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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O que é um homem?




Estudos sobre a genética do cérebro começam a revelar o que torna os humanos, humanos

O problema com tentar entender a singularidade dos seres humanos é justamente o fato de que ela é singular. Embora se esteja estudando humanos, o estudo não vai render muito se não há nenhum ponto de referência que se compare com um humano.

Pelo menos essa é a filosofia de Svante Pääbo do Instituto de Antropologia Evolutiva Max Planck, em Leipzig. Pääbo, cujo trabalho com o DNA de fósseis serviu de inspiração para “Jurassic Park”, passou desde então a se interessar pela evolução humana. Para esse fim, ele e seus colegas seqüenciaram o DNA tanto do homem Neandertal quanto de uma espécie asiática de ser humano pré-histórico, o hominídeo de Denisova, identificado pela equipe do próprio Pääbo.

Agora ele voltou sua atenção para o Homo sapiens moderno. Em colaboração com uma equipe da Academia Chinesa de Ciências, Pääbo e seu colega Philipp Khaitovich compararam atividade genética ao longo de uma vida nos cérebros de humanos, chimpanzés e macacos rhesus. Eles então combinaram o que encontraram com o que se sabe sobre os Neandertais, e acreditam ter descoberto pelo menos parte da diferença genética entre o Homo sapiens e os outros que gera a singularidade humana.


Pääbo e seus colegas focaram sua análise, recém-publicada na Genome Research, em duas partes específicas do cérebro. Uma foi o córtex dorsolateral pré-frontal, que é onde se localiza o pensamento abstrato e o comportamento social – duas coisas nas quais os seres humanos se saem particularmente bem. A outra foi o córtex cerebelar lateral, que é mais ligado a habilidades manuais. Eles extraíram células, post mortem, de pessoas, chimpanzés e macacos de diferentes eras, e examinaram quais genes tinham estado ativos nessas células enquanto seus donos estavam vivos.

O vórtex do córtex

Em primeiro lugar, eles encontraram alguns genes cujos padrões de expressão ao longo de uma vida eram particularmente humanos (ou seja, eram os mesmos em chimpanzés e macacos, mas diferentes em pessoas) e outros que eram próprios dos chimpanzés (ou seja, os mesmos em pessoas e macacos, mas diferentes em chimpanzés). Em segundo lugar, eles descobriram mais padrões de expressão unicamente humanos do que padrões exclusivos aos chimpanzés. Em terceiro lugar, padrões de expressão exclusivos dos seres humanos eram mais comuns no córtex pré-frontal do que no cerebelo. Em quarto lugar, embora esses genes que se expressavam de forma especial estivessem mais ativos nos jovens de todas as espécies, seu período de atividade era significativamente mais longo em humanos do que nas outras espécies. Em quinto lugar, as atividades desempenhadas por muitos desses genes especiais pareciam ser correlacionadas. E em sexto lugar, esses genes correlacionados pareciam estar envolvidos na função crucial de ligar células nervosas através de junções chamadas de sinapses.

Em resumo, os seres humanos têm conjuntos de genes que provavelmente fazem com que seus cérebros sejam mais “plásticos” e, portanto, receptivos a mudança por bem mais tempo (até mais ou menos os cinco anos de idade) do que os chimpanzés e macacos (cujos cérebros são plásticos por menos de um ano após o nascimento).

Fonte:     site  Opinião e Notícia - The Economist - What’s a man?





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