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domingo, 17 de junho de 2012

Unifesp Guarulhos. Ação violenta da PM levou 26 estudantes presos e deixou diversos feridos.


Diretor da Unifesp de Guarulhos defendeu a ação truculenta da Polícia Militar, tentou se esquivar da responsabilidade pelo envio dos policiais para reprimir um protesto estudantil e reitor Albertoni declarou que os estudantes “têm que pagar pelo que fizeram”


O diretor da Unifesp de Guarulhos, Marcos Cesar Freitas, esteve na noite do dia 14 de junho, para acusar os estudantes presos na Superintendência da Polícia Federal da Lapa.

Ele estava acompanhado do procurador-geral da Unifesp para prestar depoimento a respeito da ação violenta da Polícia Militar.

O campus foi sitiado na noite do dia 14 e os professores que estavam no local foram coagidos pela polícia a se encaminhar para a Superintendência da Polícia Federal.

O reitor e o diretor responsável por manter o campus sem salas de aula suficientes, sem biblioteca e sem moradia, e com um restaurante improvisado, mandaram a Polícia Militar reprimir violentamente os estudantes.

Após uma assembleia geral com a presença dos estudantes do campus de São Paulo, Guarulhos, Diadema e Baixada Santista e a aprovação da greve com um dos pontos de pauta sendo “fora Albertoni [reitor]” foi feita uma passeata e os estudantes foram até o terminal do bairro dos Pimentas entoando palavras de ordem e reivindicações.

O ato terminou em frente a diretoria acadêmica com a denúncia da repressão policial sofrida na última semana.

Com batuques e palavras de ordem os estudantes ficaram em frente a diretoria até que duas viaturas da polícia militar chegaram e os policiais invadiram o campus com armas de bala de borracha e bombas de efeito moral. Dois deles entraram na diretoria acadêmica e saíram em seguida.

Um dos policiais agarrou uma estudante e a arrastou para um canto escuro separada dos demais, o que causou grande revolta em todos os presentes que gritaram pedindo que a soltassem.

Os outros policiais começaram a atirar balas de borracha, ferindo um estudante no nariz e outros nas costas e pernas. Foram lançadas bombas de gás lacrimogêneo e efeito moral e atiradas mais balas de borracha. A estudante de letras Laisy Cruxên, 25 anos, foi arrastada até uma viatura e algemada. Nesse momento os policiais deram tapas em seu rosto e gritavam que se não ficasse quieta a jogariam no chão e depois declarariam que ela tinha caído.

Os estudantes correram com medo do ataque policial e esses os seguiram pelo campus e os encurralaram. Os policiais gritavam “mais um passo e eu atiro”.

Os estudantes passaram por uma revista típica da polícia militar brasileira com ameaças, agressões e humilhações. Todos ficaram virados para parede com as mãos para cima. Os policiais diziam “vagabundos, lixo, isso é não é manifestação. Vocês são vândalos”. Além disso, afirmaram “para estudar nos Pimentas vocês devem ser muito ignorantes”. “Vocês são marginais”. Uma estudante foi empurrada e teve a cabeça batida contra a porta de vidro que estava em sua frente.

Mais de um estudante foi puxado da parede e ameaçado pelos policiais. Logo depois quatro estudantes (duas mulheres e dois homens) foram algemados.

Foram levados e sentaram lado a lado no local em que deveria existir o prédio da unidade. Um policial recolheu os documentos dos estudantes com uma bomba em uma das mãos.

Um micro-ônibus da prefeitura da cidade de Guarulhos chegou e antes de entrarem no ônibus foram ameaçados de morte pelos policiais.

O policial que também estava sem identificação, como os demais, afirmou que policiais armados acompanhariam no ônibus e que qualquer movimento como levantar a cabeça ou conversar “ia levar no peito”.

O campus sob estado de sítio

O campus da Unifesp foi mais uma vez sitiado. Todos os professores do local foram coagidos pela Polícia Militar a ir até a superintendência da Polícia Federal para identificar os estudantes e testemunhar contra eles.

