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sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Ditadura exposta Estudantes devem continuar a greve até saída da reitora da PUC - SP



PCO- Estudantes e professores da PUC concluíram o ano de 2012 em greve. A fundação fez tentativas de confundir o movimento e manter sua política


No dia 23 a Justiça teria liberado a volta de Anna Cintra no cargo de reitora da PUC-SP. Nas últimas semanas uma liminar do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) a afastou do cargo.

No dia 19, a decisão judicial da 4.ª Vara Cível Central de São Paulo invalidou os atos de Anna na condição de reitoria da instituição e determinou a incidência de uma multa no valor de R$ 10 mil para cada ato praticado. Cintra se afastou do cargo.

Segundo a decisão judicial, a indicação do novo reitor seria feita após o Conselho Universitário avaliar recurso contra posse de Anna Cintra.

Anna Cintra tomou posse no dia 30 de novembro e os estudantes encaminharam um recurso para o Conselho Universitário em que afirmam que a nomeação de Cintra, mesmo legal, violou artigos do estatuto e do regimento geral da universidade, segundo os quais os funcionários e professores devem zelar pelo patrimônio moral da universidade. Os estudantes apontaram também o fato de Anna Cintra ter assumido o compromisso durante um debate eleitoral de não aceitar a nomeação caso não fosse a mais votada.

No dia 23 de dezembro, o juiz Castro Figliolia, de plantão na Seção de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, concedeu na segunda-feira uma liminar que permite que a professora reassuma o posto.

Os estudantes da PUC-SP afirmam em rede social “De acordo com o artigo 173 do Código de Processo Civil, salvo poucas exceções, uma decisão judicial não poderá ser praticada em feriado forense, como é o caso de um domingo. Seria essa uma exceção? Acreditamos que não.”

O magistrado teria considerado um pedido de liminar da Fundação São Paulo, mantenedora da PUC-SP. O juiz entendeu que a proibição da nomeação da reitora deixava a PUC “acéfala”, o que “poderia causar sérios problemas administrativos e de representação da entidade”. O que foi contestado, já que Marcos Tarciso Masetto foi indicado a assumir interinamente o cargo de reitor pelo Conselho Universitário.

O caso será novamente analisado depois do recesso da Justiça na próxima semana, dia 7 de janeiro.

A nomeação da terceira colocada na consulta feita a comunidade universitária provocou revolta entre estudantes da instituição que ocuparam a reitoria e aprovaram uma greve geral.


Em seguida os professores também aprovaram a greve da categoria. A indicação, assim como na USP, expõe a ditadura da Igreja Católica na universidade. A burocracia universitária não pode sequer decidir quem irá administrá-la.

Todas as intervenções judiciais são uma tentativa de esmorecer o movimento de greve e deixar como fato concretizado a indicação de Cintra para o próximo ano que deve ser rejeitada pelo movimento de greve.

A indicação escolha do bispo mostrou que esse é o único voto válido.

Mostrou ainda que a ação do Bispo tem como objetivo colocar a universidade cada vez mais a serviço da iniciativa privada, no caso da USP, e sob o controle da Igreja, no caso da PUC.

A luta pela saída de Anna Cintra é parte da luta pela verdadeira autonomia da universidade e a única via para a vitória dessa reivindicação é a mobilização com greve e ocupação.

Os estudantes devem manter a luta e ter um programa de organização da universidade, com um governo dos três setores (professores, funcionários com maioria estudantil) pode garantir o atendimento das reivindicações.

Entenda o caso

No dia 12 de novembro, D. Odilo Scherer, grão chanceler da PUC-SP, indicou o terceiro nome da consulta à comunidade universitária para a reitoria.

Assim como nas universidades federais e estaduais é feita uma consulta entre alunos, funcionários e professores. O Conselho universitário vota uma lista tríplice e o cardeal é que indica o novo reitor. Como nas demais universidades, tradicionalmente, o primeiro colocado é o escolhido. No entanto, o estatuto garante o voto único para o governador ou presidente e no caso da Pontifícia Universidade Católica, o bispo.

Em 2010 Serra indicou o segundo mais votado para reitoria da USP, João Grandino Rodas causando grande revolta e tirando qualquer véu de democracia no regime poder nas universidades.

Compunham a lista tríplice o atual reitor Dirceu de Mello (Direito) e a professora Marcela Pellegrini Peçanha (Ciências Biológicas) se inscreveram, com a chapa Autonomia e excelência universitárias; Francisco Antonio Serralvo (Administração) e Ana Mercês Bahia Bock (Psicologia) inscreverem a chapa Reconstruir a PUC-SP; os professores Anna Maria Marques Cintra (Português) e José Eduardo Martinez (Medicina) se inscreveram, com a chapa A PUC vale a pena.

A chapa "Autonomia e Excelência Universitárias", encabeçada pelo desembargador Dirceu de Mello, ex-presidente do TJ/SP, e pela professora Marcela Pelegrini Peçanha, foi eleita na consulta com 8.267,75 votos.

Esse acontecimento se soma aos muitos ataques que os estudantes sofrem e à crise econômica da instituição. Em 2011 foram eliminadas 400 disciplinas da sua grade curricular.

Seis cursos tiveram diversas disciplinas canceladas e ao todo 400 matérias foram abolidas da grade. O curso de administração, por exemplo, perdeu 92 matérias. O critério foi excluir todas as turmas com menos de 25 estudantes cada.

Os estudantes foram comunicados das alterações quando as aulas começaram. Os estudantes ainda fizeram o pagamento integral das disciplinas que foram abolidas. Alguns estudantes já pagaram R$ 1,8 mil por disciplinas que foram simplesmente excluídas da grade no início das aulas.

A indicação feita pelo bispo coloca a tona a completa ditadura imposta à toda a comunidade universitária e os estudantes deram a correta resposta com a ocupação da reitoria e a greve.

Fonte: site PCO

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