Na entrevista, logo abaixo, em que o cartunista Latuff fala sobre a política de remoções e as implicações que delas advém, fica bastante claro o verdadeiro objetivo de eventos de grande magnitude como os jogos olímpicos e a Copa do Mundo de futebol.
São eventos que
servem, em primeiro lugar, para suprir a volúpia de “empreendedores” do
criminoso modelo capitalista.
Nessa seara Latuff
não hesita em fazer seus
apontamentos de costume.
Ele não é de meias palavras
quando o tema se anuncia de forma nítida
e escandalosa. A tristeza nisso tudo é quando detectamos a quase
ausência, apontada por ele inclusive, de
uma oposição séria, não aquela hipócrita.
Uma cobertura não frouxa do chamado jornalismo investigativo experimenta, ao que parece um arrefecimento
preocupante.
Não se trata de criticar por criticar. Não se pode
fazer de conta que tudo está perfeitamente correto, nas conformidades da
ética e do politicamente certo. A
aliança entre as três esferas do
Executivo, que responde pelas diretrizes
gerais da tão eminente projeto, não pode ser esquecida e nem poupada.
Muito pior, talvez que isso, seja
o
elogio desproporcional para ocultar
verdades históricas. Esse viés, na chamada imprensa
progressista, tende a provocar
alguns vexames e
localizados achaques.
Professor Jeovane
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Marcela de Genaro-
O cartunista Carlos Latuff critica a política de remoções do Rio de Janeiro e a atitude do poder público diante da Copa do Mundo e das Olimpíadas
O cartunista Carlos Latuff critica a política de remoções do Rio de Janeiro e a atitude do poder público diante da Copa do Mundo e das Olimpíadas
“Vai ajudar exatamente quem?
Certamente o Eike Batista, a Coca-Cola, as grandes corporações que estão por
trás disso. Mas o Zé Povinho, certamente não”. Assim pode ser resumida a
posição, ou melhor, a oposição do cartunista Carlos Latuff às transformações que a Cidade do Rio de
Janeiro vive para receber a Copa do Mundo 2014 e as Olimpíadas 2016.
O carioca de 44 anos, conhecido
por defender causas humanitárias através de suas charges de traços simples e
humor ácido concedeu entrevista à Agência Pública na qual analisa a preparação
do Rio, que denomina “ex-Cidade Maravilhosa”, para os grandes eventos:
-
É uma ofensiva da especulação imobiliária. Ela agora pode avançar porque
existe esse respaldo, que se trata de uma “coisa justa”, que vai promover a
cidade lá fora. Acho que não foi à toa que a prefeitura lançou o jogo que é o
Rio de Janeiro como banco imobiliário. Aquilo ali foi o melhor de todos os
indicativos. Se a gente está falando de banco imobiliário não se trata dos
interesses do cidadão que pega ônibus, que pega barca, pega trem. A gente está
falando dos interesses dos players.
O Banco Imobiliário Cidade
Olímpica, criado pela fabricante Estrela, destaca obras recentes da cidade. A
Prefeitura adquiriu 20 mil exemplares do jogo, a um custo de R$ 1.050.748, para
distribuir em escolas públicas. O Ministério Público analisa se há
irregularidades na compra do brinquedo, que promoveria o governo, como material
didático.
Latuff também fala das remoções
de comunidades por causa dos preparativos para Copa e as compara ao
“Bota-abaixo”, como ficou popularmente conhecida a reforma urbana promovida
pelo engenheiro Francisco Pereira Passos, prefeito entre 1902 e 1906, marcada
pela “higienização” do Rio de Janeiro.
- De fato o Rio de Janeiro não é
um tabuleiro e nem um brinquedo. Tem sido tratado como tal, mas as pessoas que
moram em favelas, nos quilombolas, nas áreas indígenas sabem que isso não é
brincadeira. Remoção não é brincadeira, muito longe disso – critica Latuff.
A oposição do cartunista à
política aplicada aos grandes eventos já lhe rendeu até mesmo um “passeio de
viatura” até a delegacia, quando foi intimado a depor após fazer uma charge que
criticava os Jogos Pan-Americanos de 2007:
- Tinha feito um desenho que era
o mascote do Pan, Cauê, segurando um fuzil, dando um tiro para o alto com uma
M16, uma favela ao fundo e um caveirão. Sob a alegação de que eu estava usando
um desenho que era protegido por direitos autorais, fui chamado para prestar um
depoimento numa delegacia. A polícia foi até a minha casa com uma intimação.
Latuff não se intimidou. Na
charge produzida para a Pública ao final da entrevista, novamente o
protagonista é o mascote, este da Copa.
Confira o vídeo com a entrevista
com o cartunista, que continua trabalhando para que os brasileiros percebam o
outro lado dos grandes eventos: “Eu espero que haja um despertar de
consciência, que a ficha caia e que as
pessoas não comprem esse gato por lebre”, ele diz.
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