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sábado, 30 de março de 2013

Coreia do Norte empurrada a declarar estado de guerra contra o Sul


Coreia do Norte - Diário Liberdade - Após dias de ameaças reforçadas, Pyonyang declara estado de guerra. Pano de fundo podem ser geopolíticos e interesses da indústria armamentística.

No seu comunicado, Pyonyang diz que resolverá os assuntos pendentes entre as coreias "como em tempos de guerra". Na verdade, as linhas vermelhas já tinham sido ultrapassadas em meados desta semana, quando a tensão crescente na península coreana "ultrapassou a linha de perigo e entrou na fase de uma guerra real", em palavras do Comando Supremo do Exército do Povo Coreano. Um sinal de quanto as ameaças poderiam ser de sérias é que nos últimos dias o Norte fechou os canais de comunicação com Seul para gerir o acesso de trabalhadores do Sul a um estratégico complexo industrial, símbolo de algumas das poucas relações ainda existentes entre ambos países.

Nos últimos dias, os EUA e o seu sócio sul-coreano continuaram as manobras militares nas redondezas da Coreia socialista, no que Washington classificou de "demonstração de força", perto da fronteira. Incluindo voos de bombardeiros nucleares, deslocação de barcos militares para posições de ataque contra a Coreia, reforço das sanções e uma campanha mediática internacional entre as manobras ianques, os Estados Unidos consideraram entretanto manobras análogas na República Popular Democrática da Coreia como "provocações".


Recentemente, o Delegado do Comité para Relações Culturais com Países Estrangeiros, o Catalão e Norte-coreano Alejandro Cao, dizia em entrevista à RT que "o verdadeiro perigo vem das ameaças de agressão militar", dado que a economia do país é "basicamente autárquica" e portanto as sanções internacionais "não lhe afetam praticamente" e "já aprendemos a viver com elas". Nessa mesma entrevista, Cao criticou que o atual presidente da Coreia do Sul rompeu desde 2008 todas as pontes existentes entre país sob regime capitalista e o seu vizinho do Norte. Também indicou a plena disponibilidade de Pyonyang a defender a sua "soberania e cultura".

O frágil equilíbrio que nos últimos anos tinha havido na região, apesar -por exemplo- dos 200 voos de reconhecimento que a cada ano os EUA fazem sobre a Coreia do Norte, rompeu-se nos últimos anos principalmente desde a chegada de George Bush à presidência dos EUA e de Jung Hong-won como Primeiro Ministro da Coreia do Sul-, acelerando-se a um ritmo a cada vez maior nos últimos meses, semanas e dias.

Qual o pano de fundo?

O aumento da tensão foi no meio de um fabuloso aparelho de propaganda que faz difícil identificar, por enquanto, o pano de fundo que levou precisamente neste momento a gerar o clima bélico reinante.

Porém, a morte em 2011 da carismática liderança Kim-Jong Il e a inexperiente gestão do seu filho e sucessor no governo Kim-Jong Un, em conjunto com necessidades da indústria armamentística  americana, agora que Washington diminui a sua presença no Afeganistão e no Iraque, poderão ter encorajado os EUA a criar um clima bélico na zona.

Uns Estados Unidos da América em confronto económico global com os BRIC -a China ajuda o Estado socialista economicamente e tem sido tradicionalmente um aliado dele, embora na atualidade o seu apoio seja menos do que morno- terão interesses claros numa mudança nas relações de poder península coreana.

EUA têm 200 vezes mais armas nucleares do que a Coreia do Norte

A declaração do estado de guerra, embora partisse de Pyonyang, muito improvavelmente será a opção favorita das e dos norte-coreanos, pois se obrigarão a enfrentar-se à maior potência militar do planeta junto com outro dos dez maiores exércitos, o do Sul da península coreana. Também não é verosímil, à partida, que os EUA estejam sob ameaça dos mísseis de Pyonyang, por quanto o armamento daquela república não terá condição de atingir território ianque.

O número de armas núcleares em poder dos EUA, com cerca de 2.500 (reconhecidas) multiplica em mais 200 vezes as que tem Pyonyang. A Coreia do Sul também tem um programa nuclear que desenvolveu em segredo desde 1975 (ano em que, teoricamente, assinara o tratado de não proliferação nuclear) até 2000, e que poderia continuar na atualidade.

Precedentes

Embora o atual clima de tensão não tenha precedentes desde 1953, há que avaliar a situação presente tendo em conta que desde que as duas Coreias entraram em guerra em 1950 relações experimentaram diferentes níveis de confronto. Ainda, nenhum tratado de paz foi assinado desde o final dessa guerra em 1953 (apenas um cessar-fogo), de forma que, tecnicamente, Pyonyang e Seul estão em guerra desde então. Em 2010 houvo mesmo um enfrentamento direto, quando após três disparos da Coreia do Sul contra a do Norte, que foram respondidos com um bombardeio sobre uma ilha.

FONTE :site Diario Liberdade

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