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domingo, 18 de agosto de 2013

Assange censura Obama por este negar o papel de Snowden no desencadear das reformas na NSA


Diario. info- Perante o colossal escândalo resultante das revelações de Edward Snowden, Obama promove “reformas” de fachada no sistema de espionagem global que o seu país instalou. Os elogios que Assange faz a essas medidas são manifestamente exagerados. Mas tem interesse juntar mais algumas peças ao currículo deste presidente, que consegue ultrapassar em cinismo e hipocrisia os seus mais torpes antecessores.

O fundador de WikiLeaks Julian Assange tornou público um comunicado em que, elogiando embora as reformas na supervisão anunciadas sexta-feira pelo Presidente dos EUA Barack Obama como uma “vitória moral” para Edward Snowden, critica duramente a administração norte-americana pela forma hipócrita como aborda o assunto.

Diz Assange na sua comunicação de sábado  : “Snowden tem afirmado que a sua maior preocupação consistia em que as suas revelações não tivessem mudanças como consequência. Pois bem, reformas começam a tomar forma e por esse facto o Presidente e os povos dos Estados Unidos e do mundo inteiro devem gratidão a Edward Snowden.”

Obama propôs na sexta-feira a primeira de uma série de medidas destinadas a restaurar a confiança pública, no seguimento das revelações feitas em Junho pelo funcionário da NSA Edward Snowden acerca do sistema alargado de recolha de dados instalado pelo governo federal de intrusão na vida de milhões de cidadãos norte-americanos, incluindo a intercepção das suas comunicações telefónicas e electrónicas.

Os passos propostos têm a ver com a Secção 215 do US Patriot Act e a Secção 702 da Acta de Emendas FISA, ao abrigo da qual a vigilância da NSA é considerada legal. Será realizado um esforço para assegurar maior supervisão e transparência focado particularmente no Foreign Intelligence Surveillance Court (Tribunal de Supervisão da Inteligência Externa) – a entidade que autoriza a vigilância através de canais altamente secretos.
 Para além disso, Obama propôs a designação de um promotor oficioso capaz de questionar o tribunal em quaisquer circunstâncias em que se verifique preocupação pública face a violações de privacidade ou de alegadas transgressões de princípios constitucionais. Num âmbito mais alargado, o Presidente exprimiu também o seu apoio a um acréscimo na difusão pública de informação anteriormente classificada como reservada. Em consequência dessa posição, o Departamento de Justiça elaborou uma nova emenda relativa à recolha de dados pessoais por parte do governo no âmbito da Secção 215 do Patriot Act.
 Apesar destas novas medidas positivas, Obama deixou claro que mantém a sua discordância em relação às acções de Edward Snowden: “Não, não penso que o sr. Snowden seja um patriota…o facto permanece que o sr. Snowden foi acusado de três crimes.”

Assange, por seu lado, descarregou tudo o que tinha a dizer acerca das observações de Obama’s no seu comunicado:

“…em vez de agradecer a Edward Snowden, o Presidente fez uma caricata tentativa para o criticar, ao mesmo tempo que reivindicava já ter em consideração esta iniciativa “antes de Edward Snowden.” O facto é simplesmente que sem as revelações de Snowden ninguém teria tido conhecimento destes programas de vigilância e nenhumas reformas poderiam ter tido lugar”.

Assange recordou também Bradley Manning e Daniel Ellsberg (que revelaram os Pentagon Papers – Documentos do Pentágono -, um estudo altamente secreto acerca dos processos de decisão norte-americanos na guerra do Vietnam), sublinhando que é a “pessoas de boa consciência” como estas que o mundo deve a revelação dos maiores crimes perpetrados contra a humanidade. As suas observações finais acerca dos EUA não deixam nenhum tema por abordar.
 “Ironicamente, o Departamento de Justiça trai dois princípios-chave que o Presidente Obama brandiu quando concorreu à eleições – transparência e protecção para quem fizesse revelações (whistle-blowers). No decurso da campanha de 2008, o Presidente apoiou os que fizessem revelações, considerando a sua acção “actos de coragem e patriotismo que podem por vezes salvar vidas e que frequentemente poupam dólares aos contribuintes, que deveriam ser encorajados e não impedidos”. Entretanto, a sua administração já perseguiu e acusou duas vezes mais “whistle-blowers” do que todas as administrações que o antecederam, em conjunto.

Mais ainda: a hipocrisia do governo dos EUA acerca do direito de Snowden a procurar asilo tem sido estarrecedora. Os EUA oferecem a toda a hora asilo a dissidentes, “whistle-blowers” e refugiados políticos sem qualquer consideração pela discordância dos governos respectivos. Aceitou, por exemplo, 3.103 asilados só de dois países – 1.222 da Rússia e 1.762 da Venezuela”.

Fonte Diario. info



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