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sábado, 23 de março de 2013

O banco imobiliário da Cabralândia




Na entrevista, logo abaixo, em que o cartunista Latuff fala sobre  a política de remoções e as implicações que delas advém, fica bastante claro o verdadeiro objetivo de eventos de grande  magnitude como os jogos olímpicos e  a Copa do  Mundo de futebol. 

São eventos que servem, em primeiro lugar, para suprir a volúpia de “empreendedores” do criminoso modelo capitalista.      Nessa  seara  Latuff  não hesita em  fazer  seus   apontamentos de costume.



Ele não é de meias palavras quando o  tema se anuncia de forma nítida e escandalosa.   A tristeza  nisso tudo é quando detectamos a quase ausência, apontada por ele inclusive,  de uma oposição séria, não aquela  hipócrita.  Uma cobertura não frouxa  do  chamado jornalismo investigativo  experimenta, ao que parece um arrefecimento preocupante. 

 Não se trata de criticar por criticar.    Não se pode  fazer de conta que tudo está   perfeitamente correto, nas conformidades da ética e do politicamente certo.        A aliança entre as três esferas do  Executivo, que responde pelas diretrizes  gerais da tão eminente projeto, não pode ser esquecida e nem  poupada.  Muito pior, talvez  que isso, seja   o elogio  desproporcional para  ocultar  verdades  históricas.    Esse viés, na chamada imprensa progressista,  tende a provocar alguns    vexames e  localizados achaques.


Professor Jeovane

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  Marcela de Genaro-

 O cartunista Carlos Latuff critica a política de remoções do Rio de Janeiro e a atitude do poder público diante da Copa do Mundo e das Olimpíadas
 

“Vai ajudar exatamente quem? Certamente o Eike Batista, a Coca-Cola, as grandes corporações que estão por trás disso. Mas o Zé Povinho, certamente não”. Assim pode ser resumida a posição, ou melhor, a oposição do cartunista Carlos Latuff  às transformações que a Cidade do Rio de Janeiro vive para receber a Copa do Mundo 2014 e as Olimpíadas 2016.

O carioca de 44 anos, conhecido por defender causas humanitárias através de suas charges de traços simples e humor ácido concedeu entrevista à Agência Pública na qual analisa a preparação do Rio, que denomina “ex-Cidade Maravilhosa”, para os grandes eventos:

-  É uma ofensiva da especulação imobiliária. Ela agora pode avançar porque existe esse respaldo, que se trata de uma “coisa justa”, que vai promover a cidade lá fora. Acho que não foi à toa que a prefeitura lançou o jogo que é o Rio de Janeiro como banco imobiliário. Aquilo ali foi o melhor de todos os indicativos. Se a gente está falando de banco imobiliário não se trata dos interesses do cidadão que pega ônibus, que pega barca, pega trem. A gente está falando dos interesses dos players.

O Banco Imobiliário Cidade Olímpica, criado pela fabricante Estrela, destaca obras recentes da cidade. A Prefeitura adquiriu 20 mil exemplares do jogo, a um custo de R$ 1.050.748, para distribuir em escolas públicas. O Ministério Público analisa se há irregularidades na compra do brinquedo, que promoveria o governo, como material didático.

Latuff também fala das remoções de comunidades por causa dos preparativos para Copa e as compara ao “Bota-abaixo”, como ficou popularmente conhecida a reforma urbana promovida pelo engenheiro Francisco Pereira Passos, prefeito entre 1902 e 1906, marcada pela “higienização” do Rio de Janeiro.

- De fato o Rio de Janeiro não é um tabuleiro e nem um brinquedo. Tem sido tratado como tal, mas as pessoas que moram em favelas, nos quilombolas, nas áreas indígenas sabem que isso não é brincadeira. Remoção não é brincadeira, muito longe disso – critica Latuff.

A oposição do cartunista à política aplicada aos grandes eventos já lhe rendeu até mesmo um “passeio de viatura” até a delegacia, quando foi intimado a depor após fazer uma charge que criticava os Jogos Pan-Americanos de 2007:

- Tinha feito um desenho que era o mascote do Pan, Cauê, segurando um fuzil, dando um tiro para o alto com uma M16, uma favela ao fundo e um caveirão. Sob a alegação de que eu estava usando um desenho que era protegido por direitos autorais, fui chamado para prestar um depoimento numa delegacia. A polícia foi até a minha casa com uma intimação.

Latuff não se intimidou. Na charge produzida para a Pública ao final da entrevista, novamente o protagonista é o mascote, este da Copa.


Confira o vídeo com a entrevista com o cartunista, que continua trabalhando para que os brasileiros percebam o outro lado dos grandes eventos: “Eu espero que haja um despertar de consciência, que a ficha caia  e que as pessoas não comprem esse gato por lebre”, ele diz.


fonte: site apublica.org

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