Foto Libertinus/Flickr
Esquerda.Net- Em represália ao reconhecimento
da Palestina como Estado observador pela ONU, Israel já tinha anunciado a
expansão dos colonatos. Este domingo, o ministro das Finanças israelita
anunciou que este mês não irá transferir mais de 93 milhões de euros das
receitas fiscais da Palestina.
"Não penso transferir o dinheiro este
mês, vamos utilizá-lo para pagar as dívidas da Autoridade Nacional Palestina
(ANP) contraídas junto da empresa de eletricidade (de Israel)", disse
Yuval Steinitz à Radio Israel. Todos os impostos e taxas dos produtos que
entram em território palestino, bem como sobre o rendimento dos palestinos que
trabalham em Israel, são retidos mensalmente por Telavive e representam mais de
metade do orçamento da ANP.
Esta não é a primeira vez que Israel congela
os pagamentos das receitas fiscais à Palestina, provocando a falta de liquidez
e salários em atraso para os funcionários públicos na Cisjordânia e em Gaza. Há
um ano, quando a UNESCO acolheu a Palestina, os pagamentos foram congelados.
Desta vez, o estrangulamento financeiro da frágil economia palestina surge como
mais uma represália por ter avançado com o pedido de reconhecimento por parte
das Nações Unidas, votado na quinta-feira com apenas nove países a votarem
contra.
Na sexta-feira, Israel tinha anunciado a
expansão dos colonatos ilegais em Jerusalém Leste e na Cisjordânia, com planos
para construir mais três mil casas. "Deixámos bastante claro aos
americanos que se os palestinos forem para as Nações Unidas, esta será a nossa
resposta", afirmou o ministro Steinitz. Pela voz de Hillary Clinton, os
Estados Unidos não condenaram abertamente o plano, apelidando-o de contra
produtivo. De Londres, o ministro dos Negócios Estrangeiros William Hague fez
saber que "o Reino Unido aconselha fortemente o Governo de Israel a
reverter esta decisão".
O confisco dos impostos e o impulso à ocupação
ilegal da Palestina são apenas duas das medidas da lista de sanções que Israel
usou como ameaça à ANP nas últimas semanas. Telavive teme que com o novo
estatuto nas Nações Unidas, a Palestina possa recorrer de pleno direito ao
Tribunal Penal Internacional e levar finalmente ao banco dos réus os crimes de
guerra e as violações dos direitos humanos cometidas por Israel. Mas as sanções
podem também vir de Washington, que ameaçou com o corte de mais de 150 milhões
de euros em ajudas à Palestina.
"Vocês são mais fortes que esta ocupação"
O presidente palestino Mahmoud Abbas teve um
regresso em glória a Ramallah, três dias após esta vitória no campo da
diplomacia. "Agora temos um Estado. A Palestina obteve um sucesso
histórico nas Nações Unidas", afirmou Abbas, dedicando o feito ao líder
histórico Yasser Arafat.
"O mundo gritou bem alto: sim ao Estado
da Palestina, sim à liberdade da Palestina, sim à independência da Palestina.
Não à agressão, não aos colonatos, não à ocupação", exclamou Mahmoud Abbas
à multidão que o aguardava em Ramallah. "Levantem a cabeça porque vocês
são palestinos. São mais fortes que esta ocupação, mais fortes que esta
agressão, mais fortes que os colonatos porque vocês são palestinos",
acrescentou o presidente do novo Estado observador nas Nações Unidas.
Fonte: site esquerda Net.
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