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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

TERRA, VIDA E LIBERDADE.





TERRA, VIDA E LIBERDADE


Saibam europeus, árabes e canadenses

E outros povos do além-mar

Que o arroz que te servem à mesa

Está nutrido com a desgraça dos guarani-kaiowá


Gados, porcos e cavalos da Índia, China, Coreia e Marrocos

A soja que colocam em teus límpidos cochos

Está mesclada de séculos de banimento e sangue

Do povo guarani-kaiowá e de outras nações irmãs


Ah!,urbanoide deste planeta idiotizado

Saberás tu quantos gurizinhos indiozinhos

Cometeram suicídio a cada acelerada de teu automóvel?

Tu sabes a diferença entre cana-de-açúcar e Terra sem Males?


Primeiro, vieram os espanhóis, os portugueses, os paulistas

Depois, a serra, o desmate, o café, o colonhão

Juntos vieram o gado, o trator, o migrante, a cidade

E as aldeias guarani secam no leito das estradas



De que valem as divisas recolhidas pelos navios-celeiros

E esse mar de grãos que navegam nas bolsas de valores

Se germinam as ervas daninhas a reproduzir sua amargura

Na Terra intoxicada, sem Vida e sem Liberdade



Tuas lágrimas, guarani, denunciam desespero, fraqueza e força

De uma nação sem fuzis, resistente e sem derrota

Arcos ao ombro e uma flecha no coração cravada

Pela agrosselvageria, agrobarbárie, agrobestialidade


Mirem para essas mulheres que não são de Atenas

Seus maridos, filhos violentados pela lesa-humanidade

Tudo isso e nada vão arrancar os guarani-kaiowá

Da volta à sua Terra, à sua Vida, à sua Liberdade


Suas crianças sonham com banho no rio, canoa, lambari

Sapo-cururu, jaguatirica, capivara, quati, arara, sabiá

Araticuns, angicos, jatobás, guavira, capitão-do-mato

A mandioca que brota na terra, o sol que aquece as manhãs



Ora — dirão —, são bugres, preguiçosos e improdutivos

E a cada insulto, os guarani-kaiowá renascem e vão à luta

Dançam, cantam e lamentam o genocídio exterminador

E reconquistarão sua Terra, sua Vida, sua Liberdade



   Aldo  Aldesco Escobar

À Sombra de um Delírio Verde

Na região Sul do Mato Grosso do Sul, fronteira com Paraguai, o povo indígena com a maior população no Brasil trava, quase silenciosamente, uma luta desigual pela reconquista de seu território.
 Expulsos pelo contínuo processo de colonização, mais de 40 mil Guarani Kaiowá vivem hoje em menos de 1% de seu território original. Sobre suas terras encontram-se milhares de hectares de cana-de-açúcar plantados por multinacionais que, juntamente com governantes, apresentam o etanol para o mundo como o combustível “limpo” e ecologicamente correto.
 Sem terra e sem floresta, os Guarani Kaiowá convivem há anos com uma epidemia de desnutrição que atinge suas crianças. Sem alternativas de subsistência, adultos e adolescentes são explorados nos canaviais em exaustivas jornadas de trabalho. Na linha de produção do combustível limpo são constantes as autuações feitas pelo Ministério Público do Trabalho que encontram nas usinas trabalho infantil e trabalho escravo.
 Em meio ao delírio da febre do ouro verde (como é chamada a cana-de-açúcar), as lideranças indígenas que enfrentam o poder que se impõe muitas vezes encontram como destino a morte encomendada por fazendeiros.

 À Sombra de um Delírio Verde


 Tempo: 29 min
 Países: Argentina, Bélgica e Brasil
 Narração: Fabiana Cozza
 Direção: An Baccaert, Cristiano Navarro, Nicola Mu

À Sombra de um Delírio Verde from Mídia Livre on Vimeo.

fotos da matéria:  blog profcmazucheli.blogspot.

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