Washington.

Fonte LBI QI

Um comentário:

Anônimo disse...

Profundamente inserido, tanto econômica quanto culturalmente, no sistema capitalista e dadas as condições geopolíticas atuais creio que o projeto de governo do PT teve de se adequar á realidade. Antes da crise global do capitalismo o governo Lula teve condições de promover avanços sócio-econômicos importantes. Com o advento da crise as coisas ficaram muito difíceis para os países emergentes e a equipe econômica foi obrigada a fazer concessões ao capital. Eu também me senti profundamente decepcionado com o governo Dilma, que escorado por altos índices de aprovação nas pesquisas ficou, como se diz popularmente, de "salto-alto" e menosprezou o poder de reação da burguesia nacional e já refém do capital e da voz rouca das ruas se vê sem tempo para guinadas bruscas de rumo, uma vez que se aproximam as eleições.Fez o que o desespero pede: entreguar os anéis para não perder os dedos.
Entretanto devemos considerar as alternativas: uma eventual vitória da direita poderia anular rapidamente as conquistas dos últimos anos e reintroduzir a política neoliberal e entreguista dos tucanos, que mergulharia tardiamente o Brasil na crise global. Teríamos possivelmente um novo ciclo de privatizações selvagens e de acordos com o FMI, desemprego, pacotes econômicos, etc.
Uma improvável vitoria da extrema esquerda poderia levar igualmente o país a uma crise do tipo da ocorrida no Chile com Allende.
Considerando o cenário atual acredito que não é o momento de jogar lenha na fogueira, fornecendo combustível á extrema-direita que sonha em reinstalar uma ditadura de ultra-direita no país. Não podemos negar, pelo que se percebe nas redes sociais, que a extrema-direita está ganhando adeptos e passou a ser uma ameaça real ao país,
Uma vitória desse pessoal nas urnas, não podemos desconsiderar isso, seria uma tragédia para toda a América Latina e poderia, dado o peso do Brasil no resto do continente, levar a um novo ciclo de ditaduras nas Américas do Sul e Central.
Portanto, como disse Brizola uma vez, a respeito de Lula, mesmo a contragosto temos de engolir o sapo e tentar, internamente, influenciar os rumos históricos da esquerda no PT. O momento é delicado e exige prudência.

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