Da esquerda para a direita: Jorge Amado, Gabriel García
Márquez, Adonias Filho
Oksana Lazarenko-Jorge Amado é,
provavelmente, o autor brasileiro mais lido na Rússia. O público russo o
conheceu ainda nos tempos soviéticos. No centésimo aniversário do seu
nascimento, no fim de novembro, teve lugar em Moscou a apresentação do seu
livro Tocaia Grande, traduzido para russo.
Para a tradutora de Tocaia
Grande, Varvara Roll, esta foi a primeira experiência de tradução de um autor
brasileiro. Questionada por que acha que os leitores russos têm que conhecer o
livro Tocaia Grande , ela responde : “Porque neste livro, tal como nos outros,
há muitas coisas que faltam na nossa vida russa... Por exemplo, uma grande
paixão...”
As primeiras publicações das
obras do Jorge Amado na Rússia, foram os romances Cacau e Suor que surgiram na
União Soviética em 1934, em uma revista literária.
Jorge Amado se tornou muito
popular, primeiro, por motivos políticos. Os camponeses soviéticos, que haviam
passado pelos anos de fome na década de 1930, lendo Seara Vermelha,
identificavam-se com a vida dos camponeses brasileiros, viam-na como uma
história sobre si mesmos.
Mas a ideologia não foi nem a
única, nem a principal causa do sucesso de Jorge Amado na Rússia. Como sabemos,
Jorge Amado ficou desapontado com o comunismo nos anos 50 e a União Soviética
caíu só em 1991... No entanto, apesar disso, Jorge Amado é ainda mais admirado
na Rússia, mais do que Machado de Assis.
Elena Beliakova, tradutora e
especialista na obra do escritor, tentou explicar a particularidade desse autor
baiano num jornal literário russo:
“É o autor mais brasileiro dos
autores brasileiros, é famoso e amado em todo o mundo. A característica
distintiva de todos os brasileiros é uma alegria, um otimismo natural. Através
do talento dele, essa particularidade brasileira tornou-se conhecida na cultura
mundial. Jorge Amado enriqueceu a cultura mundial com as imagens do Brasil”.
A tradutora russa se correspondeu
com autor baiano durante algum tempo. Ela agora fala desse contato com o
escitor em suas palestras para estudantes de língua portuguesa. A história da
correspondência entre o escritor e a tradutora pareceu aos alunos muito
romântica... Infelizmente, Elena foi ao Brasil somente após a morte do autor e
eles nunca se chegaram a encontrar...
Elena diz aos seus alunos:
"Quando leio Jorge Amado, minha alma canta", - e a maioria dos
estudantes está de acordo com ela.
Fonte: site Voz da Rússia.
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