Cerca de 10 professores foram escoltados pela PM e foram para a sala de identificação. Cinco estudantes entraram na sala e nenhum professor os identificou. O delegado “Nelson”, da Polícia Federal, ficou irritado e afirmou que eles estariam “obstruindo a Justiça”, porém os professores se mantiveram quietos.

Uma professora relatou que mesmo pedindo para ir embora, pois seus filhos a esperavam, foi impedida de sair. Todos os estudantes foram obrigados a se identificar e por volta de três horas da manhã foram liberados.

A informação dos policiais militares para os estudantes presos era de que oito professores estavam na Superintendência da Polícia Federal, pois haviam sido “vítimas” dos estudantes.

Farsa da diretoria cai por terra

No dia seguinte à violência policial, a diretoria da Unifesp de Guarulhos publicou em nota pela manhã dizendo que não tinha chamado a polícia, mas que em uma ronda perto da unidade da PM viu o que estava acontecendo.

A Polícia Militar diante da declaração da diretoria, publicou o áudio da chamada, cuja transcrição diz: “aqui é da Universidade Federal de São Paulo, por favor, eu preciso que vocês mandem a Polícia Militar para cá, porque houve um acordo entre a superintendência da Polícia Federal e o comandante aqui de Guarulhos, para que se houvesse qualquer ato de vandalismo à direção aqui no campus de Guarulhos a PM seria acionada ". Logo depois, a funcionária Lilian, passa a ligação para o diretor acadêmico Marcos Cersar Freitas que afirma que tem crianças no protesto, que não jogavam pedras e que estavam “entrando e saindo”. "Eles [os alunos] estão aqui na sede, estão entrando e saindo, tem criança junto”.

Um vídeo realizado pelos estudantes no momento mostra a ação bárbara dos policiais.

O reitor Albertoni afirmou em Coletiva de imprensa sobre o caso "Não quero ver ninguém preso [diante da ameaça de eles serem levados para presídios femininos e masculinos], mas os estudantes têm de responder pelos atos que cometeram".

Se eximindo de qualquer responsabilidade pela ação da PM, Albertoni afirmou: "Não posso fazer nada. Não tenho como retirar a queixa porque não fui eu quem a fez”.

O reitor declarou ainda que os estudantes presos infringiram os termos de um mandado de segurança assinado por eles no dia 6, quando ocorreu a reintegração de posse do campus.

"Eles assinaram se comprometendo a não fazer nova ocupação”, afirmou. É uma invenção do reitor, visto que os estudantes detidos na semana passada na desocupação da diretoria da Unifesp, assinaram apenas um termo se comprometendo a comparecer na Justiça caso seja solicitado.

Ocorre que os estudantes não ocuparam nada, estavam apenas fazendo um protesto.

Albertoni declarou ainda que os professores foram acuados pelos estudantes e chamaram a polícia. Uma mentira deslavada visto que os funcionários saíram pela porta contrária a que os estudantes protestavam.

Defendendo a truculência da PM, o reitor afirmou: "A PM agiu seguindo um critério". Qual será esse “critério”? A pergunta fica no ar.

Os estudantes passaram 24 horas presos, sendo que, durante quatro horas, ficaram na carceragem da Polícia federal. Durante todo o tempo foram ameaçados e não podiam falar com ninguém. Os policiais federais retiraram os celulares dos estudantes assim que entraram, por volta de 22h do dia 14, deixando-os incomunicáveis. Eles não podiam fazer nenhuma ligação, nem falar com seus advogados.

Durante a madrugada os advogados entraram e puderam conversar com os estudantes separadamente.

Os estudantes não podiam falar uns com os outros e a Polícia Militar se postou ao fundo do salão ameaçando diante de qualquer movimentação de cabeça.

Por volta de 11h do dia 15 é que os estudantes começaram a prestar depoimentos e puderam fazer suas ligações.

As imagens feitas pelos estudantes foram importantes para denunciar como age a polícia militar e a ditadura imposta na Unifesp contra o movimento estudantil.

Fonte:  site PCO



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