Há poucos dias o major da aeronáutica, Rui Moreira Lima, defendeu em entrevista a uma revista semanal que os torturadores do regime militar que perdurou por longos 21 anos, deveriam ser punidos. Ele faz algumas considerações a Comissão da verdade e anuncia algumas preocupações a respeito do caráter não punitivo da comissão que apenas objetiva, segundo ele encontrar os corpos (...) “Não, a ideia é dizer onde estão os corpos. É um crime não mostrar onde o cara foi enterrado. A verdade tem que ser dita”.. Ela, a verdade, prossegue ele, “é feito a rolha, você pode botar ela no fundo do tanque, mas ela salta”.
O renomado juiz espanhol Baltasar Garzón , que ficou mais conhecido por ordenar a prisão do ditador chileno Augusto Pinochet, ocorrido em 1998, em Londres, Inglaterra, por crimes de lesa-humanidade cometidos por agentes públicos durante a ditadura diz\ que são de “impossível prescrição”, e nesses casos, a anistia não é passível de aplicação. O juiz disse ainda estar de acordo com a doutrina da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que prevê que as leis de anistia não podem impedir a investigação de crimes contra a humanidade.
“O Tribunal Europeu de Direitos Humanos diz que esses crimes não são prescritivos. Portanto, nesse sentido, prossegue o estudioso, afirmou estar entre os que consideram que uma lei de anistia local não pode, em hipótese nenhuma, tentar ou impedir a investigação de crimes contra a humanidade”
A questões acerca desses atos criminosos cometidos por esses nazifascistas é algo extremamente preocupante e exige reações menos oblíquas. Governos de países latino americanos que passaram por regimes fascistas estão punindo e encarcerando esses seres desprezíveis que mataram vários inocentes.
O famoso algoz Dan Mitrione ,estadunidense famoso pelos seus métodos , que ensinou técnicas de tortura a militares brasileiros, observe, seria homenageado em Minas Gerais com uma Rua com o seu nome. Lamentavelmente exemplos desse tipo de vexame encontramos em vários lugares do Brasil.
Esses sevandijas fizeram escolas pelo Brasil e ainda, vergonhosamente, contam com seus asseclas camuflados ou não,e que têm respaldo, e isto é certo, junto a conhecidos setores da sociedade e da Imprensa brasileira.
Esses sevandijas fizeram escolas pelo Brasil e ainda, vergonhosamente, contam com seus asseclas camuflados ou não,e que têm respaldo, e isto é certo, junto a conhecidos setores da sociedade e da Imprensa brasileira.
“Qual a lei que pode ajudar um torturador? No mundo inteiro, por meio de diversas convenções, da OEA, ninguém atura a covardia do torturador. É um bandido, um desgraçado, um covarde.” Major Rui Lima
A matéria que segue abaixo é da Revista Forum. Vamos a ela!
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“Mas ela não era comunista?”
O pai angustiado à procura da filha desaparecida ouviu essa pergunta várias vezes, ao falar com pessoas que julgava poder ajudar a encontrá-la, como se ser comunista justificasse tudo o que fizessem com ela, e era um tempo em que os comunistas e a esquerda mais radical não tinham a menor possibilidade de tomar o poder ou causar qualquer “mal” ao país.
Era o ano de 1974. As organizações guerrilheiras já tinham sido destroçadas no Brasil. Quem militou em organizações políticas guerrilheiras ou não, se não tivesse sido morto nem preso nem exilado, estava derrotado, sem ação, se limitando à procura da sobrevivência, alguns procurando atuar politicamente pelas vias legais.
Mas a ditadura continuava prendendo, torturando, matando, “desaparecendo” pessoas ligadas a essas organizações ou meramente suspeitas. Sadismo? Demonstração de poder? Maluquice?
O certo é que o aparato policial e militar continuava agindo como se os inimigos da ditadura estivessem em plena ação para derrubar o regime, embora o então presidente, general Ernesto Geisel, já falasse numa “abertura lenta e gradual”, para entregar o poder aos civis.
K. era sobrevivente de uma família que já tinha sido vítima do nazismo, na Polônia, que matara quase todos os seus parentes. Veio para o Brasil deixando seus mortos na Europa.
Aqui, vivia em paz, se dedicando à literatura iídiche (língua hoje quase extinta, falada pelos judeus da Europa Oriental). Tinha três filhos: dois homens, que moravam fora do Brasil, e uma moça, de quem se orgulhava muito, professora de Química da USP.
De repente, ela não aparece nem dá notícia.
E o velho K., calejado pela perseguição nazista mas um tanto ingênuo, sai à procura dela.
É um martírio que não acaba, dura anos, um jogo de desinformação manejado pela repressão que prendeu e certamente matou na tortura não só a filha, mas também o marido dela.
Na sua angústia, lembrando da perseguição nazista e comparando com ele o que acontecia aqui (“lá pelo menos eles informavam a família que prenderam e mataram as pessoas”), K. continua em sua busca incessante, e inútil.
É um drama muito bem contado num romance – na verdade uma história que não tem nada de ficção – de B. Kucinski, publicado pela Editora Expressão Popular, certamente inspirado no desaparecimento de sua irmã, Ana Rosa, e do marido dela, Wilson, embora os nomes deles nunca tenham sido citados no livro. K.é seu pai.
“De todos os livros que já li sobre esse período de horror, este é o que mais me emocionou”, diz a historiadora Maria Victoria Benevides, na orelha do livro. “Um libelo contra a desumanidade e a vilania do regime de opressão”, afirma J. Guinsburg, na quarta capa.
Alípio Freire considera o livro “Magistral, magistral…” e Avraham Milgram (do Museu do Holocausto, de Jerusalém) considera que “os relatos de B. Kucinski refletem maldade, indiferença, cumplicidade, oportunismo e prostração moral manifestadas num ambiente aparentemente simpático e dócil de uma sociedade sob ditadura militar”.
Concordo com todos, lembrando com certo asco passagens em que até rabinos e judeus ricos lavam as mãos (“mas ela não era comunista?”) e os mandões do Departamento de Química da USP aproveitam para demitir a professora querida dos colegas por “abandono de emprego”, para dar sua vaga a alguém das relações deles, sabendo que ela tinha sido presa e certamente morta.
E volto ao começo: eram pessoas que não ofereciam risco nenhum aos ditadores.
Foi um tempo de muito sofrimento para muitas famílias, como a de K.. E tudo isso tem que vir a público, ser esclarecido, para que não aconteça mais.
Os que se opõem à apuração do que aconteceu naquele período têm motivos para isso: serão revelados como monstros, cruéis, torturadores sádicos e assassinos. É o que são.
fonte; revista Forum por Mouzar Benedito.
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Com informes também: Kathryn Sikkink pesquisadora de Ciências Políticas da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos.
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